Grim Guardians: Demon Purge – Review

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A desenvolvedora Inti Creates é uma das mais antigas e tradicionais no Japão, criando e desenvolvendo jogos para outras empresas, até cerca de uma década atrás, quando passou a se dedicar a franquias próprias, na esperança de se manter com mais estrutura sem depender tanto da contratação por empresas maiores no mercado.

Com bastante experiência em jogos de aventura 2D, ela foi responsável pela criação de jogos como Azure Striker Gunvolt, Dragon Marked For Death e Gunvolt Chronicles: Luminous Avenger iX. Agora, Inti Creates decide desenvolver seu próprio “metroidvania”, com o lançamento de Grim Guardians: Demon Purge.

Lançado para várias plataformas, Grim Guardians: Demon Purge conta a história das irmãs Kamizono, Shinobu e Maya, duas jovens colegiais e caçadoras de demônio que, durante a ida para a escola num dia letivo, são transportadas para um castelo repleto de demônios.

Logo, as irmãs encontram a culpada por trás do ocorrido: sua rival, a demônio Kurona. Kurona, se aproveitando de um novo poder desconhecido das irmãs, consegue fundir a escola com um reino demoníaco, prendendo todos nessa nova realidade, forçando as irmãs a desempenharem seus papeis de caçadoras de demônio e irem atrás de Kurona de uma vez por todas.

É nessa “realidade”, um castelo ao mais clássico estilo “metroidvania”, que a história desenrola. Um ponto que será bastante repetido nessa análise é a fina linha entre homenagem e cópia ou plágio, especialmente em um gênero que nasceu da fusão de clássicos como Castlevania e Metroid.

A exploração é dividida em cenários específicos, o que significa que você até pode visitar todas as áreas a qualquer momento, mas elas são “separadas” por pontos de acesso, ou seja, não é um grande mapa que você pode ir de um ponto a outro a pé, desbravando tudo pelo caminho. São áreas menores que você vai encontrando, chegando ao seu chefe, derrotando-o e prosseguindo para a próxima área.

Um ponto que faz muita falta é a presença de um mini-mapa na tela, ou mesmo um mapa que mostrasse as áreas exploradas durante a jogatina. Uma espécie de mapa é mostrada quando o jogador seleciona a área, mas não é possível checar aonde você está exatamente ou os caminhos que já acessou, o que é bem incomum em jogos que contam com a curiosidade do jogador e disponibilizam um mapa que vá sendo preenchido com a exploração.

O jogo disponibiliza uma espécie de “bússola” que você pode mostrar na tela que aponta a direção do chefe e eventuais colecionáveis que possam aparecer no seu caminho, mas é uma ferramenta muito datada e desnecessária, porque principalmente no começo, irá te apontar tesouros totalmente inacessíveis, que você só vai entender que não são alcançáveis depois de avançar e retornar em cada parte da área, já que não temos um mapa a disposição.

Quanto ao combate, o jogo traz a mecânica de controlar duas personagens ao mesmo tempo ao invés de uma só, o que eu acho que é o maior diferencial deste jogo que se apoia em muitas dinâmicas e tropos estabelecidos por vários outros jogos deste gênero.

Você pode controlar Maya, a irmã mais nova que tem no seu arsenal seus habilidosos origami, sendo ela a personagem com golpes de curto alcance, e também Shinobu, a irmã mais velha que usa uma arma de fogo para combater seus inimigos, atacando a longa distância. O jogador alterna entre uma ou outra com o apertar de um botão, a qualquer momento. Quando uma morre, o jogador passa a controlar a outra, podendo voltar ao local da morte e reviver a irmã apertando um botão por algum tempo.

Acho que Maya é a personagem com o combate mais tradicional e familiar para jogadores acostumados a jogos do gênero, enquanto Shinobu e sua arma podem parecer algo mais diferente e novo. Shinobu tem 100 tiros por vez, carregando ao apertar o botão para baixo duas vezes, então tem munição infinita, ainda que precise carregar quando seus 100 tiros acabam.

O jogo em si foi desenvolvido para que você use as duas irmãs para momentos diferentes, mas percebi bastante que é possível usar Shinobu e “trapacear” em muitos momentos, por um motivo muito específico: alguns inimigos só te notam quando você chega perto deles e alguns deles tem golpes unidirecionais, fazendo com que fiquem indefesos em certos ângulos.

Muitas vezes eu me peguei usando Shinobu que, apesar de ter seu tiro dando bem menos dano do que os origamis de Maya, podia atacar um inimigo que está na beira da tela, ainda longe, só atirando nele até que ele morresse para que eu pudesse avançar. Nesses momentos, dá para perceber que o jogo não foi formulado inteiramente para as duas personagens, o que é uma pena.

Existem outras habilidades além do golpe normal que o jogador vai habilitando após cada chefe, que foi outro ponto que me fez questionar sobre a originalidade de Grim Guardians: Demon Purge, pelo menos em alguns pontos específicos. Tanto essa habilidades, como o design e padrões de comportamento de alguns inimigos, são idênticos a outros jogos bastante conhecidos, como Castlevania: Symphony of the Night. Quando digo “idênticos”, não é exagero. Entendo que alguns pontos ficam bastante entrelaçados à história do desenvolvimento desses jogos e do gênero, mas não houve sequer uma tentativa de adaptar para ficar algo um pouco diferente ou inovador.

Outro ponto que me incomodou, que talvez seja uma picuinha, mas que tenho certeza que fãs do gênero irão se deparar, é o design dos mapas. Esses jogos costumam ocorrer em lugares fechados, com espaços abertos nas laterais quando há a possibilidade de prosseguir para a próxima área.

Em Grim Guardians: Demon Purge não, em vários momentos eu me deparei tentando seguir um espaço aberto na lateral de um mapa, até perceber que o espaço ali, sem uma parede, não significava o acesso a próxima área, e sim um espaço vazio sem um sinal gráfico de que ali seria uma “parede”. Parece besteira, mas parece uma falha de design muito básica que passou batido sem qualquer atenção dos desenvolvedores.

A arte do jogo tem o mesmo estilo da arte de outros jogos da Inti Creates, o sprite 2D das personagens, inimigos e chefes variam de okay para pouco inspirado, e os cenários não têm uma grande variação, inclusive trazendo outros tropos conhecidos do gênero, como torres do relógio (clock tower) e bibliotecas.

O jogo também se apoia bastante no fanservice, o que para 2023, é algo que eu imaginava que já tinha sido superado. Jogos com fanservice hoje em dia ou apostam tudo nele, ou largam mão. Grim Guardians: Demon Purge inclui um pouco de fanservice, o que nem vende seu jogo para o público interessado por ser “pouco”, e desestimula jogadores que não tem o menor interesse nesse aspecto.

A trilha sonora é prestável, já que temos horas e horas de exploração sem muita história acontecendo, com dublagem em inglês e japonês. Entretanto, as personagens não param de falar um só segundo. Todo pulo, todo ataque, toda morte, toda interação com cenário, é acompanhado por um grito, uma frase de motivação, uma constatação, que depois de algumas horas jogando, cansa demais os ouvidos com tamanha frequência, já que não adicionam em nada na experiência.

O jogo em si não é muito longo, principalmente se estiver jogando em dois jogadores, cada um controlando uma das irmãs, facilitando e muito a exploração para alcançar itens inacessíveis e derrotando os inimigos. Não chega a ser uma forma de penalizar o jogador solo, mas quando o multiplayer é apenas local, em 2023, fica difícil de curtir o jogo da forma que ele foi desenvolvido: para dois jogadores.

Esse tipo de jogo costuma ser um “comfort food” para quem gosta de passar horas explorando cada pedaço e descobrindo novos itens, caminhos e inimigos, mas Grim Guardians: Demon Purge mostra que apesar da Inti Creates ter toda capacidade técnica para desenvolver um bom “metroidvania”, faltou muito uma direção mais firme, um maior refino, mais originalidade e principalmente, incluir coisas básicas que já fazem parte do gênero.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela PQube.

Veredito

Apesar de tecnicamente competente, Grim Guardians: Demon Purge peca ao jogar muito seguro em certos pontos, se apoiando demais em suas inspirações e também ao não se atentar a coisas tão simples e básicas esperadas do gênero. No fim, entrega uma experiência mediana e inexpressiva.

70

Grim Guardians: Demon Purge

Fabricante: Inti Creates

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Aventura

Distribuidora: PQube

Lançamento: 23/02/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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Despite being technically competent, Grim Guardians: Demon Purge fails by playing too safe in certain aspects, leaning too much on its inspirations, and also by not paying attention to simple and basic things expected from the genre. In the end, it delivers an average and unimpressive experience.

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Despite being technically competent, Grim Guardians: Demon Purge fails by playing too safe in certain aspects, leaning too much on its inspirations, and also by not paying attention to simple and basic things expected from the genre. In the end, it delivers an average and unimpressive experience.

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