Aegis of Earth: Protonovus Assault

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Alguns jogos não funcionam bem. Não importa o quão boa sejam as ideias que ensejaram seu desenvolvimento ou a criatividade por trás da mecânica central do jogo, quando algo não funciona, o produto todo acaba sofrendo e levando consigo todo o potencial que o jogo possuía. Dada a importância que interação e envolvimento têm em jogos, falhar em executar bem as idéias por trás do jogo são o suficiente para invalidar todo o esforço e, infelizmente, esse é o caminho que segue Aegis of Earth: Protonovus Assault.
 


 

Desenvolvido pela Acquire, conhecida pelas séries Tenchu, Way of the Samurai e Akiba’s Trip, e publicado pela Aksys Games, talvez seja um dos jogos mais frustrantes de que me lembro. Não de maneira positiva como Dark Souls ou Bloodborne, mas bem preguiçosamente, com uma série de defeitos que vão se acomulando e tornam o jogo muito ruim.
 

A primeira coisa que salta aos olhos é o quão fraca é a apresentação do jogo. Os menus são estranhos e feios, confusos e nada instintivos. É difícil afastar a sensação de que o jogo se esforça para parecer feio. Não graficamente, mas pela maneira como a interface inteira parece retirada de um jogo de PS2 e, mesmo sendo cross-plataform (lançado para PS3, PS4 e PS Vita), em momento algum ele parece ter sido desenvolvido na última década.
 


 

Superado esse problema, vem o próximo: a história. O roteiro de Aegis of Earth parece ter sido retirado da caixa de spam de algum estudio de anime por ser genérico demais. Em um mundo em que ocorreu um “apocalipse silencioso”, que, aliás, se trata da invasão de um exército de Protonovus (o nome dado pelo jogo aos seus kaijus/monstros gigantes), a população passa a viver em cidades modulares protegidas por muralhas e canhões gigantes.
 

O jogador é colocado no controle de uma pequena cidade na Austrália, que todos vêem como o pior posto de controle do exército, com uma equipe de supostamente incompetentes e preguiçosos soldados e que ninguém valoriza e deve, com esse grupo, formar uma equipe capaz de manter a população segura e atrair mais moradores pra cidade, tornando-a um porto seguro para a humanidade.
 


 

A premissa é essa e os roteiristas estavam completamente apaixonados por ela, porque são horas de diálogos intermináveis e raramente dublados, com personagens rasos, irritantes ao extremo, com piadas que tem uma chance muito maior de te fazer revirar os olhos do que rir delas. Nenhum personagem se destaca em momento algum e a tentativa que a apresentação do jogo faz em tentar criar um mistério para o aparecimento dos próximos chega a ser hilário (ainda mais por algumas das telas “homenagearem” Persona 4).
 

O design dos personagens também não ajuda. São genéricos e, se não fosse pela cor dos cabelos e dos olhos, seria muito fácil confundir boa parte do elenco. Todos parecem ter sido feitos com base em um guia de “como desenhar personagens de mangá” e ficaram por aí. Graficamente o jogo faz um trabalho ainda pior, com o design da cidade sendo ruim, os monstros nada criativos e mal renderizados e a presença de névoa nas fases para permitir que o jogo rode bem é algo que se esperaria de jogos lançados há umas duas gerações. Pelo menos isso leva o framerate a ser estável no PS4.
 


 

Por pior que possa parecer, a idéia base do jogo até acrescenta algo ao cansado gênero de Tower Defense. A mecânica gira em torno dos módulos da cidade (quatro anéis que podem ser movidos pelo jogador durante as invasões), sendo possível construir estruturas com lança-mísseis, metralhadoras, escudos, além de casas para aumentar a população e usinas para gerar energia elétrica e sustentar o crescimento da cidade, sendo possível ainda combinar até três estruturas iguais em uma linha e, assim, ter armas mais poderosas e que geram mais pontos.
 

Esse talvez seja o melhor conceito do jogo, já que pela maneira como ele ocorre no começo te leve realmente a calcular e imaginar que desafios estratégicos virão dali. Mas, depois de bem pouco tempo, todo esse viés estratégico vai pelo ralo e tudo se torna tão fácil que não há muito mais o que pensar além de instalar as armas mais poderosas de maneira a elas se combinarem e pronto.
 


 

É pena que, durante as invasões dos monstros, tudo acabe gerando missões bem entediantes. O jogo se esforça muito para que o jogador não perca, avisando com muita antecedência em que direção os monstros estão vindo e, dado o fato de que os monstros se movem muito lentamente, isso mais do que permite que o jogador se posicione com tempo de folga, principalmente com o avançar do jogo. Esse tempo todo acaba sendo bom, já que até a sua mecânica principal, controlar os anéis e rotacioná-los, pode ser complicada, uma vez que o jogo reconhece muito mal os movimentos do analógico.
 

É uma pena que Aegis of Earth: Protonovus Assault acabe sendo um jogo tão ruim. Algumas boas idéias existiam aqui e sofrem com uma execução sofrível e um dos roteiros mais mal elaborados e concebidos de que se tem notícia. Não há nada que salve aqui, o que é algo difícil de se dizer.
 

 

Veredito

Aegis of Earth: Protonovus Assault não é um jogo que dá para recomendar. Existem poucas boas idéias aqui, mas que ficam completamente afogadas no mar de terrível execução e péssimo desenvolvimento, que ainda conta com um roteiro que apenas aumenta o fator negativo do jogo.


 

 

Jogo analisado com código fornecido pela Aksys Games.

Veredito

40

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