Com A Quiet Place: The Road Ahead chega mais um capítulo da franquia que conquistou o coração do público desde seu primeiro filme em 2018, Um Lugar Silencioso. Desenvolvido pela Stormind Games, a distribuidora Saber Interactive nos trouxe em 17 de outubro um jogo de terror, aventura e, acima de tudo, furtividade.
Para quem não está familiarizado com o sucesso mundial, ele conta a história da Terra após ter sido invadida por alienígenas agressivos ultrassesíveis ao som. Sendo assim, qualquer barulho os atrai, fazendo os destruir o causador do ruído e qualquer coisa em seu caminho. Desde a chegada dessas criaturas, em junho de 2020, os humanos são obrigados a viver em total silêncio na maior parte do tempo, assim como bolar estratégias para quando a calmaria e a quietude forem interrompidas.
Além de A Quiet Place: The Road Ahead, existem três filmes. Os únicos diretamente conectados são Um Lugar Silencioso e Um Lugar Silencioso – Parte II, respectivamente de 2018 e 2021, sendo o segundo continuação direta do primeiro. Um terceiro longa-metragem foi lançado em 2024, Um Lugar Silencioso: Dia Um, que narra o dia da chegada desses seres assustadores.
O jogo não tem nenhuma outra conexão direta com qualquer das outras obras da franquia, exceto por easter eggs e algumas similaridades. Na cronologia, ele se passa depois de “Dia Um” e antes dos outros dois filmes, visto que seus acontecimentos principais são dos dias 119 e 120 após a invasão, enquanto o filme original e a “Parte II” ocorrem principalmente mais de um ano depois do apocalipse.
A Quiet Place: The Road Ahead conta a história de Alex, uma jovem no meio de uma confusão familiar, que é explicada no decorrer do game, e ainda por cima descobre estar grávida. Impossível não lembrar do primeiro filme, no qual Evelyn, personagem de Emily Blunt, também está esperando mais um bebê. As situações pelas quais Alex vai passar, no entanto, serão diferentes, já que a gravidez foi apenas recém-descoberta e o jogo não se estende muito no tempo.
De qualquer forma, muitas vezes será necessário manter o silêncio, especialmente quando a protagonista asmática tiver suas crises. Essa é uma das partes do desafio que ela enfrentará, assim como encontrar medicamentos e bombinhas para se manter viva. Em alguns momentos sua agilidade será testada quando um teste de perícia aparecer na tela, e sendo bem sucedido, Alex conseguirá não tossir.
Além de medicamentos, em A Quiet Place: The Road Ahead há outras coisas que você encontrará pelo caminho, como baterias para sua lanterna, sinalizadores e, é claro, objetos arremessáveis para distrair os chamados “Anjos da Morte”. Eles serão uma ajuda crucial em diversos momentos, inclusive me salvavam frequentemente quando eu pensava que não tinha mais jeito e que iria morrer. Aliás, falando em morrer, não se preocupe muito com isso. O jogo, como a grande maioria hoje em dia, tem salvamento automático e é sempre possível voltar do último checkpoint, que você vai descobrir não ser tão distante assim no passado.
Uma coisa sobre esse jogo é que ele é muito “lento”, literalmente. E de fato precisa ser. Você tem que fazer as coisas muito devagar, pra evitar barulho o máximo possível. Então, ao andar, use o L3 com cuidado, e é claro, esteja sempre atento ao chão e às coisas ao seu redor. Pisar em folhas secas em em poças d’água pode ser sua sentença de morte. Da mesma forma, ao abrir portas e gavetas, não faça de uma vez só, pois pode ser a última vez que você vai estar fazendo qualquer uma dessas coisas.
Logo no início de A Quiet Place: The Road Ahead, Alex contrói um aparelho que vai ajudar, e muito, nessas situações: o fonógrafo. Ele se trata de uma maquininha que possui dois lados. Do esquerdo detecta os sons do ambiente e o quão alto estão, e no direito mostra o mesmo dos sons produzidos por você. A ideia é manter os olhos focados nesse aparelho, que você pode pegar a qualquer momento apertando L1, e fazer de tudo para que as barras da direita não ultrapassem as da esquerda.
O ideal, obviamente, é não fazer nenhum barulho, mas caso aconteça (e vai acontecer), um aviso sonoro dramático vai te avisar que você está entrando numa situação de risco, e talvez dê tempo de fazer algo para evitar que os Anjos da Morte percebam sua presença.
Existe um modo de jogo que ativa o microfone, tornando a experiência do jogador muito mais próxima da realidade. Você pode definir o nível de sensibilidade do microfone do DualSense, e ativar e desativar esse modo quando quiser. Uma vez com ele ligado, os sons aos seu redor, inclusive sua voz, serão detectados e poderão te colocar em sérios apuros. Eu confesso que preferi jogar no modo normal e não utilizar essa opção para não ter stress.
É evidente que, com a proposta de A Quiet Place: The Road Ahead, você será obrigado a fazer a linha stealth, já que, ao contrário da maioria dos jogos desse estilo, não tem como sair correndo e depois se esconder. Uma vez detectado, não adianta rezar, é só aceitar a morte e o retorno do último checkpoint. Sendo assim, alguns podem achar que falta ação, e achar o título um pouco parado ou monótono. Posso garantir que ele não é, mas vai depender também do gosto pessoal de cada um. Não espere, por exemplo, algum momento de combate, porque eles não virão.
Se você gosta de jogos focados em exploração, estao será uma boa pedida. Alguns objetos estarão escondidos ou em lugares de difícil acesso, especialmente os colecionáveis. Há cartas, fotos, fitas cassete, entre outros, espalhados por todos os lugares, que contam histórias de pessoas que, assim como Alex, precisaram enfrentar a ameaça dos alienígenas invasores. Nesses documentos você também encontrará pistas para a senha de algumas malas contendo itens importantes. Nesse aspecto, não tem como não lembrar da franquia The Last of Us, que faz isso o tempo todo, trazendo vida ao game ao adicionar histórias de personagens coadjuvantes que muitas vezes nem serão vistos.
Na minha opinião, o melhor easter egg de A Quiet Place: The Road Ahead são os brinquedos. Eu digo no plural porque poderão ser encontrados diversas vezes, mas trata-se do mesmo objeto repetido: um aviãozinho a pilha. Para quem viu o filme, aqui estamos falando do causador da morte do filho mais novo da família Abbott, cena marcante do início do primeiro filme. Cada um desses aviões vão te conceder pontos que podem ser trocados por antes conceituais ou personagens no menu de extras no jogo.
Um ponto negativo que achei foi na parte visual. Nas cenas com outros personagens é possível percebê-los com movimentos “travados”, não naturais, coisa que eu não esperava em um jogo que carrega o nome dessa franquia. Esses momentos não são tantos, já que Alex fica sozinha durante a maior parte de sua jornada, mas até os Anjos da Morte, principalmente quando não estão em alguma cutscene, têm movimentos que podem ser considerados esquisitos (inclusive presenciei um bug quando uma dessas criaturas ficou travada porque tinha um bloqueio no meio do caminho, na fase do acidente de trem).
De forma geral, A Quiet Place: The Road Ahead é um bom jogo, trazendo tarefas desafiadores e uma história interessante, assim como bem triste e dramática também, mas com um pouco de esperança. Para os fãs de survivor horror, e principalmente para os fãs da franquia Um Lugar Silencioso, é um título obrigatório.
Jogo analisado no PS5 padrão com código fornecido pela Saber Interactive.
Veredito
A Quiet Place: The Road Ahead oferece uma experiência interessante dentro da franquia, combinando elementos de furtividade com uma narrativa envolvente. A ambientação e a necessidade de silêncio criam uma tensão constante, fazendo com que os jogadores se sintam imersos no universo aterrorizante dos filmes. A mecânica de jogo que exige cautela e paciência é bem desenvolvida, embora possa parecer lenta para alguns. Além da falta de ação, problemas visuais, como movimentos travados dos personagens, podem prejudicar a experiência geral. Apesar disso, a história e os easter eggs, especialmente aqueles que fazem referência aos filmes, compensam as falhas, tornando o jogo uma boa pedida para os fãs da série.
A Quiet Place: The Road Ahead offers an interesting experience within the franchise, combining stealth elements with an engaging narrative. The setting and the need for silence create a constant tension, making players feel immersed in the terrifying universe of the films. The gameplay mechanics that require caution and patience are well developed, although they may seem slow to some. In addition to the lack of action, visual issues, such as frozen character movements, can harm the overall experience. Despite this, the story and Easter eggs, especially those that reference the films, make up for the flaws, making the game a good choice for fans of the series.
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