O universo de SteamWorld é algo amplamente usado nos mais diversos estilos de jogos. Os robozinhos movidos à vapor estão em aventuras únicas e já consagradas, mas sempre almejando novos saltos. A sequência para SteamWorld Heist planeja exatamente isso ao usar a base do primeiro jogo e incrementar a mecânica de combate por turnos com exploração mais ampla e história ainda mais envolvente.
No papel do capitão Leeway e seu submarino que navega pelo Grande Mar, o jogador precisa formar uma tripulação com coragem suficiente para enfrentar um dos maiores perigos para este universo: a falta de água potável. Com máquinas movidas a vapor na iminência de ficar sem seu principal recurso de sobrevivência, urge a necessidade de uma equipe única para evitar o pior em SteamWorld Heist II.
Se você já é familiarizado com o mundo de SteamWorld, principalmente pelo estilo artístico em geral, já tem uma ideia, ao menos em partes, do que teremos aqui. Heist II segue o mesmo estilo e estrutura de jogo de um estratégia por turnos com pitadas de RPG. No controle de um esquadrão, avance em missões de vão variar a quantidade máxima de tripulantes da sua equipe contra outros adversários em objetivos distintos. Além disso, navegue pelos Grande Mar, faça aliados, colete e/ou compre recursos e armamentos, aprimore seus tripulantes e progrida na história.
A peça central da narrativa é o capitão Leeway que herda o submarino e o imenso legado de sua mãe. Enquanto os robôs à vapor veem seu recurso mais precioso desaparecendo em meio a uma batalha contra a marinha e robôs movidos à óleo, o capitão tenta solucionar o mistério da falta de água pura e auxiliar os remanescentes dessa batalha.
Indo de porto em porto, explorando locais abandonados ou tomados pela marinha, descobrindo segredos e recompensas únicas, mas também enfrentando batalhas difíceis, a tripulação de Leeway vai sendo construída à medida que novos desafios vão sendo superados.
A narrativa vai seguir os objetivos centrais que movem essa longa batalha, indo de coletar reputação ou recursos importantes para poder avançar a novos locais e procurar novos personagens. Nesse meio termo o jogo fica dividido entre explorar o mar com o submarino em pequenas batalhas em tempo real e nas grandes missões que acontecem no estilo de turno.
Confesso que a primeira parte dessa jogabilidade não me apeteceu de imediato. Ficar navegando em mar aberto sem muita direção e totalmente vulnerável sem muitas expectativas em batalhas não foi divertido por um longo período. Não vai ser uma parte opcional e não é possível evitar isso já que parte da história direciona o jogador para esses momentos. Navegar com o seu submarino, que só submerge após um bom tempo e fica mais como um barco, é facilmente a parte menos interessante do jogo todo, sem estimular muito interesse do jogador.
Ainda que haja parte da evolução nisso, como melhorias específicas e estilos para usar no submarino, no fim não é algo que vai instigar o jogador a ver esse lado com dedicação e nada mais além do que o necessário exigido. A melhor parte do loop de jogabilidade fica para as batalhas por turno, no que seria uma espécie de XCOM em 2D, como um grande amigo me exemplificou de forma genial.
As missões vão variar de objetivo principal, como coletar tal recurso ou eliminar todos os inimigos, a quantidade total de tripulantes que é possível enviar. Mescle sua equipe com classes diferentes que vão ser baseadas no tipo de arma equipada, o que dará diferentes habilidades e recursos em cada batalha. Além disso, use equipamentos secundários e chapéus estilosos em cada robozinho.
Cada “arena” vai ser bastante similar, tendo que locomover sua tripulação em turnos com movimento limitado. Cada personagem possui 2 pontos de ação para serem usados, seja para alcançar uma distância máxima possível, alcançar uma cobertura e tentar uma distração ou ataque total contra inimigos. Além disso, as habilidades de cada arma ou classe podem ou não usar essas ações e, junto de dispositivos secundários, abrir um leque de opções para sua estratégia em cada luta.
Em resumo, as batalhas consistem em se locomover, usar o cenário a seu favor com cobertura ou dano a inimigos e usufruir do sistema de mira livre com ricochete de tiros. Ainda que se esconder momentaneamente seja efetivo por um turno ou dois, essas podem ser destruídas de diversas maneiras. Além disso, é possível usar o sistema de ricochete e habilidades explosivas para alcançar inimigos que seriam impossíveis de atacar com uma linha reta contínua.
A grande sacada de SteamWorld Heist II é um combate que pode variar rapidamente por cada tipo de ação do jogador, tanto para o certo quanto para o errado. Uma classe errada ou movimentos errados pode ditar uma derrota antes mesmo da metade de cada batalha, já que perder um personagem não é possível recuperar o mesmo durante o combate e só após a conclusão ou abandono do mesmo.
Essa estratégia deixa cada batalha mais interessante e única, ainda mais quando há uma grande variação de estilos de abordagem possível e limitações de missões que aprimoram isso. Apesar disso, há o empecilho de ter que levar seus personagens para descansar sempre que completam uma missão e isso é feito levando seu submarino para um base amiga.
A execução dessa mecânica com o tempo começa a ser cansativa e sem muita lógica, já que algumas missões é possível completar, com uma boa estratégia, sem sequer ser atingido. Uma abordagem como foi em Xcom: Enemy Unknown é mais interessante, como desfalcar sua equipe de algum tripulante apenas se o mesmo foi ferido gravemente e não pode se recuperar por um período. O vai e volta de base para missão e vice versa quebra a experiência sempre que a melhor parte do jogo é finalizada temporariamente.
Um ponto a se destacar aqui é o trabalho sonoro do estúdio para com o jogo. A trilha sonora é composta e tocada pela Steam Powered Giraffe, um projeto musical executado como se fossem autômatos em uma banda, que combina diversas técnicas para entregar elementos musicais únicos. A combinação do estilo musical, a história por trás disso e de todo o lado artístico do jogo cria um espetáculo sonoro incrível.
Ainda que tenha algumas falhas em conceitos não tão bem executados em parte da sua jogabilidade e uma história que apesar de funcional e interessante nunca se torna algo grandioso, SteamWorld Heist II entrega qualidade no seu ótimo combate por turno e carisma de sobra.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Thunderful.
Veredito
Ainda que não seja perfeito em toda sua execução de jogabilidade mas se destacando de forma soberba no combate por turnos, SteamWorld Heist II é cativante e carismático em visual, trilha sonora e criação de mundo.
While not perfect in its entire gameplay execution but excelling superbly in turn-based combat, SteamWorld Heist II is captivating and charismatic in its visuals, soundtrack, and world-building.
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