Resident Evil 4 Remake – Review
Refazer um clássico amado por muitos como Resident Evil 4 não é uma tarefa simples. Afinal, mesmo com a experiência obtida com Resident Evil 2 e 3, não é um caso exatamente igual. Em uma situação temos dois jogos visualmente bem datados e com outro estilo de gameplay (câmera fixa) sendo transpostos a gráficos modernos e em terceira pessoa. Mas e quando você pega um jogo que, mesmo quase 20 anos depois, ainda é bonito e com um gameplay que inovou na época? É um desafio e tanto que a Capcom aceitou fazer – e devo dizer que tiveram sucesso. O remake de Resident Evil 4 é fenomenal.
Resident Evil 4 de 2005 foi, facilmente, um dos títulos mais adorados no GameCube. Com uma exclusividade temporária, é possível jogá-lo atualmente em inúmeras plataformas, portanto é difícil encontrar alguém que não tenha experimentado a jornada de Leon atrás da filha do presidente na Espanha. Dito isso, jogar a “mesma coisa” apenas com gráficos aprimorados não seria exatamente uma experiência interessante. Dito isso, RE4 Remake pega a base de RE4, mantém muita coisa, altera várias outras e adiciona uma camada do gameplay de RE2/3 Remake. Essa seria a melhor forma de descrever esta nova versão.
O remake de Resident Evil 4 mantém os pontos principais da história do original. Leon ainda vai para um pequeno vilarejo na Espanha atrás de Ashley. Você ainda vai se deparar com os mesmos personagens, sem nenhum corte nessa parte. Mas há mudanças na história. Obviamente não entraremos em detalhes, mas são toques que os fãs fanáticos definitivamente analisarão quais serão as consequências. Além disso, RE4 continua tendo muitos arquivos a serem obtidos que explicam vários pontos da trama. Em outras palavras, as mudanças na história não devem incomodar nem mesmo os mais puristas, mas não espere o mesmo jogo – muita coisa mudou.
Algo que realmente mudou com o remake foi o gameplay. O RE4 original pode ter inovado em muitos aspectos, mas em um ponto sempre foi criticado desde aquela época: andar e atirar ao mesmo tempo não era possível. O remake, obviamente, possibilita isso. Se você jogou os remakes de RE2 ou RE3, verá que é um gameplay muito parecido. Mas há quatro mecânicas adicionais que fazem a diferença: stealth, parry, desvio e o clássico chute ou suplex com o inimigo “sentindo dor”.
Tanto o stealth quanto o parry são ações que envolvem a faca. Leon leva consigo uma faca de combate que possui uma barra de desgaste, porém que pode ser consertada. Da mesma forma, facas adicionais podem ser obtidas para usar no combate (mas ao contrário dessa de combate, não são aprimoráveis e após seu uso, são descartadas automaticamente). O stealth (furtividade) é simples: ao pressionar bola, Leon se agacha agora, fazendo menos barulho e podendo chegar sorrateiramente nos inimigos e eliminá-los com a faca (R2). Já o parry é com o L1 e pode ser ativado sempre que um inimigo vai atacá-lo fisicamente, independente de qual seja a forma.
Ambas as técnicas são muito bacanas e elevam o gameplay, mas sinceramente é difícil lembrar que o parry existe após anos de Resident Evil, portanto não estranhe se você esquecer disso – é completamente normal. Mas a verdadeira graça do RE4 original (e também em RE5) era atirar no inimigo com uma ou duas balas e atacá-lo fisicamente. O remake traz isso e continua tão divertido quanto, com os mesmos efeitos.
E não menos importante há o desvio. Essa é uma mecânica que devo dizer que poderia ser um pouco aprimorada. Em determinados momentos, Leon pode desviar de um ataque inimigo ou alguma armadilha do cenário. No original, isso acontecia pressionando L2+R2 muitas vezes ou outro botão, por exemplo (era um QTE). Aqui, é o bola (que é o mesmo que serve para agachar) e a reação para apertar é quase que instantânea. O que quero dizer é que realmente tomei todo tipo de golpe e armadilha que podia ser desviado porque o tempo de resposta (ou seja, o momento em que aparece na tela e o tempo para você apertar o botão) é minúsculo. Além disso, a notificação de que o desvio é possível naquele momento é também pequena demais.
Outra “mecânica” é a própria Ashley. No original, a filha do presidente tinha uma barra de vida e podia ser bem irritante em vários pontos. No remake, muitas alterações foram feitas. Primeiramente, Ashley não possui mais uma barra de vida e você pode comandar facilmente para ela esperar ou avançar no R3. Se Ashley tomar dano, só é preciso chegar perto dela e pressionar R3 para que ela fique de pé novamente (você não gasta nenhum recurso). Sinceramente, ter Ashley do seu lado não atrapalha em nada.
Como mencionado, R3 pode ser um botão estranho para alguns jogadores. Nas configurações há várias outras opções de controle, sendo possível até mesmo jogar com um gameplay similar ao original de 2005. Outras opções que podem ser alteradas envolvem coisas como os gráficos, recursos na tela e até algumas funções de acessibilidade (como a cor da visão térmica).
RE4 pode ser jogado com uma configuração gráfica que prioriza a taxa de quadros por segundo ou a resolução. Pessoalmente, escolhi a taxa de quadros no PS5 e tive uma experiência agradável. Análises mais completas nesse sentido devem ser divulgadas nos próximos dias, mas entenda que, ao menos no PS5, a taxa é constante e sem quedas.
Como citado no início desta análise, o remake de Resident Evil 4 oferece muitas mudanças. Citamos algumas delas no gameplay e na história, mas acredite: apesar de existir uma sensação de “opa, eu lembro disso!” e “já sei o que vai acontecer em seguida”, muitas coisas mudaram de lugar ou são completamente inéditas. Todas elas fazem sentido e, pessoalmente, são muito bem-vindas, pois deixaram o jogo com um ar novo e ao mesmo tempo similar. Afinal, qual seria a graça de rejogar tudo igual mais uma vez?
Algo que continua o mesmo é o mercador e a pasta de itens. Sim, você ainda vai atrás das “Pesetas” e joias preciosas para vender a ele e adquirir armas, spray e outros recursos. E, após conseguir os itens, organizá-los em seu inventário da mesma forma que o original. Mas até nessa parte há algumas alterações. Assim como os remakes anteriores, temos pólvora e algo chamado de “recursos”. Misturando ambos, é possível criar munição e granadas, por exemplo. Mas você ainda encontrará as munições prontas espalhadas pelo cenário, dentro de caixotes e após eliminar os inimigos.
Outra novidade está na máquina de escrever, onde você salva o seu jogo. Há uma opção similar ao baú dos jogos anteriores: é possível guardar suas armas e spray aqui (o restante dos itens não).
Algo que Resident Evil 4 sempre recompensou foi a exploração: encontrar aquele tesouro escondido que vale muitas pesetas sempre foi satisfatório. No remake isso ainda continua existindo e há até um mapa para os tesouros. Mas há outro elemento de exploração inédito que envolve o mercador: os chamados “Blihetes Azuis de Pedidos”. São basicamente mini-missões paralelas que consistem em coisas como destruir todos os medalhões azuis de uma área ou entregar um ovo de galinha dourado. Sempre que são concluídas, você recebe uma recompensa do mercador.
A jornada do remake de Resident Evil 4 é relativamente longa e similar ao original. Se você jogar com calma, explorando e buscando recursos, a campanha deve levar algo em torno de 15 a 20 horas para ser concluída na primeira vez. Obviamente que esse tempo varia conforme o estilo de jogo e principalmente seu conhecimento tanto do original quanto do remake.
Os fãs notarão a ausência de um chefe em específico e de outras cenas clássicas, mas há muitas novidades para compensar isso. No fim, é um balanço positivo.
Outro ponto positivo do remake de Resident Evil 4 é a dublagem em português do Brasil. Da mesma forma que RE Village, o trabalho ficou muito bom. Admito que, no início, achei que a voz de Leon não combinava (talvez pelo tom na narração de abertura), mas conforme o jogo avança, você acaba se apegando. Todos os personagens possuem dublagens excelentes, com destaque para Saddler que tem a voz de Leonardo Camillo (o famoso Ikki de Fênix).
Em relação a bugs, justamente a dublagem me fez achar que o jogo tinha um de certa forma crítico. Todas as conversas de Leon com Hunnigan pelo rádio só estavam com a voz dele. Depois entendi o que ocorria: a configuração padrão envia a voz para o speaker do DualSense, mesmo se você deixar o controle mutado. Por isso, caso você se enquadre na mesma situação que a minha, desative isso nas opções.
Quanto a outros bugs, só presenciei um único travamento e não sei dizer o motivo, mas após rejogar a mesma parte passei sem problemas. Ainda por cima, estava fazendo algo que era opcional (explorando o mapa).
No fim, o remake de Resident Evil 4 é sensacional. Consegue pegar o melhor do original e aprimorá-lo ainda mais, adicionando mais recursos e modernizando outros.
O único ponto realmente triste – ao menos no momento – é que, após terminar a campanha, a única coisa que pode ser feita é rejogá-la (existe um New Game+, inclusive). O Mercenaries e o suporte ao PS VR2 já foram confirmados, mas ainda não estão disponíveis. Além disso, não há nada com a Ada no momento (seja um Assignment Ada ou Separate Ways). Como os rumores apontam, devemos receber DLC disso, portanto esses pontos negativos apontados serão eliminados num futuro próximo.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Capcom.
Veredito
O remake de Resident Evil 4 consegue fazer jus ao clássico original, oferecendo uma campanha que passa uma sensação constante de novidade. Há muitas alterações, mas o saldo final é bastante positivo. É um título obrigatório para qualquer fã, seja de Resident Evil ou apenas do jogo original.
Resident Evil 4 Remake manages to live up to the original classic, offering a campaign that has a constant feeling of newness. There are many changes, but the final balance is quite positive. It is a must-have title for any RE or RE4 fan.
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