Quando foi lançado em dezembro de 2021, Aeterna Noctis teve uma recepção um tanto quanto dividida. Enquanto alguns exaltaram suas qualidades e o colocaram como um ótimo metroidvania, outros reclamaram de suas mecânicas extremamente difíceis de plataforma e de seu mapa enorme, que poderia resultar em uma experiência demasiadamente punitiva e até exaustiva.
Além disso, relatos de problemas de performance eram constantes, com quedas frequentes na taxa de quadros por segundo, crashes e até um bug que corrompia o save, fazendo com que jogadores perdessem horas de progresso.
Mesmo com tudo isso, o jogo ainda despertava minha curiosidade. E com o lançamento da expansão gratuita Pit of the Damned, tive a oportunidade de receber dos desenvolvedores um código de acesso ao jogo completo para testá-la.
A expansão é integrada ao jogo base e pode ser acessada já nas primeiras horas da campanha. Mas para avançar por determinada área é necessário um upgrade que só é encontrado na porção final do game. E como os próprios desenvolvedores disseram que a maior parte da expansão é voltada para o endgame, fiz questão de jogar toda campanha antes de iniciar o DLC.
Minha intenção não é fazer uma análise completa de Aeterna Noctis, pois isso já foi feito anteriormente aqui no site. Mesmo assim, ainda acho importante compartilhar um pouco de minha experiência com o jogo, para descrever melhor o estado que ele se encontra atualmente.
Ao iniciar a campanha, a impressão que tive de Aeterna Noctis foi das melhores. Fiz questão de jogá-lo na dificuldade Noctis, que corresponde à experiência completa do jogo. Meu intuito era testar Aeterna Noctis exatamente como foi idealizado. Por volta das primeiras 15 horas, tudo fluiu muito bem. O combate é divertido, a história intrigante e mesmo as temidas sessões de plataforma tinham um bom nível de desafio.
Mas, foi após chegar no Reino dos Sonhos que as coisas começaram a tomar um rumo um pouco diferente. A partir desse ponto, os mapas passaram a ser mais confusos e com sessões de plataforma que exigiam um nível de precisão quase perfeito. Felizmente, mesmo com a curva de desafio subindo bastante, o jogo é gentil no posicionamento dos pontos de controle, diminuindo um pouco a sensação de frustração.
A impressão que eu tive ao finalizar a campanha ainda foi positiva. Porém, realmente o jogo exagera em sua duração. No quesito dificuldade, o modo Noctis sem dúvida é um dos maiores desafios que enfrentei, mas em nenhum momento pareceu injusto, sendo um ótimo teste de habilidade e persistência para os que se dispuserem a encará-lo. Já para os que preferem uma experiência de metroidvania mais convencional, a adição do modo Aeterna alivia a dificuldade do sistema de plataformas e das boss fights. Mas, fica o alerta de que ele bloqueia a conquista de alguns dos troféus do jogo.
Partindo então para o novo conteúdo, a expansão Pit of the Damned chega trazendo duas novas áreas, nova trilha sonora, mais desafios, recompensas, missões e lutas contra chefes. Também foram realizadas melhorias no desempenho e correções. De acordo com o desenvolvedores, o famigerado bug do save corrompido foi solucionado. Mas, por experiência própria, posso dizer que ainda encontrei dois crashes, que resultaram em pequenas perdas do meu progresso. Nada absurdo como os relatos anteriores, mas que ainda vale a pena ser reportado.
Para iniciar o DLC, basta pegar a missão com o Cartógrafo e se dirigir à localização indicada por ele. A primeira área é praticamente uma extensão de um mapa do jogo base. Nessa área, chamada de Panteão Ancestral, você vai encontrar alguns inimigos novos e também alguns itens. O destaque fica por conta das novas joias, que podem ser adquiridas de maneira surpreendentemente fácil. E como essas joias oferecem boas habilidades, explorar essa área logo no início do jogo se torna um bom atrativo para novos jogadores. O item de maior destaque aqui fica por conta da joia Vertigem, que aprimora a habilidade de pulo com mais uma carga. Ao final dessa área temos a primeira boss fight do DLC, que é um reencontro com um conhecido inimigo do início do jogo base.
A segunda área da expansão, chamada de Cavidade Orgânica, é onde estão as maiores novidades, sendo um mapa visualmente novo. Aqui você encontrará, inclusive, sessões de plataforma onde a joia Vertigem será necessária para vencer alguns de seus obstáculos. O desafio de plataforma é um dos grandes atrativos de Aeterna Noctis, portanto, a inclusão de um pulo triplo abre ainda mais o leque de possibilidades. Também é no segundo mapa que fica a principal boss fight, que na verdade se trata de mais uma reskin do chefe que enfrentamos anteriormente. Nessa luta ele apresenta novos padrões de ataques, que o tornam bem mais difícil que sua versão original. Apesar disso, mesmo com a história tentando justificar a nova luta, esse acabou sendo um dos pontos baixos desse novo conteúdo. Se levarmos em conta a ótima variedade que o jogo possui em sua galeria de chefes, confesso que esperava mais da expansão nesse quesito.
Em se tratando da história, são introduzidos alguns novos elementos, com a revelação de um novo inimigo. Porém, fiquei com uma sensação de dúvida ao finalizar a expansão, já que em nenhum momento enfrentei esse inimigo. Talvez seja algo guardado para aparecer em Aeterna Lucis, sequência direta de Aeterna Noctis, anunciada para ser lançada em algum momento de 2024.
A melhor novidade da expansão está na inclusão dos desafios contra o tempo. Ao todo são 13 simulações espalhadas pelos mapas do jogo, que primeiro devem ser encontradas, mas que depois poderão ser acessadas de um portal na Vila Faminta. Essas simulações incluem alguns dos desafios de plataforma mais intensos, onde você poderá disputar com outros jogadores em um ranking online. Cada desafio possui suas regras predeterminadas, como, por exemplo, uso reduzido de flechas de cristal, taxa maior de recarga das flechas, limitação no uso de habilidades, dentre outros. Quem for adepto a esse tipo de desafio pode se preparar, pois atingir o tempo necessário para a medalha de platina não será uma tarefa fácil.
De forma geral, Pit of the Damned traz mais algumas horas de conteúdo para um título que parece caminhar para se consolidar como uma boa franquia. Então, se você perdeu seu interesse por Aeterna Noctis, seja por conta de sua dificuldade muito alta ou pelos problemas técnicos que apresentava, ou se concluiu o jogo e ainda anseia por novos desafios, vale a pena conferi-lo. No estado que se encontra atualmente, Aeterna Noctis é uma opção muito interessante para os fãs de metroidvanias.
DLC analisado no PS5 com código fornecido pela Aeternum Game Studios
Veredito
Pit of the Damned adiciona uma boa quantidade de conteúdo e corrige alguns dos principais problemas de Aeterna Noctis, fazendo com que se torne uma ótima opção para novos e antigos jogadores.
Pit of the Damned adds a good amount of content and fixes some of the main issues found in Aeterna Noctis, making it a great choice for new and returning players.
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