Em janeiro deste ano, Prince of Persia: The Lost Crown me surpreendeu positivamente ao reavivar a série com um excelente metroidvania que soube aproveitar o que o gênero tem de melhor, sendo divertido, desafiador, bonito e muito polido. Certamente, um dos melhores jogos de 2024.
A história levou os guerreiros persas de elite conhecidos como Imortais até o sagrado Monte Qaf, no encalço da general Anahita, que traiu o império e raptou o príncipe. Nosso protagonista é Sargon, o mais novo dos Imortais, e muitas coisas misteriosas acontecem naquele monte onde o próprio tempo parece um labirinto.
Não vou entrar nos detalhes da história, mas há uma reviravolta em que Sargon precisa enfrentar seus próprios companheiros, um a um. Isto é, exceto a mascarada Radjen. A princípio, imaginei que ela estaria ao final de alguma missão secreta, mas, ao completar o jogo e obter o troféu de platina, ainda não havia sinal do paradeiro dela. Só havia uma explicação para essa lacuna: DLC. Afinal, estamos falando da Ubisoft.
O jogo recebeu vários conteúdos gratuitos ao longo dos meses, como modos de boss rush, speedrun e morte permanente, além de novos trajes e amuletos para Sargon. Mais adiante, foi anunciada uma expansão paga para a história: Mask of Darkness, um título que dava indícios de que veríamos mais da assassina mascarada pela frente (a propósito, ela me lembra muito Voldo, de Soul Calibur). A evidência se provou acertada e cá estamos de volta ao Monte Qaf, onde Sargon ainda precisará enfrentar a sinistra máscara das trevas.
Para falar do DLC, vamos passar por três temas: estrutura, dificuldade e agregação.
A estrutura de Mask of Darkness é bastante direta. Primeiro, os requisitos são a missão O Tigre e o Rato e adquirir a habilidade Sombra de Simurgh. Se já tiver cumprido esses passos, basta encontrar Neiph no Refúgio e segui-la até um local próximo à esquerda do mapa.
As novas áreas estão em uma dimensão à parte, totalmente separada da campanha. A impressão é de que não será possível retornar enquanto não terminar o novo conteúdo, mas não se preocupe, não demora muito a aparecer um portal de retorno ao Monte Qaf.
As novas áreas progridem de forma essencialmente linear, sem se conectarem entre si. Mesmo assim, ainda há um pouco de design de metroidvania, como abrir atalhos que retornam a algum local anterior e agilizam a tarefa de refazer os caminhos após morrer, fazendo com que cada trecho difícil só precise ser superado uma vez.
A dificuldade é um fator de grande relevância, pois é mais elevada do que experimentamos antes na aventura de Sargon. Isso se dá principalmente em termos de plataforma. Ao entrar na nova dimensão, Sargon perde quase todos os poderes: habilidades, pulo duplo, pontos de saúde adquiridos, amuletos e até as poções de cura. Só restam os ataques especiais (Athras), o arco e o disco, o dash e a Sombra do Simurgh, que é o poder de teleportar de volta para um clone criado anteriormente.
Uma vez que o DLC pode ser acessado relativamente cedo na história, essa escolha de restrição é pertinente porque permite criar desafios padronizados para aqueles recursos específicos, nivelando quem estava perto do começo e quem estava no final de The Lost Crown. Mesmo assim, acredito que o nível de exigência corresponde ao do final, então só recomendo ingressar nas Memórias de Radjen quando você estiver confiante para a batalha.
Logo de cara, Mask of Darkness testa as nossas habilidades ao revisitar o primeiro chefão de The Lost Crown, o General Uvishka, em uma versão bem mais difícil. Eu morri bastante para passar dele e achei um obstáculo considerável para o início, mas o fato de estar enferrujado, sem jogá-lo desde janeiro, com certeza influenciou nisso.
Há mais algumas lutas exigentes, mas elas são esporádicas. Apesar do que o começo parece indicar, o foco da expansão está em outra coisa: plataforma de precisão. E é muito bom nisso. Passar minuciosamente por segmentos complexos após aprender a coreografia dá uma delícia de satisfação, mas essa sensação é uma recompensa que vem da perseverança.
Logo, o DLC tem o propósito muito claro de focar em explorar os desafios de plataforma feitos sob medida, mas sem novas habilidades adquiridas. Quem gosta disso vai se divertir bastante nas cerca de quatro horas de duração, mas Mask of Darkness não tem muito a agregar ao jogo base para quem preferiu o combate e a exploração. O visual, embora ainda bem-feito, é insosso e mais apagado que o jogo base, sem cenários que se destaquem em meio às ruínas e rochas genéricas. Até achei difícil escolher imagens interessantes para esta análise.
Felizmente, quem está na dúvida não vai precisar pagar muito para descobrir se vale a pena para seu gosto: o preço cheio é R$ 24,90 (mesmo preço no Steam e no Switch). Também é possível comprar em conjunto com DLC de trajes por R$ 49,90 ou adquirir a Complete Edition.
A história de Radjen também não acrescenta muito e só mostra trechos do passado da personagem e as conversas que ela teve durante a campanha principal, evidenciando as motivações dos vilões. Nada que seja necessário à compreensão ou que lance novas luzes ao destino da série.
DLC analisada no PS5 com código fornecido pela Ubisoft.
Veredito
Embora supra a vontade de quem queria mais Prince of Persia, Mask of Darkness não é um capítulo essencial ao jogo base. A dificuldade apurada mostra que o público alvo da expansão é quem apreciou os segmentos de plataforma de precisão, mas a expansão não acrescenta muito além disso, nem mesmo em história e direção de arte. No fim das contas, é um conteúdo bom de jogar, mas relativamente desnecessário, recomendável apenas aos entusiastas.
Although it fulfills the desires of those who wanted more Prince of Persia, Mask of Darkness is not an essential chapter to the base game. The difficulty spike shows that the expansion’s intended audience is made of the players who enjoyed the precision platform segments, but the expansion doesn’t add much beyond that, not even in terms of story and art direction. In the end, it’s a good piece of content to play, but relatively unnecessary, recommended only to enthusiasts.
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