Dentre as chamadas “quatro grandes ligas” dos esportes norte-americanos, o Hóquei sempre teve uma penetração muito mais limitada no Brasil (e até mesmo nos próprios EUA) do que seus outros consortes. Enquanto basquete sempre teve sua popularidade, baseball foi construindo uma comunidade dedicada e apaixonada e o futebol americano foi de fandom de nicho para ter o Brasil como um dos seus maiores mercados internacionais, algo parece ainda manter os brasileiros longe dos rinques.
Talvez seja a diferença gritante do clima, afinal praticamente ninguém no país está acostumado ou consegue se ver patinando no gelo em alta velocidade. Mas o fato é que, mesmo com todas as limitações em sua popularidade, o esporte ainda assim tem seu próprio espaço no imaginário cultural do mundo, especialmente em vista ao sucesso ao redor do mundo de uma certa animação.
Logo, colocar as mãos em NHL 23 vem com seu próprio número de curiosidades e processo de adaptação, mas um que logo demonstra que, tal qual em outros jogos de esporte da EA vistos por aí, ele consegue se consolidar como um ótimo simulador e um que traz opções de gameplay mais do que suficientes para agradar à todo tipo de fã.
Sua reação sobre a qualidade do jogo talvez diga muito sobre a sua experiência e familiaridade com ele. Enquanto outras franquias da EA Sports têm trazidos novidades revolucionárias para o bem ou para o mal, NHL 23 mantém o histórico recente de introduzir pequenas novidades, construindo sobre a já bastante sólida base que o jogo possui vinda de anos anteriores.
Isso não é, nem de longe, algo negativo. Visto o quão natural a movimentação no rinque já era e o quão responsivo o gameplay já vinha se demonstrando, um dos principais focos esse ano foi o aumento das animações. Embora seja algo que é sempre uma constante em jogos da EA, aqui ela é vista na forma dos chamados “movimentos de última chance”.
Esse novo grupo de aproximadamente 500 animações tem como objetivo recriar com maior fidelidade a interação entre os jogadores e o puck mais próximos ao gol e a forma como as batalhas para empurrá-lo para dentro (ou salvá-lo) muitas vezes geram algumas das colisões mais violentas e esforços mais sobre-humanos possíveis em uma partida.
Isso também é ilustrado pela adição da possibilidade de simplesmente se jogar no gelo em uma tentativa desesperada de entrar na frente do puck para evitar um gol. É o tipo de movimento de alto risco e alta recompensa que acaba tornando as partidas de hóquei tão intensas e que demorou até bastante para ser adicionado aos jogos da série.
De resto, apesar de algumas dificuldades de adaptação com o sistema de híbrido de controles, especialmente para novos jogadores, o jogo segue com toda a precisão e liberdade de controle do puck e movimentação dos seus jogadores, algo que vem sendo uma marca da série e que adiciona demais à experiência. Mesmo com o vasto elenco de jogos de esporte da EA, nenhum deles passa tanto a sensação de simulação no campo de jogo quanto NHL 23 e isso, por si só, já seria o suficiente
Mas, como você já deve imaginar, não é só isso e um dos pontos mais satisfatórios de NHL 23 é a experiência singleplayer oferecida por ele. Embora o jogo também siga a linha de se afastar dos já cansados modos história que vinham sendo a moda nos jogos de esporte, a variedade de opções para que o jogador solitário se divirta, tanto online quanto offline, é bem rica e suficiente para te manter entretido.
Tanto os modos Be A Pro quanto o World of Chel retornam, oferecendo a possibilidade de criar seu próprio jogador, independente de gênero, e trilhar sua carreira tanto entre os profissionais quanto em partidas 3×3 em rinques improvisados por aí. World of Chel em especial traz uma variedade impressionante de opções, com o Pro-AM, Eliminator Solo ou de Trios e as competições online do EASHL.
A maior parte do meu tempo e diversão foram dedicados ao World of Chel, muito pela liberdade de pode customizar seu jogador como preferir, criar loadouts específicos de diferentes posições no gelo que podem ser equipados a qualquer momento, te permitindo contribuir para a equipe como preferir sem pressão. Em uma comparação um tanto quanto bruta, me parece uma versão melhorada do decepcionante The Yard ou uma versão simplificada do Volta.
Um outro elemento que cabe dizer aqui é o quão bem integrado o jogo como um todo é. NHL 23 conta pela primeira vez com uma atleta de capa mulher na história da série, trazendo a ala do Toronto e da seleção canadense Sarah Nurse juntamente com o central do Anaheim Ducks Trevor Zegras.
Isso faz bastante jus ao slogan do jogo, “a união faz a força”, já que, pela primeira vez, é possível jogar com atletas masculinos e femininos na mesma equipe, sem distinção. Naturalmente, essa possibilidade está presente apenas no HUT e no World of Chel, mas é algo que faz uma diferença bem positiva e enriquece ainda mais não só a representação, mas a própria experiência, já que as atletas não deixam em nada a desejar às suas contrapartes da NHL.
Um lado positivo é que esse é mais um dos jogos da EA dando o importante passo de acrescentar cross-platform ao título. Através de um update que foi ao ar recentemente, agora é possível jogar com seus amigos em outras plataformas, algo que é bem simples e funcional, visto a estabilidade dos servidores do jogo. Isso foi muito bem-vindo já que, por se tratar de um jogo mais de nicho do que um FIFA, por exemplo, partidas online são um pouco mais difíceis de achar por melhor que seja a conexão aos servidores.
Talvez a maior reclamação com NHL 23 seja o fato de que, visualmente, apesar de agradável, o jogo não parece ter passado pelo mesmo processo de melhoria gráfica em relação aos demais jogos da EA. Embora não seja algo que chame tanto a atenção porque já era um jogo bonito e os menus tenham sido mais simplificados, ainda há a sensação de que é possível fazer mais com o jogo no PS5.
Mesmo assim, se você é um dos fãs que foram capturados pela intensidade e variação tática que só o hóquei consegue entregar, NHL 23 definitivamente é um jogo que irá lhe entregar tudo aquilo que você precisa dele. Apesar de não tentar ser revolucionário, ele segue a estratégia de só adicionar um tempero mais gostoso à receita já conhecida e consegue entregar um título com química no ponto.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela EA.
Veredito
NHL 23 é um bom se não revolucionário novo passo naquela que já é uma invejável série de jogos de simulação esportiva. Ele pode não trazer nada novo para o gelo, mas constrói sobre um gameplay que já é bastante preciso e suas adições aos modos atuais o tornam mais um bom lançamento para a franquia.
NHL 23 is a good if not revolutionary entry into an already commendable simulation sports game. It might not bring anything new to the ice, but it builds on the already pretty precise gameplay and its additions to the current modes make it a very solid entry to the series.
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