Mr. Run and Jump – Review

Entre todas as dezenas de gêneros tradicionais dos videogames, talvez o mais básico e essencial seja o de Plataforma 2D. Presente desde os primórdios do Atari 2600, sua combinação de simplicidade e desafio sempre proveu a base necessária para cativar milhões e milhões de fãs ao longo das décadas.

Logo, nada mais natural que, em mais uma tentativa de retomar o antigo fôlego e força que a marca Atari costumava possuir, a empresa tenha decidido apostar no lançamento de Mr. Run and Jump. Afinal, se em sua era de ouro o nome Atari era sinônimo de diversão acessível para toda família, esse é um título que se encaixa perfeitamente nessa proposta.

Mr. Run and Jump, como o próprio nome já indica, é um título muito simples, algo já bastante representado na sua primeira fase. Iniciando-se com gráficos emulando o estilo do já mencionado Atari 2600, trata-se de um jogo sobre andar para os lados, correr e pular. Mas, tal qual a própria mudança gráfica ao final da primeira fase já indica, por trás da simplicidade aparente, há algo a mais.

No papel do personagem titular, sua missão é meramente explorar mundos de cores diferentes com um único objetivo: evitar que o mundo seja consumido pelo Vazio/Void. Ao seu lado está seu cachorro Leap, sempre guiando o jogador por cada um dos diferentes mundos compostos por cinco fases distintas, identificados por cores específicas e um belíssimo visual bem oitentista com direito a muito néon e efeitos visuais bem interessantes.

A falta de história é proposital e não vai além da mera justificativa para que o jogador prossiga pelas fases. A experiência aqui gira toda em torno do seu gameplay e do genial design de fases que é apresentado a cada novo nível, cada novo mundo, com a sua motivação realmente ficando por conta de descobrir como superar cada um dos desafios que o jogo irá lhe apresentar.

Logo de cara, o jogo lhe dará todas as ferramentas necessárias para resolver os diferentes desafios de plataforma que o jogo irá te proporcionar. Além da corrida e pulo, o jogador possui algumas outras ferramentas como wall jump, pulo duplo e um dash no ar, sendo necessário pensar e repensar várias vezes como passar por cada sessão e, raramente, haverá apenas uma resposta possível sobre como superar aquele cenário.

Parte fundamental do looping de gameplay é a falha. Você irá morrer bastante ao longo do jogo e é parte do aprendizado. Como não há um limite de vidas ou grande punição por morrer fora retornar ao ponto inicial daquela sessão, o jogo te incentiva bastante a simplesmente testar o que está ao seu dispor, com o jogo não retendo nenhuma mecânica do jogador até qualquer ponto da experiência (apesar dos tutoriais em si só surgirem em certos pontos, é possível usá-las já antes).

E embora cada fase seja relativamente curta depois que você aprende o que fazer, a dificuldade é uma parte essencial da experiência e o que a torna tão recompensadora. Tratar dificuldade como uma vantagem do jogo é sempre algo complicado, mas é claramente parte do design implementado aqui. Você irá se sentir bastante recompensado ao superar certas sessões das fases, só para ver o sarrafo subir ainda mais na próxima fase e se sentir ainda melhor ao superá-las também.

Como parte do desafio, o jogo inclui dois itens coletáveis que, embora possam ser totalmente ignorados caso você só queira chegar ao final da fase, entregam por si só um outro elemento de dificuldade muito bem-vindo. Um deles são fragmentos que precisam ser coletados ao longo do caminho principal e, ao pegar todos da fase, você recebe esse colecionável. Os outros são uma variação desse mesmo colecionável de outra cor e estão guardados em sessões específicas de cada fase (existindo três deles em cada uma delas) e apresentam alguns dos desafios mais interessantes de plataforma de todo o jogo.

Embora coletar todos esses itens adicione um outro elemento de desafio ao jogo caso ainda assim não seja suficiente, há ainda um modo de time trial que te forçará a aprender o caminho perfeito para superar aquela fase. E, é claro, caso queira platinar o jogo, será necessário fazer a maior parte desses desafios.

O único elemento que dificulta um pouco o quanto se consegue tirar dessa experiência é que o layout dos comandos no controle não é dos mais acessíveis para quem não é muito experiente com o gênero. Dito isso, como o jogo irá te forçar a jogar e jogar para conseguir superar as fases, é bem fácil ver o jogador se adaptando após alguma tentativa e erro ao que o jogo te apresenta.

Por fim, é bem importante elogiar a composição visual e a trilha sonora do jogo. Mr. Run and Jump, apesar da simplicidade dos elementos apresentados em tela, é um jogo surpreendentemente agradável aos olhos, com cenários de cores vivas e chamativas que em momento algum cansam os olhos e músicas que vão te manter sempre empolgado e envolto na experiência que ele busca entregar.

Somando todos esses elementos, fica claro que, embora seja um jogo bastante curto e com um fator replay relativamente limitado salvo se você for obcecado por completar fases o mais rápido possível e rankings de tempo, ele ainda é um ótimo jogo de plataforma graças ao excepcional design de fases e dificuldade que vão te manter bastante engajados ao longo de toda a experiência.

Da sua própria forma, Mr. Run and Jump é uma excelente homenagem a tempos de gameplay mais simples, sendo um jogo muito melhor aproveitado em pequenas sessões de jogatina mas difícil de largar graças ao quão envolvente é o seu gameplay. Se você quer um jogo simples mas desafiador, esse é um título que merece ficar no seu radar.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Atari.