A Plague Tale: Requiem – Review

Em 2019, a Asobo Studio, desenvolvedora francesa que na época era basicamente conhecida por trabalhar com diversos jogos via licença (como Ratatouille e Toy Story 3), nos trouxe A Plague Tale: Innocence. Foi uma excelente surpresa, com uma aventura memorável dos irmãos Amicia e Hugo. Três anos depois, recebemos a sequência A Plague Tale: Requiem que basicamente melhora todos os aspectos do original.

Primeiramente, é preciso esclarecer que A Plague Tale: Requiem é uma sequência direta de A Plague Tale: Innocence. Apesar da Asobo Studio esclarecer que a aventura pode ser aproveitada sem jogar o original, será uma experiência muito mais rica se você tiver a oportunidade de aproveitar os dois em sequência.

No primeiro jogo, o pequeno irmão de Amicia, Hugo, está infectado por algo chamado de Mácula. Basicamente, sem entrar em spoilers, é uma doença que possui relação com a Peste de ratos que está ocorrendo simultaneamente. Em Innocence, a Inquisição deseja colocar as mãos em Hugo, mas Amicia consegue frustrar esses planos.

A Plague Tale: Requiem

Em Requiem, Amicia, Hugo, sua mãe Béatrice e Lucas (um aprendiz de alquimista que os dois irmãos conhecem no primeiro jogo) estão em uma jornada para buscar ajuda da Ordem – basicamente alquimistas que estudaram a Mácula e talvez tenham a cura para Hugo. No entanto, ao mesmo tempo, Hugo possui sonhos constantes de uma ilha que pode curá-lo. Amicia não acredita que a Ordem possa salvar seu irmão e, por conta disso, fará de tudo para encontrar um caminho a essa ilha misteriosa.

A Plague Tale: Requiem é um jogo extremamente focado na narrativa e separado por capítulos. Detalhar mais elementos da história seria um pouco complicado sem estragar a experiência. Mas entenda: o enredo é excelente. Do início ao fim, você é levado a acreditar em algo que depois, por conta de reviravoltas inesperadas, nos levam a outro caminho. E o final é simplesmente impactante – faz você pensar nele por dias.

Vale destacar que as cutscenes são ótimas e as vozes em inglês muito boas também (há legendas em português do Brasil, mas não temos dublagens). O trabalho de captura de movimentos dos personagens é nítido, com animações fluentes e realistas. É, sem dúvida, uma história pesada – no sentido de marcante, madura e que nos faz pensar.

A Plague Tale: Requiem

É raro durante a jornada Amicia estar sozinha. Na maioria das vezes ela estará com Hugo e/ou outro NPC, como Lucas ou os novos Arnaud ou Sofia. Todos eles podem ajudar Amicia com mecânicas no gameplay (Sofia, por exemplo, pode refletir luz em grama para colocar fogo e distrair guardas), mas em questão de narrativa, eles ajudam a manter o diálogo acontecendo com frequência – como um grupo de pessoas caminhando normalmente faria. E não, a inteligência deles durante o gameplay não é ruim.

Por ser um jogo focado na narrativa e separado por capítulos, A Plague Tale: Requiem apresenta uma de suas falhas: o conteúdo em si. Entenda: a história é longa o suficiente para um jogo do gênero (cerca de 15 horas para concluir pela primeira vez). Mas depois que tiver concluído, não há muito a ser feito. Você pode rejogar no Novo Jogo+ que o antecessor não tinha ou rejogar os capítulos da mesma forma que Innocence em busca dos colecionáveis (flores e penas de Hugo, assim como momentos em locais específicos que os personagens interagem entre si). Um modo ‘Challenges’ (Desafios) seria uma adição perfeita a meu ver, pois há elementos no sistema de combate em que não usamos com frequência na campanha e que seriam ideais aqui.

Isso nos leva ao próximo tópico a ser discutido: o gameplay.

A Plague Tale: Requiem

A Plague Tale: Requiem é um título bastante linear. Na maioria do tempo você segue uma rota pré-definida e observa se há ramificações sem saída que podem oferecer colecionáveis ou itens. Exceto por um único capítulo que possui uma área gigantesca a ser explorada, o jogo segue esse ritmo.

Assim, durante a jornada, você sempre pode abordar as situações de duas formas quando se depara com os inimigos: stealth (furtivo) ou partir para o combate. Inclusive, o próprio jogo o recompensa pela forma que optar a jogar: se seu estilo for matar todos os soldados, há uma pequena árvore de habilidades que evolui seguindo por esse caminho. Se for mais pelo stealth ou oportunista, as outras duas árvores evoluem. É uma forma interessante de recompensar o jogador e, considerando o Novo Jogo+ e o troféu de platina exigir os três caminhos maximizados, sua segunda jornada deverá ser exatamente o oposto de como você abordou tudo.

Amicia ainda possui acesso à sua fiel atiradeira e, desta vez, as pedras são infinitas e você não precisa ficar se preocupando em pegá-las no chão. Use a atiradeira para derrotar humanos sem capacete. A alquimia para criar outros tipos de munição (você coleta materiais como álcool e enxofre para criar munição) também continua presente, como fogo e extinguis (apaga o fogo). Há um novo – piche – que permite misturar com fogo para causar mais reações.

Também temos a faca, que é consumível que pode ser usado para eliminar um inimigo que pegou Amicia de surpresa ou abrir locais que permitem aprimorar seu equipamento (há locais que não necessitam de faca também).

Uma nova arma de Amicia é a balestra. Com algumas flechas limitadas, inimigos com capacete mas com o resto do corpo exposto podem ser eliminados. A balestra também pode ser combinada com a alquimia.

A Plague Tale: Requiem

A inteligência artificial dos inimigos continua no mesmo nível do primeiro game. Não são muito espertos e é possível enganá-los facilmente, mas não é algo a reclamar, sendo honesto. Se fossem mais espertos, mereceria elogios obviamente, mas cumprem o básico. Vale notar, porém, que existe agora uma opção de jogar em dificuldades mais altas (fácil, normal e difícil). A princípio, porém, notei que apenas os recursos são afetados por isso.

Os potes do primeiro jogo, que eram usados para distrair inimigos, agora podem ser combinados com os elementos da alquimia para causar outros tipos de reações. Com fogo, por exemplo, pode abrir caminhos entre os ratos.

Falando nos ratos, os principais antagonistas continuam mais presentes do que nunca em A Plague Tale: Requiem. Você ainda terá que usar o fogo para abrir o caminho, seja com tochas ou iluminar madeiras com sua atiradeira. Ainda há uma mecânica de “desespero” que agora permite você se locomover para uma área segura e que sua fabricação gasta bastante recursos.

Porém, em um determinado momento da história, você poderá controlar os ratos quando estiver com Hugo. Com o D-Pad para baixo e mirando em um grupo consideravelmente pequeno de roedores, é possível controlá-los e levá-los em direção de inimigos (que não estejam se protegendo com fogo, obviamente).

Controlar os ratos é uma mecânica muito interessante, da mesma forma que a balestra também é. Inclusive, Hugo consegue saber onde os inimigos estão devido aos ratos. Mas essas mecânicas são pouco usadas na campanha. Honestamente, você acaba se apegando em usar a atiradeira e, em momentos em que precisa de mais poder, a balestra com a flecha comum. Os poderes de Hugo e outros itens como a balestra com alquimia acabam ficando de lado. É por isso que, em minha opinião, um modo com desafios ou de arena (pense nos desafios dos jogos Batman: Arkham) seria algo sensacional para explorar todas as mecânicas que existem sem ficar pensando muito em recursos a serem gastos e que talvez sejam úteis mais adiante.

A Plague Tale: Requiem

Os gráficos de A Plague Tale: Requiem são incríveis. Altamente detalhados, lindos, vivos e simplesmente maravilhosos. No entanto, nem tudo são flores. Não sou um expert em análise técnica, portanto recomendo que aguarde o que a Digital Foundry tem a dizer sobre o jogo, porém não existe opção para priorizar o desempenho ou a resolução.

A taxa de quadros por segundo aparenta ser 30, mas sinceramente parece ser maior que isso. Não passa a impressão de ser 30, mas também não é 60. Honestamente, é um jogo que fiquei confuso em dizer em quantos fps está rodando. Mas independente disso, algo é claro: existem quedas notáveis. Como isso é algo que será otimizado via atualizações (talvez até as que forem lançadas agora no período de lançamento), fica difícil dizer como será a situação quando você jogar. Porém, no momento, acontecem quedas em alguns momentos e até em situações bizarras, como quando a câmera foca no rosto do personagem Arnaud.

Mas é preciso ressaltar que nenhuma dessas quedas acontecem em momentos importantes ou que estraguem a sua imersão. São esporádicas. Como se trata de uma análise, precisamos falar que elas existem.

A Plague Tale: Requiem

A trilha sonora de A Plague Tale: Requiem é outro ponto alto do jogo. O som do violino (imagino que seja um violino) que é atrelado aos ratos fará você ficar com o som em sua mente por muito tempo. Mas não só isso, as músicas são muito bonitas e não vejo a hora da trilha completa ser disponibilizada no Spotify.

Outro ponto que precisa de destaque são os efeitos sonoros. É simplesmente surreal a qualidade investida nesse aspecto. Na parte inicial do jogo, quando estiver em uma cidade chovendo, preste atenção ao seu ambiente. Você notará a chuva caindo nos toldos ao seu lado, por exemplo, ou até mesmo notará que a chuva para de fazer barulho constante e fica distante quando entra em um local coberto. É algo incrivelmente imersivo.

Os NPCs (personagens não-jogáveis) espalhados pelos vários lugares de sua jornada também são muito bem programados, fazendo coisas naturais como danças, vendendo seu peixe ou outros afazeres.

A Plague Tale: Requiem

Finalizando, A Plague Tale: Requiem é simplesmente incrível. Um forte candidato a jogo do ano, trazendo uma história envolvente, som perfeito e gráficos excelentes. Há pequenas quedas nas taxas de quadros, mas nada que estrague a sua experiência. O gameplay é variado e cheio de opções, mas faz falta um modo que pudesse explorá-lo mais. Após terminar a campanha, você pode rejogá-la no Novo Jogo+ e inclusive em diferentes dificuldades, caso não tenha escolhido o difícil de cara.

Se não ficou claro o suficiente, destaco: a jornada de Amicia e Hugo em A Plague Tale: Requiem é algo único, marcante e merece ser conferida por qualquer jogador.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Focus Entertainment.

Veredito

A Plague Tale: Requiem é um jogo simplesmente fantástico. Os gráficos são lindos, a trilha sonora é incrível, o gameplay é muito bom e a história é envolvente e impactante. Há alguns pequenos problemas técnicos – que estão longe de estragar a experiência – e, por ser um jogo linear e focado no enredo, modos extras fazem falta após terminar a campanha.

95

A Plague Tale: Requiem

Fabricante: Asobo Studio

Plataforma: PS5

Gênero: Aventura / Ação

Distribuidora: Focus Entertainment

Lançamento: 18/10/2022

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

A Plague Tale: Requiem is a fantastic game. The graphics are beautiful, the soundtrack is amazing, the gameplay is very good and the story is immersive and impactful. There are a few minor technical problems – which are far from ruining the experience – and, because it is a linear and plot-focused game, there’s not much to do once you’ve finished the campaign.

[/lightweight-accordion]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo