Frogun Encore é a continuação do Frogun original, lançado em 2022 pelo desenvolvedor solo espanhol Raúl Martinéz, conhecido como Molegato. A descrição define o game como uma “expansão/sequência”, o que indica a proximidade entre as duas obras em vários sentidos.
Um deles é a história, que acaba sendo um repeteco só para marcar presença: três anos atrás, a protagonista Renata derrotou o vilão Beelzebub, mas agora um exército de moscas sinistras está tramando trazê-lo de volta. Dá para ver que o enredo em si não é um ponto forte, mas há diálogos e páginas de diário que deixam a aventura lúdica mais carismática, com a ressalva de que os textos estão apenas em inglês ou espanhol.
Visualmente, Encore parece um irmão gêmeo do seu antecessor e segue a linha retrô inspirada na era do primeiro PlayStation e do Nintendo 64. Portanto, a estética intencionalmente dá forma a cenários quadradões, texturas simples e serrilhadas. Opcionalmente, há alguns filtros que reproduzem diferentes tipos de tela e complementam a experiência.
Em geral, o conjunto desses elementos funciona bem para atender à nostalgia daquela época. Por outro lado, os visuais não geram um efeito de beleza, sendo no máximo agradáveis, com suas formas poligonais, design de personagens fofo e cores vibrantes. Mesmo assim, há um modo foto para os entusiastas do visual aproveitarem.
A gameplay segue o padrão de plataforma 3D linear: pule pelos cenários coletando moedas e itens escondidos enquanto faz uso do seu repertório de movimento. Aqui, a arma-sapo que dá nome ao jogo é a mecânica central que confere uma identidade própria em meio aos demais 3D platformers. Ela atira uma língua comprida que serve como gancho para acertar/agarrar/lançar coisas e também para nos puxar até qualquer parede em que miramos, nos permitindo atravessar abismos e até tomar impulso para saltar sobre obstáculos.
Além da versatilidade da Frogun, o outro destaque é a adição do modo cooperativo local para dois jogadores, no qual a segunda pessoa pode entrar na jogatina a qualquer hora com o apertar de um botão para controlar Jake, o amigo de Renata que usa uma arma de cobra de funcionamento idêntico à do sapo.
Além de poder se divertir acompanhado, esse modo facilita bastante porque a dupla só voltará ao último checkpoint se ambos estiverem mortos ao mesmo tempo. Se ao menos um dos dois estiver vivo, o outro volta da morte na forma de bolha. Usar esse recurso de forma coordenada cria um loop de sobrevivência que ajuda Renata e Jake a chegar ao final das fases sem perder progresso.
Não que o jogar sozinho seja uma experiência difícil, uma vez que Renata possui vidas infinitas e um medidor de pontos de vida que aumenta ao longo da campanha. Na verdade, morri poucas vezes por tomar dano, mas isso teve um motivo que é o maior inconveniente de Frogun Encore: as mortes por queda monopolizaram minha desgraça. Sendo um jogo de plataforma, é muito frequente pular sobre abismos. E, sendo um jogo de plataforma 3D, seu DNA traz o paralaxe problemático que é tão comum no gênero.
Esse efeito ocorre quando nosso ponto de vista faz com que um objeto pareça estar em posição diferente da real. A câmera muda de posição conforme as fases avançam, mas não temos o controle sobre isso e a visão aérea de Frogun pode tornar a noção espacial da profundidade e altura um tanto complicada.
Assim, apesar dessa imperfeição já ser esperada em algum grau, os saltos foram imprecisos com frequência maior do que eu gostaria. Isso não o torna injogável e é possível aprender bem as fases para se mover com bastante desenvoltura, mas a inconsistência ainda pode atrapalhar parte da diversão.
Outra questão a considerar é que a campanha é curta e seus quatro mundos totalizam 21 fases e cinco chefes. Levei quatro horas para zerar em 63% e joguei quase tudo acompanhado de uma criança de cinco anos, que tem um ritmo mais lento que o meu.
Há chapéus diferentes e uma galeria de arte para comprar com as moedas coletadas, mas não há muito mais para o público casual e para os que gostam de coletar o máximo que puderem. A trilha sonora é um agravante dessa brevidade, pois cada mundo repete variações da mesma música em todas as suas fases, ficando com um repertório bem pequeno. Também os chefes são variações de um mesmo padrão, mas são divertidos.
No entanto, há bem mais fator replay para o público que gosta de speedrun. Além de ter um modo inteiramente dedicado a isso, a campanha normal também incentiva o pessoal que quer otimizar seu desempenho para finalizar cada fase o mais rápido possível. Cada fase tem um colecionável recebido ao conseguir bater o tempo alvo, o que achei desafiador o bastante, mas, ao conseguir isso, vi que surge uma nova meta, muito abaixo da outra, o que exigirá muito treino.
A perspectiva da speedrun faz ver as fases de um modo diferente. Se elas pareciam simples à primeira vista, se tornam como um playground para procurar formas de encurtar os caminhos com a Frogun. Assim, o level design e a mecânica da arma-sapo combinam muito bem e abrem novas possibilidades para quem quer se aprofundar nisso.
Para os demais, porém, o game poderá ser uma aventura breve, agradável e divertida, principalmente para jogar em dupla, mas não tem muito que lhe faça se sobressair no ecossistema de plataforma 3D.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Top Hat Studios.
Veredito
Frogun Encore tem como destaque a versátil mecânica de gancho e o modo cooperativo local para duas pessoas se divertirem juntas. No entanto, a brevidade da campanha e as mortes por quedas induzidas pelo paralaxe podem atrapalhar a experiência. Quem terá mais proveito serão os entusiastas de speedruns, dispostos a aperfeiçoar os caminhos e encontrar atalhos em fases que parecem ter sido feitas para isso.
Frogun Encore features versatile hookshot mechanics and local co-op mode for two people to have fun together. However, the brevity of the campaign and parallax-induced falls to death can hamper the experience. Those who will benefit most will be speedrun enthusiasts, willing to perfect the paths and find shortcuts in stages that seem to have been made with this audience in mind.
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