Moonglow Bay – Review

Moonglow Bay entra no ramo da simulação de vida social, com a particularidade de focar na pesca. O que chama atenção logo no começo é que as quatro opções de visual de protagonista mostram pessoas beirando a terceira idade, uma demografia bastante incomum no papel principal de videogames.

Os retratos são daqueles de idosos de ar jovial, com rugas e vastas quantidades de cabelos brancos, com gênero à nossa escolha. A escolha seguinte é a do cônjuge, que tem o papel emocional de representar a perda da amada: ela desapareceu três anos atrás. A pessoa com quem jogamos é viúva e precisa aceitar isso para seguir a vida.

O restante da cidade que dá nome ao jogo também não lidou bem com a tragédia. Muitos já acreditavam que havia uma maldição naquelas águas pela presença do que creem ser monstros marinhos. O desaparecimento de nosso cônjuge, uma pessoa experiente no mar, foi o último prego no caixão para fazer a comunidade abandonar de vez a navegação e a pesca que moviam a vida e a economia locais. Como se refletissem um ao outro, o protagonista e a cidade entraram em melancólica e decadente estagnação.

O ponto de virada é quando a filha do protagonista se muda para a cidade e o faz sair do confinamento em casa para montar um negócio de venda de pescados. A ideia é simples, mas eficaz: pesque, cozinhe e venda a produção.

No aspecto da pescaria, os peixes são divididos em três tipos de comportamento e é preciso escolher as varas, iscas e chamarizes mais apropriados para a captura. O sistema como um todo é bastante simples e direto, o que, de certa forma, é importante para que essa atividade tão central ao jogo mantenha sua rotina sem se tornar exaustiva.

A  mecânica complementar é a de cozinhar. Não é preciso se preocupar com os ingredientes secundários, mas os peixes e o método de preparo são cruciais. Você usará as várias estações da cozinha, desde a tábua de corte até as muitas formas de utilizar o fogão no preparo de comidas variadas. Na prática, isso significa apertar e soltar botões na hora certa e mover o analógico em sincronia. São minigames que, assim como certas tarefas domésticas, se tornam hábitos regulares.

O sucesso gourmet vai determinar o preço da comida preparada, dinheiro que será usado para obter melhores recursos e equipamentos nas lojas da cidade e investir no comércio local para, assim, ajudar a manter girando a roda da economia. Dessa forma, as partes da gameplay são interligadas à narrativa e ao jogo como um todo, o que dá a sensação de foco, propósito e progresso.

Por outro lado, a simplicidade do jogo no geral pode desagradar aqueles que buscam uma rede de atividades mais complexas e exigentes. Moonglow Bay, no entanto, não pode ser encarado como um simulador de vida típico de fazendinha. A dinâmica de explorar, pescar, cozinhar, vender e se relacionar com os cidadãos é o centro de tudo, sem ramificações para namoros ou meios de produção alternativos. Mas não se preocupe, eu falei de monstros marinhos no começo, não falei? Há um longo caminho de história, aprimoramento e exploração marítima até conseguir encará-los.

Um ponto bastante positivo é o modo cooperativo local para dois jogadores. A segunda pessoa controla a filha do protagonista e pode entrar e sair da partida a qualquer momento. Como não há tela dividida, pesa a limitação de ambos terem que compartilhar o mesmo campo de visão, então nada de cada um realizar tarefas em locais diferentes. A dupla tem que ficar junta e combinar suas direções e objetivos. Mesmo assim, a companhia pode tornar as coisas mais produtivas, aconchegantes e divertidas.

É nesse passar do tempo focado que vemos como um propósito de vida é crucial para restaurar uma pessoa e, com muito esforço, também soprar novo fôlego naqueles que a cercam.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Coatsink.