Oito anos depois, a sequência para um dos antigos jogos da famosa Telltale Games e parte do peculiar universo de Borderlands foi finalmente lançada. Desenvolvido pela Gearbox Software e distribuído pela 2K, ambas responsáveis pelos outros jogos da franquia, New Tales from the Borderlands chegou para nós na sexta-feira, 21 de outubro de 2022. O game se passa cerca de um ano após Borderlands 3 (2019) e conta com história personagens novos, apesar de alguns antigos darem as caras ou serem mencionados.
Os personagens de Tales from the Borderlands (2014) conta com personagens muito carismáticos, sejam eles heróis, vilões ou qualquer coisa entre os dois extremos, com diálogos são marcantes e divertidos. New Tales from the Borderlands tenta seguir os passos de seu predecessor, além de apresentar também algumas inovações. Mas será que consegue cumprir seu objetivo?
No novo título da Gearbox Software você vai controlar três personagens: Anu (engenheira da Atlas Corporation que detesta violência), Octavio (irmão adotivo de Anu, com o objetivo pessoal de obter dinheiro e fama) e Fran (dona de uma loja de frozen yogurt esperando indenização da fabricante de armas Tediore por conta de um certo acidente). Coincidentemente ou não, após uma breve introdução também dos personagens coadjuvantes, a história do jogo já começa com tudo dando errado para os nossos três protagonistas e você precisa fazer o possível para mantê-los vivos e trabalhando em equipe.
New Tales from the Borderlands é um título com foco em narrativa que mais parece uma visual novel onde você mais assiste o desenrolar da trama e quase não joga, e suas escolhas nem afetam tanto a história. Existe a pontuação de skates, criada durante o jogo pelo seu parceiro e robô assassiono L0U13, forma pela qual é medido o relacionamento entre cada dois personagens, e ao fim de cada episódio você recebe um feedback. Isso, porém, vai servir somente para definir qual dos cinco finais disponíveis você vai desbloquear.
Os personagens são extremamente forçados e a impressão que dá é que foi feito para crianças, com momentos que tentam ser engraçadinhos mas são, na verdade, até ridículos – e ainda digo mais, constrangedores. Outra coisa que evidencia isso são os eventos rápidos, que pedem que o jogador reaja aos comandos da tela pressionando determinados botões, mas que na verdade não apresentam nenhum desafio ou dificuldade.
Ao mesmo tempo, nos deparamos com piadas de cunho sexual com certa frequência, e New Tales from the Borderlands é de fato classificado para maiores de 18 anos. Com essa combinação inusitada, dá até pra pensar que a ideia é ser algo do tipo South Park ou outro desenho adulto, mas acredite quando eu digo que não é nada assim. Parece que o game tenta ser tudo ao mesmo tempo, mas não consegue ser nada com excelência.
Há uma tentativa de melhora do primeiro Tales para o segundo, que é a inserção de colecionáveis, mas ainda assim falha miseravelmente. Tratam-se dos novos Arcadeiros, que nada mais são do que action figures (ou simplesmente miniaturas) usados para um tipo de batalha cuja logística até agora eu não consigo entender. Não me entenda mal, não é nada difícil, pelo contrário. Mas pelas regras do jogo e pela descrição dos bonecos, é compreensível se for digital, mas que não funcionaria de forma física como os personagens jogam.
As batalhas, que não fazem muito sentido, são ridículas e, assim como todo o resto do jogo, não apresentam qualquer dificuldade (assim como qualquer outro minigame aleatório durante o jogo, que na maioria das vezes não passa de ficar apertando algum botão repetidamente). Pra você ter uma ideia, eu não sofri dano em nenhuma batalha, do início ao fim da história. Além disso, os Arcadeiros são também extremamente fáceis de conseguir, tornando sua busca algo super sem graça.
Além dos Arcadeiros, há também em New Tales from the Borderlands a adição de cosméticos. Além da aparência de modo geral, incluindo roupas e maquiagem, cada personagem conta com um item específico. Anu tem novos estilos para seu Tecnóculos, Octavio para seu ECHOdex e Fran para os propulsores de sua cadeira. Contudo, os estilos em si das skins não são muitos, sendo a diferença principal entre elas baseada puramente nas cores utilizadas. Querendo adquir novos, basta utilizar o dinheiro encontrado durante o game para comprá-los no menu EXTRAS ou nas máquinas de customização, disponíveis na Fran’s Frogurts e em outros lugares pelo jogo.
Com esses novos conteúdos, New Tales from the Borderlands oferece então troféus diferentes dos de completar capítulos. Agora você ganha um novo troféu só ao final de cada um dos cinco episódios, entre outros referentes a cosméticos, Arcadeiros, mecânicas e algumas ações específicas em momentos chave.
Há inclusive um troféu para quando você assiste todos os possíveis finais, o que vai ser trabalhoso, pois para cada um desses diferentes desfechos são necessárias diferentes pontuações no sistema de skates, então talvez seja necessário voltar pelo menos alguns episódios inteiros e jogá-los de novo. E adivinha só: cada um desses finais te concede também um Arcadeiro diferente. Nesse caso, para conseguir todos e assim obter o troféu correspondente a essa conquista, você não vai ter muito pra onde fugir.
É claro que, além de tudo isso, contamos também com o visual clássico característico dos jogos do universo Borderlands. Os gráficos, todavia, estão claramente superiores ao do jogo anterior (afinal, são oito anos de diferença), o que deixa o game mais bonito. Temos também uma trilha sonora de destaque, com músicas marcantes na abertura dos episódios e em alguns momentos especiais, como no primeiro Tales, mas ainda assim sem alcançar o mesmo patamar.
Então finalmente a resposta à pergunta de antes: New Tales from the Borderlands consegue seguir os passos de seu predecessor, inovar e ser ainda melhor?
Definitivamente não. Tales from the Borderlands foi um sucesso, e é até hoje considerado um dos melhores títulos da franquia. New Tales tenta chegar perto desse posto, mas o tiro sai pela culatra quando adicionam inovações que não são satisfatórias e a própria história e seus detalhes acabam fazendo com que o jogo se transforme em uma grande piada exagerada (e não num bom sentido). No fim até tem uma mensagem legal, mas não é o suficiente pra reverter tudo que já estava perdido.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela 2K Games.
Veredito
New Tales from the Borderlands tenta trazer inovações em comparação ao primeiro jogo, mas não são satisfatórias e muitas dão uma impressão de inutilidade. Alguns elementos característicos permaneceram na franquia, porém sem a mesma qualidade, e os novos personagens não conseguem ser carismáticos como os antigos. O jogo tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo, mas exagera em algumas e não é suficiente em outras, não conseguindo ser nada com excelência.
New Tales from the Borderlands tries to bring innovations compared to the first game, but they are not satisfactory and many give an impression of uselessness. Some characteristic elements remained in the franchise, but without the same quality, and the new characters don’t manage to be as charismatic as the old ones. The game tries to be many things at the same time, but exaggerates in some and is not enough in others, failing to be anything with excellence.
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