Tales of Symphonia, lançado originalmente para GameCube em 2004 no Ocidente, foi o primeiro jogo da saga a trazer um estilo gráfico mais aprimorado e um gameplay mais robusto.
Poucos meses após o lançamento de Tales of Symphonia para GC (que até então era exclusivo do console), a Namco lançou uma versão aprimorada para o PlayStation 2, mas que ficou só no Japão por muitos anos. Essa edição trazia melhorias gráficas, vozes em japonês e inglês, novas sidequests, habilidades, Mystic Artes e muitos outros conteúdos adicionais.
A versão aprimorada de PS2 chegou ao Ocidente em 2014 para PlayStation 3 numa coletânea chamada Tales of Symphonia: Chronicles e, além do jogo original, trazia também o – péssimo – Tales of Symphonia: Dawn of the New World, continuação direta lançada originalmente para o Wii que contava a história de Emil e Marta.
Hoje, em pleno 2023, a Bandai Namco achou que seria uma boa ideia lançar mais uma versão remasterizada de Tales of Symphonia, mas desta vez para o PS4. No entanto, é preciso entender que nem tudo que já foi bom um dia, continuará sendo no presente se não houver melhoras significativas.
Tales of Symphonia: Remastered narra a história de Lloyd, um jovem que vive numa vila e é extremamente preguiçoso para realizar suas tarefas, mas em compensação, é muito leal e está sempre disposto a ajudar seus amigos. Seu objetivo é proteger Colette, a escolhida para regenerar o mundo, e para conseguir realizar tal feito, será preciso libertar todos os selos para a transformação completa de Colette em um anjo.
Quando joguei Tales of Symphonia pela primeira vez, em meados de 2005, não entendia inglês e usava revista com detonado para conseguir lidar com as adversidades. Hoje eu tenho domínio da língua, e infelizmente compreendo que a história de Tales of Symphonia é chata e entediante.
Não sei se podemos ver de uma forma negativa, mas o jogo se perde no protagonismo e não dá a devida atenção a Colette. Embora ela seja a escolhida, quem se destaca é Lloyd, um de seus melhores amigos. Pode ser uma forma de surpreender o jogador, mas confesso que esperava mais dela, que acaba sendo extremamente chata e sem noção alguma da realidade.
Outro ponto que deve ser levado em consideração aqui é que o jogo não possui qualquer legenda em português, coisa que pode frustrar aqueles que não dominam a língua inglesa. Honestamente não há desculpa para tal, já que Tales of Vesperia: Definitive Edition e Tales of Arise chegaram ao Brasil completamente localizados.
Tales of Symphonia: Remastered traz o clássico estilo de combate da série Tales of. Você entra em um tipo de arena e pode movimentar-se livremente lá dentro, fazendo combinações de habilidades e diversas outras artimanhas. Porém, após o lançamento de tantos jogos e a otimização do sistema de combate, Symphonia não consegue agradar nem mesmo o fã mais árduo da franquia.
Existe uma limitação no sistema de batalha, e ele se deve a dois fatores: gameplay datado e a impossibilidade de “circular” os inimigos. Este segundo ponto é de extrema importância num jogo 3D e faz toda diferença. Tales of Symphonia: Remastered tem profundidade nas arenas e os inimigos ficam mutuados uns nos outros, atrapalhando na hora de abater aquele adversário chato que fica atrás de todos os outros. Quando você se dá conta, está cercado por monstros e tomando dano de todos os lados.
Os títulos antigos da franquia Tales of funcionavam da mesma forma como em Symphonia, porém os embates eram em 2D e não atrapalhavam os jogadores na hora de encarar vários inimigos ao mesmo tempo, já que eles faziam um tipo de “fila”.
O gameplay datado mencionado no parágrafo acima não se aplica somente às batalhas, mas também na exploração como um todo. A verdade é que Tales of Symphonia não envelheceu bem, e a jogabilidade que antes era vista como “visionária” para a série, hoje já não faz tanto sentido. Até mesmo o uso do Sorcere’s Ring tem um delay ruim entre o apertar do botão e a ação em si.
Todo esse drama com o gameplay fez com que eu achasse Tales of Symphonia: Remastered difícil, mesmo jogando no modo normal. Acho que após tantos anos e uma grande quantidade de jogos bons da franquia, eu já não consiga mais lidar com um título que não tenha ações básicas e responsivas. Esquivar-se e defender-se são duas das coisas mais importantes aqui, mas que funcionam de uma maneira medíocre.
Embora o gameplay de Tales of Symphonia: Remastered seja um verdadeiro inimigo da diversão, devo dizer que é bom ter uma quantidade maior de habilidades se compararmos com a versão original de GC. Além disso, existem diversas Mystic Artes novas para a alegria daqueles que as idolatram. Em contrapartida, elas exigem condições “não tão acessíveis” para serem usadas e passam despercebidas se você não souber como fazer.
Dentre os pontos negativos de Tales of Symphonia: Remastered, está também a navegação pelo mapa. A câmera não ajuda em nada e tudo que você consegue ver é o chão ou o céu, não há meio termo, já que ela é automática e faz o que quer. E por falar em mapa, é importante ressaltar que parece que apenas os personagens foram remasterizados. As texturas dos mapas abertos não estão boas, e com certeza poderiam ter sido melhoradas nessa remasterização.
É triste ver que um jogo desse porte tenha sido trazido desta forma. Volto a mencionar aqui Tales of Vesperia: Definitive Edition, um jogo que recebeu o devido cuidado na hora de ser transportado para o PS4, enquanto Tales of Symphonia: Remastered parece ter sido jogado ali apenas para dizer que existe.
No final das contas, Tales of Symphonia: Remastered é um jogo mediano e que tenta apelar para a memória afetiva dos fãs. Se para compensar o valor do produto viesse no pacote Tales of Symphonia: Dawn of the New World, o relançamento até poderia ser justificado, mas isso não aconteceu. Na verdade, não existe nenhuma bonificação ao adquirir o jogo, como títulos, roupas e outros mimos, como acontece em Tales of Vesperia: Definitive Edition, por exemplo.
Tales of Symphonia: Remastered, infelizmente, tornou-se um jogo datado e precisa de ajustes técnicos e coisas que façam valer a compra, não apenas um remaster. Até mesmo quem já jogou a versão original pode sentir um pouco de dificuldade em se adaptar novamente ao gameplay.
A Bandai Namco possui uma lista enorme de títulos bons com uma jogabilidade melhorada e histórias mais profundas, como Tales of the Abyss, Tales of Xillia, Tales of Xillia 2 e Tales of Graces F, por exemplo. Talvez partir daí seja um bom recomeço para quem quer reviver boas experiências com os jogos da franquia.
Eu sou muito fã da série Tales of, como já mencionei anteriormente, mas a verdade é que eu não senti prazer em jogar Tales of Symphonia: Remastered. O título não faz jus à qualidade apresentada nos jogos lançados anteriormente e acaba se tornando dispensável na coleção dos amantes de RPG.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.
Veredito
Tales of Symphonia Remastered tenta trazer toda a experiência vivida pelos jogadores no passado. Porém, a obra datada não consegue entregar o que promete e acaba servindo apenas como um jogo mediano, sem o verdadeiro brilho que a franquia tem.
Tales of Symphonia Remastered tries to bring all the experience lived by the players in the past. However, the dated work fails to deliver what it promises and ends up serving only as an average game, without the true brilliance that the franchise has.
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