Romance of the Three Kingdoms 8 Remake – Review
Apesar de ser uma franquia imensamente de nicho, muito mais famosa pela série de jogos de ação que acabaram se desentranhando dele do que pelos seus jogos em si, Romance of the Three Kingdoms é um dos poucos bastiões de jogos de estratégia ainda existentes no mercado, especialmente no que tange à parte de simulação histórica, salvo pela série Total War da Sega e Civilization da 2K.
A decisão então de preparar o remake de um dos jogos mais queridos da longa e histórica franquia às vésperas do seu aniversário de 40 anos (o jogo original foi lançado em 1985 para PC-88, com uma série de ports posteriormente) faz sentido. É nessa esteira que a Koei Tecmo lança agora para PS4 e PS5 Romance of the Three Kingdoms 8 Remake, uma versão bastante mais robusta e repensada do jogo originalmente lançado para PS2 e PC entre 2001 e 2002.
O jogo traz não só os elementos já existentes no jogo original, mas a inclusão de uma série de elementos que vieram posteriormente na série, prometendo ser o melhor e mais completo pacote que a franquia já teve até aqui. Talvez seja, entre os que eu joguei, o com maior ênfase na narrativa do lendário Romance dos Três Reinos, com uma série de cutscenes a serem desbloqueadas ao alcançar certos objetivos.
Essa ênfase em narrativa não quer dizer que o jogador seja forçado a seguir um modo história “tradicional”. Ao iniciar uma nova partida, você pode optar por seguir um dos cenários recomendados pelo jogo ou simplesmente escolher o seu oficial preferido e começar a sua jornada como preferir, sendo um oficial livre que pode se juntar a qualquer uma das facções espalhadas pela China Antiga e seguir a sua jornada como bem preferir, já que o jogo te dá uma considerável liberdade para tomar conta de toda uma facção ou só se focar em elemento específico do jogo como preferir.
Caso opte por um dos cenários históricos disponíveis, você poderá escolher começar por qualquer um dos diferentes pontos históricos do período dos Três Reinos, com diferentes oficiais disponíveis a depender do período escolhido. As opções estratégicas à sua disposição vão depender de qual cargo você escolher ocupar, podendo ir de chefe máximo como Ruler, seu braço direito como Tactician ou só focar na sua cidade como Governor ou no seu exército como Officer.
E é basicamente isso. O jogo te dá toda uma liberdade para agir e guiar o seu reino como bem preferir, com alguns objetivos existindo, mas exatamente como você irá alcançar os pré-requisitos para avançar neles ficando a seu cargo. Geralmente eles vão envolver melhorar seu relacionamento com oficiais até certo nível ou reforçar certo aspecto do seu reino até tal ponto, com o jogo te dando uma série de ferramentas para realizar cada um desses pontos.
Cabe apontar que Romance of the Three Kingdoms 8 Remake é um jogo com um uso imenso de menus. Basicamente tudo que você for executar in-game será baseado em um menu, normalmente seguido de uma pequena cena em estilo visual novel. O jogo faz um trabalho até bem eficiente em explicar o que cada menu faz e a importância de cada um deles para o flow do jogo, mas ainda assim é bastante coisa e é fácil se perder se você não estiver atento.
Isso também é visto no fato de que o jogo não guia muito sua experiência, tendo cuidado de te apontar na direção correta, mas sem limitar o que ou como você irá executar suas atividades. É realmente muita informação para se absorver inicialmente, o que já é de se esperar de um jogo de Grand Strategy, mas a curva de aprendizado é relativamente suave e logo você irá se perceber executando as tarefas com maior facilidade.
Muito do que você irá executar em cada “turno” (basicamente um mês in-game) é baseado na quantidade de Action Points que você tem. Você recebe uma dada quantidade no começo do mês, tendo liberdade para executar as atividades dentro desse limite. É fundamental então se planejar não só para gastar de forma mais eficiente possível os pontos que você tem, seja melhorando suas habilidades, investindo na sua cidade ou criando vínculos mais fortes com os oficiais, ou guardando uma certa quantidade de pontos para o próximo mês para realizar atividades que têm um custo maior.
Um ponto que acaba ficando de fora se você jogar com um oficial de nível mais baixo e talvez o ponto mais impactante da experiência de ROTK8R são os congressos realizados entre os oficiais de ranking mais altos aliados a um Ruler. Eles acontecem uma vez por estação (um espaço de 03 meses) e são neles que pontos mais cruciais são decididos, como o foco do reino naquele período, se missões de espionagem e sabotagem serão feitas, as alianças que serão forjadas e até quais outros reinos você irá atacar.
Embora não seja um ponto de foco aqui, Romance of the Three Kingdoms 8 Remake tem um sistema de batalha bem funcional. Aqui as lutas ocorrem por turnos, com oficiais movendo seus soldados para combate e executando certas estratégias. Embora seja bem simples, com a maioria dos combates sendo decididos mais pelos números do que por estratégia, ele te dá uma certa margem de manobra graças aos bônus que certos tipos de unidade terão em relação a outras.
É possível também influenciar o resultado das batalhas através de duelos. Essas batalhas são bem simples e se resumem em juntar uma sequência de cartas maior do que o seu adversário e, com isso, ir causando dano na barra de energia dele. Esse mesmo esquema se aplica aos debates e é uma forma funcional de tornar o combate um pouco mais interativo, por mais simples que seja.
Um último ponto é que, em se tratando de um remake completo de um jogo de PS2, ele recebeu uma melhoria visual considerável, sendo, nesse aspecto, bem superior até mesmo aos jogos mais recentes da franquia que saíram para PS4 (XIII e XIV). A trilha sonora também é um show à parte e a dublagem ajuda a enriquecer a experiência. Embora seja compreensível por ser um jogo de nicho, o único “problema” é a falta de legendas em PT-BR diante da quantidade enorme de menus.
No geral, Romance of the Three Kingdoms 8 Remake é uma das melhores experiências que a franquia pode proporcionar, com sistemas bastante funcionais e uma curva de aprendizado bem dosada que permite ao jogador assimilar todas as opções aos poucos. Seja buscando total controle e unificação da China ou atingindo um dos objetivos dos cenários, é um ótimo jogo para veteranos ou novatos.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Koei Tecmo.
Veredito
Romance of the Three Kingdoms 8 Remake é um bom jogo de estratégia com sistemas muito funcionais e intuitivos, acessível para novatos e rica para veteranos, além de um excelente uso de sua ambientação. O título faz jus não só ao jogo original, mas eleva ainda mais todo o legado da histórica franquia a que pertence.
Romance of the Three Kingdoms 8 Remake is a good strategy game with very functional and intuitive systems, accessible for newcomers and rich for veterans, in addition to an excellent use of its setting. The title does justice not only to the original game, but further elevates the entire legacy of the historic franchise to which it belongs.
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