A Arc System Works conseguiu criar na Unreal Engine gráficos em forma de animes que são muito bem feitos e, a cada jogo criado, esses visuais ficam ainda melhores. Começamos com Guilty Gear Xrd, sendo que já tivemos Dragon Ball FighterZ, Granblue Fantasy Versus e Guilty Gear Strive. Agora, temos DNF Duel. Mas o que é, exatamente, DNF Duel?
DNF é a sigla para Dungeon & Fighter na Coreia do Sul, porém mais conhecido como Dungeon Fighter Online no restante do globo. Lançado em 2005, é um beat’em up que mistura elementos de RPG e ação para PC criado pela Neople. A sua popularidade é imensa: mais de 850 milhões de jogadores já aproveitaram o título, sendo que eles geraram 18 bilhões de dólares em receita até dezembro de 2021. Ou seja, é um produto de entretenimento mais lucrativo de todos os tempos.
DNF Duel é basicamente um spin-off que busca conquistar uma fatia desses jogadores, trazendo-os para o universo dos jogos de luta.
De uma forma geral, DNF Duel é um jogo de luta convencional. Há, porém, duas mecânicas no seu gameplay que veremos logo mais que o distingue de outros títulos do gênero: os comandos fáceis e o sistema de MP.
Apesar de utilizar toda essa parte artística que virou característica da Arc System Works, as mecânicas e todo o gameplay ficaram nas mãos da Eighting, empresa conhecida por ter trabalhado em Marvel vs Capcom 3.
Primeiramente, DNF Duel possui 16 personagens jogáveis (um deles sendo o chefe destravável). Todo o elenco é bem variado, oferecendo diferentes estilos e personalidades. Há personagem com curto alcance, porém forte, assim como aqueles que se destacam de forma inversa ao citado. O jogo ainda é jovem e há muito a ser explorado, mas serei franco: há personagens, como Hitman e Crusader, que já são bastante irritantes e devem receber o famoso “martelo de nerf” em breve. De uma forma geral, todos os personagens parecem ser jogáveis (com exceção da Launcher, que aparenta ser muito fraca), mas é certo que logo mais teremos tier lists dos jogadores seguidas por atualizações de balanceamento que vão mudar o jogo. Então argumentar sobre isso em um jogo de luta em seu lançamento é ser um pouco inocente.
O gameplay de DNF Duel é muito gostoso de jogar. À primeira vista, me lembrou o de Granblue Fantasy Versus (GBVS) – talvez por conta da física e do estilo gráfico. Mas logo você nota que DNF Duel apresenta a sua própria identidade.
Veteranos de jogos de luta talvez se atrapalhem no início, pois os comandos não seguem a fórmula tradicional. Pense mais como uma mistura de Smash Bros da Nintendo com um gameplay de luta tradicional. O motivo disso é que não há comandos com “meia lua”, “360º”, de segurar em alguma direção e similares. Tudo é feito segurando para uma direção e um botão. Há variações, como segurar o botão ou pressioná-lo mais de uma vez. Mas a regra geral é essa: direção e um botão para executar tudo.
Os quatro botões seguem o clássico fraco, médio e forte, enquanto que o X é o botão para os golpes especiais (isso, claro, na configuração padrão). Como dito, X e uma direção oferece um golpe especial diferente, mas com uma pegada: você gasta MP, que é uma barra localizada perto de sua vida. O MP recarrega sozinho durante o combate, mas se estiver sem, não consegue fazer nenhum golpe com X.
Todos os golpes, com exceção das habilidades no X, causam dano cinza no oponente. É claro, é um dano cinza e um pouco de vermelho dependendo do golpe. O dano cinza é recuperável (se você não pressionar seu inimigo, ele consegue recuperar aquela vida cinza). Já o vermelho não se recupera. Apenas os golpes com X transformam a barra cinza em vermelha. Ou seja, a ideia é causar dano com golpes comuns e, quando possível, usar um especial com X para que seu oponente perca a vida de vez (e mais o dano que ele tomou naquele momento). É uma mecânica bem interessante e que muda o “mind game” (jogo mental) dos jogadores ao longo da partida.
Outros dois movimentos ainda que existem são o L2, que é basicamente um Super que pode ser feito quando sua vida está baixa, e o agarrão. Há outras mecânicas (todas ensinadas no Tutorial), como afastar seu adversário quando estiver defendendo um combo. Mas todas bem simples e nada muito diferente do que você já viu em outros jogos de luta.
E talvez esse seja um problema de DNF Duel. Os golpes simples e o sistema de MP tornam o game acessível e diferente, mas tudo parece muito básico. Não se engane: ainda existem combos e muitos deles exigem que você pressione os botões nos momentos certos. A possibilidade de rotas de combos diferentes também está no jogo. Mas sendo franco, depois que você encontra algo otimizado, não há muita diferença. O que quero dizer é que, após jogar mais de 100 lutas online, a maioria dos jogadores de Hitman, Ghostblade, Crusader, Grappler… qualquer que seja o personagem, pareciam sempre fazer as mesmas coisas, mesmo sendo pessoas diferentes em seu comando. Posso estar enganado, mas DNF Duel não parece permitir que o jogador se expresse com aquele personagem. Se você não jogar da forma que ele foi concebido (ou seja, jogar de zoning ou rushdown, por exemplo), é pedir por uma derrota. Obviamente, isso é uma impressão minha e por isso o relato aqui nesta análise. É possível que eu esteja enganado conforme o jogo vai ficando mais velho.
Isso sem mencionar que, no momento, temos 16 personagens. É um número “ok” para um jogo novo, mas não há anúncio algum se veremos mais adições e isso é um pouco preocupante para um título de luta que depende de mais lutadores para se manter vivo.
O online de DNF Duel é ótimo. Com o sistema de rollback, consegui jogar com japoneses e americanos de uma forma satisfatória. Além disso, não há aqueles lobbies confusos que os jogos da Arc System Work costumam apresentar. Você escolhe tudo o que deseja em menus convencionais e se for jogar ranked, nem chega a ver um lobby. Porém, se for lutar com amigos, o lobby com personagens chibi estará lá. Infelizmente, porém, não há cross-play com PC.
Outros modos de jogo são bastante convencionais: Arcade, Survival, Training, Tutorial, Trials (tanto de combo quanto de situações que você precisa lidar, como desviar de golpes ou eliminar o oponente que ficou exposto), Gallery, Replay, etc.
O modo história vale citar rapidamente: segue um estilo visual novel, com pouquíssimas cenas animadas, algumas artes especiais e duelos convencionais contra oponentes. É quase que um modo Arcade com visual novel entre as lutas, basicamente. O modo aumenta a vida útil do jogo, mas a história é bem fraca para a maioria dos personagens e não há legendas em português do Brasil (ao contrário de GBVS, por exemplo). Inclusive, depois de GBVS com um modo história um tanto quanto complexo, esperava-se que tivéssemos algo no mesmo nível aqui, porém não é o caso.
No fim, DNF Duel é mais um jogo de luta que tenta trazer algumas inovações ao gênero. Ao mesmo tempo que seus comandos facilitados podem ajudar a trazer mais jogadores e o sistema de MP seja algo diferente, o título não apresenta uma inovação impactante e que o torne diferente do restante dos games do gênero que dominam o mercado.
Além disso, os modos de jogo num geral não empolgam, mas como o online (o modo mais importante de um jogo de luta) possui rollback e o elenco – apesar de pequeno – é sólido, provavelmente conquistará um número de jogadores. Com sorte, uma comunidade dedicada surgirá no processo e talvez (quem sabe?) a popularidade de Dungeon Fighter Online ajude a crescê-la.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Nexon.
Veredito
DNF Duel é um bom jogo, trazendo gráficos bonitos e mecânicas acessíveis. O elenco dos personagens é relativamente variado e os modos são o que esperamos atualmente de um título de luta. O online agrada com seu netcode via rollback, apesar do cross-play estar ausente. O maior problema de DNF Duel talvez seja a sua falta de inovação e ser simples demais em sua essência.
DNF Duel is a good game with beautiful graphics and accessible mechanics. The cast of characters is relatively varied and the modes are what we currently expect from a fighting title. Online is great with its netcode via rollback, although there is no cross-play. DNF Duel’s biggest problem is perhaps its lack of innovation and being too simple in its essence.
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