God of War (2018) foi um título sensacional e isso é inegável. O jogo da Santa Monica Studio conseguiu renovar uma série que estava desgastada após vários lançamentos e com um gameplay que, apesar de ótimo, era basicamente o mesmo há quase 13 anos. Por conta disso, God of War: Ragnarok não tenta reinventar a roda mais uma vez, mas pega o que foi estabelecido e aprimora em todos os sentidos.
Por ser um jogo extremamente aguardado e com um foco na história (ainda mais como as coisas terminaram no anterior), muitos jogadores desejam aproveitá-lo às cegas e respeitamos isso. Assim, esta análise não trará spoilers. Não haverá nada do enredo que você já não saiba, mas abordaremos algumas mecânicas de gameplay que são inéditas. Por conta disso, este review será um pouco diferente do usual.
Haverá diferentes seções: cada uma discutindo coisas distintas, mas que podem abordar elementos que você não gostaria de saber. Mais uma vez, não são coisas do enredo, mas que ocorrem com frequência no jogo e é impossível não discuti-las em uma análise. Cada tópico deixará claro o assunto abordado e logo no início de cada seção esclareço se há algo crítico.
Enredo
God of War: Ragnarok acontece logo após os eventos de God of War (2018). Kratos e Atreus estão lidando com o Fimbulwinter em Midgard enquanto são atacados ocasionalmente por Freya, que deseja vingança. No entanto, Atreus continua sendo rebelde como sempre foi e acaba descobrindo coisas que colocarão ele e seu pai a caminho de acharem Tyr, o deus da guerra nórdico.
A história é uma conclusão da saga nórdica, portanto várias perguntas serão respondidas aos jogadores de diferentes formas. Assim como o antecessor, a história é contada sempre em uma única tomada, ou seja, a câmera sempre segue os personagens e não há cortes.
Não vamos, por motivos óbvios, entrar em detalhes aqui, porém a história é muito boa e prende o jogador com desejo de saber o que virá a seguir ou qual decisão os personagens tomarão baseada nas consequências dos atos que acabaram de acontecer. Há muito mais desenvolvimento dos personagens também.
No jogo de 2018, Kratos e Atreus (além de Mimir) são as estrelas basicamente. Porém, da forma que o enredo é contado em Ragnarok, você saberá muito mais de Freya, dos anões irmãos (Sindri e Brok) e até mesmo dos deuses “vilões” da história, como Thor e o próprio Odin.
No fim, é uma história criada por seres humanos e nunca agradará 100% dos jogadores. Pessoalmente, fiquei muito satisfeito com tudo que foi apresentado e sua conclusão é inesperada. Há somente uma única parte, que sem dúvida será comentado por muitos, que é entediante porque ficou excessivamente longa demais: é quando conhecemos Angrboda. Mas é preciso esclarecer que é apenas um trecho de um jogo composto de várias horas e que, no fim, nos faz entender que era necessário esse ritmo mais lento para criarmos um elo com a personagem.
É claro, vale dizer também que o jogo está com uma dublagem sensacional, com Ricardo Juarez acertando em cheio mais uma vez a voz de Kratos.
Gameplay
God of War: Ragnarok pega o gameplay de 2018 e o aprimora em todos os sentidos. No início, começaremos do zero mais uma vez, apesar do Machado Leviatã e das Lâminas do Caos estarem disponíveis logo de cara. O que quero dizer com isso é que você ainda terá que destravar na Árvore de Habilidades várias mecânicas e combos com o Machado e as Lâminas.
Ainda existem runas de diferentes tipos a serem equipadas nas lâminas e no machado, possibilitando ataques leves e pesados. Há os chamados Complementos, que fornecem diferentes tipos de efeitos às armas. Há diferentes escudos, que causam efeitos distintos quando você pressiona L1 duas vezes (por exemplo, você pode correr em direção ao inimigo ou dá um soco no escudo e gerar uma área de atordoamento aos inimigos). A Fúria Espartana ainda existe, podendo ser aprimorada e até modificada (recuperar vida, ao invés de golpes que recuperam a vida aos poucos, por exemplo). Há a Relíquia, que condece mais bônus a Kratos. Temos as Armaduras (Peito, Pulso e Cintura) com diferentes efeitos e bônus. Há os Amuletos, concedendo ainda mais bônus.
Em outras palavras: o que não falta são opções para você construir a “build” que deseja para Kratos. Grande parte desses itens são aprimoráveis com os anões ou de outras formas.
Mas nada disso importa se o gameplay for ruim. E obviamente, não é. É basicamente o mesmo encontrado no jogo de 2018, mas com alguns refinamentos e melhorias, como os ataques “pelo alto” (pule e ataque), as novas animações de matar inimigos atordoados com R3 e assim por diante.
Uma das críticas dadas ao título de 2018 e que fez não receber a nota máxima em nosso review na época era a variedade de inimigos. God of War: Ragnarok consegue trazer uma ampla variedade deles, além de vários chefes e sub-chefes excelentes. É claro, muitos inimigos se repetem ao longo do jogo, mas é algo mais variado e que não chega a perceber – como no 2018 que havia Trolls para dar e vender.
Novidades no Gameplay em God of War: Ragnarok*
*Esta seção abordará elementos inéditos. Novamente, SEM spoilers da história, apenas o gameplay é comentado. Caso queira se manter às cegas, pule esta seção.
É difícil analisar God of War: Ragnarok sem entrar em elementos que acontecem em muitas partes do título. Por isso, precisamos colocar esta seção para você ter conhecimento.
Uma novidade que você verá logo no início é o trenó com lobos. Essa mecânica de velocidade rápida está acessível em Midgard, mas haverá em outros locais também.
Porém, o que realmente precisamos dizer é que cerca de 30% de God of War: Ragnarok colocará você controlando outro personagem. O seu gameplay, no entanto, não é muito complexo quando comparado com o de Kratos.
É divertido esse novo ar que o jogo oferece com o personagem e, por sorte, é na medida certa considerando o seu gameplay simples. Mas, da mesma forma que a história, acredito que não será universal essa opinião.
Kratos também tem acesso a uma nova arma na história que possui muita variedade de ações, mas deixarei isso para que você mesmo descubra e divirta-se com ela. O único porém dela é que você só a obtém depois de muitas horas de jogo, o que significa que aqueles que só gostam de aproveitar a história principal não verão todas as opções que ela oferece em sua árvore de habilidades.
Por fim, outra novidade que precisamos comentar são as “duplas dinâmicas”. No jogo de 2018, acompanhávamos sempre Kratos e Atreus (em alguns momentos, Kratos sozinho). Na sequência, essa dinâmica muda. Haverá diferentes duplas ao longo da história – inclusive, uma dupla é tão importante quanto Atreus e que possui até mesmo sua própria árvore de habilidades e equipamentos.
Longevidade
God of War: Ragnarok é um jogo longo. A campanha principal levou 25 horas para ser finalizada sem pressa e apenas seguindo os objetivos. Nesse processo, fiz cerca de três ou quatro missões paralelas. Para explorar tudo que o jogo oferece e completar todas as missões, colecionáveis e desafios, são necessárias em torno de 50 a 60 horas, dependendo do seu ritmo e se está usando um guia ou explorando por conta própria, obviamente.
Em relação ao que fazer, God of War: Ragnarok não decepciona. Além da campanha, como dito, você tem acesso a todos os Nove Reinos e pode explorar todos eles atrás de Corvos de Odin, baús, Tocas de Draugr (que possuem Draugr bem fortes para serem derrotados), artefatos e muito mais. Acredite: há muita coisa a ser explorada, enfrentada e coletada.
Inclusive, vale explicar que, apesar de muitos reinos você revisitar em God of War: Ragnarok, eles ou estão diferentes por conta do Fimbulwinter, ou são áreas novas. É normal em algumas partes você olhar e pensar “olha, eu já visitei isso aqui antes!”, como o Lago dos Nove em Midgard, que agora encontra-se totalmente congelado. Mas isso ocorre raramente.
Aspectos Técnicos
God of War: Ragnarok é facilmente um dos jogos mais polidos do PS5. O modo Perfomance oferece facilmente 60 quadros por segundo (fps) constantes. Honestamente, não notei nenhuma queda. Os outros modos, como o que favorece a resolução, deixam o jogo bonito em uma TV 4K, mas honestamente, os 60 fps valem muito mais. Infelizmente, não possuo uma TV ou monitor com suporte a 120 fps. Você pode conferir todos os modos gráficos que existem nesta tabela.
Mas desconsiderando esse lado de perfomance, God of War: Ragnarok é um jogo muito bonito graficamente. Os modelos dos personagens são absurdamente bem feitos e muitas paisagens são de tirar o fôlego. A trilha sonora também é excelente, podendo causar arrepios em momentos importantes da história.
Outro ponto que honestamente não mexi muito por não precisar, mas que sem dúvida merecem elogios, são as questões de acessibilidade. Há várias opções que você pode alterar que podem facilitar a sua vida, caso tenha algum tipo de deficiência física. Vale citar, porém, que você pode alterar todos os botões do jogo. Portanto, se não gosta de atacar com R1 e R2, basta mudar para quadrado e triângulo sem maiores problemas.
Quanto às características exclusivas do PS5, devo dizer que fiquei um pouco decepcionado. O áudio 3D é bom, mas o DualSense não tira muito proveito do jogo. Os gatilhos basicamente não são utilizados – você até nota, por exemplo, que segurando L2 e R2 juntos (com Kratos pronto para arremessar o machado) há uma vibração no L2. Mas fora isso é quase nula a experiência com os gatilhos. Já o feedback tátil é outra história, trazendo vibrações mais condizentes com o que ocorre na tela.
Versão de PS4
Para concluir este review, precisamos comentar brevemente sobre a versão de PS4. Como meu foco foi na de PS5 (a qual terminei), não vou mentir e serei claro que joguei algumas poucas horas no PS4.
Basicamente, o jogo continua muito bonito, mas obviamente com a taxa a 30 fps (no PS4 Pro é possível escolher o modo perfomance, porém “é destravado a 30”, o que significa que pode chegar a 60, mas não necessariamente ficará nessa faixa). Fora isso, é basicamente o mesmo título a princípio, portanto dificilmente você ficará decepcionado. Considerando também a questão da tomada única, se você não morrer, não verá telas de loadings – além, é claro, daqueles loadings escondidos que ocorrem quando você viaja entre os reinos.
Abaixo você pode ver duas imagens quase iguais vindas diretamente da Sony e que comparam o título no PS4 Pro e no PS5. Obviamente, haverá muitas outras comparações, as quais noticiaremos no site.
PS4 Pro
PS5
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.
Veredito
God of War: Ragnarok é uma evolução natural do título de 2018, apresentando uma excelente história, um lado técnico impecável, novidades no gameplay, batalhas incríveis e muito conteúdo variado a ser explorado. Facilmente um candidato a jogo do ano, a nova aventura de Kratos e Atreus é inesquecível e conclui de forma satisfatória o capítulo da mitologia nórdica.
God of War: Ragnarok is a natural evolution of the 2018 title, featuring an excellent story, an amazing technical side, new gameplay features, incredible battles and lots of varied content to explore. Easily a game of the year contender, Kratos and Atreus’ new adventure is unforgettable and satisfyingly concludes this chapter of the Norse mythology.
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