Em cada país do mundo existem jogos que acabam se destacando por diferentes motivos. No Japão, por exemplo, o sucesso de Dragon Quest é marcante há anos. Nos EUA, a série Halo se destaca e é apontada como um dos jogos que permitiram que o Xbox original vingasse. E no Brasil? Podemos apontar o PS2 com PES, God of War e GTA que fizeram um sucesso absoluto no nosso país e praticamente qualquer pessoa já ouviu falar desses jogos. Mas antes ainda do PS2, antes ainda de Street Fighter, Mario e International Superstar Soccer no SNES, Sonic e Ayrton Senna’s Super Monaco GP II no Mega Drive… lá no fim da década de 80, começo de 90, o Master System era o console que estava no lar de muitos brasileiros.
Graças ao investimento da Tec Toy naquela época, o Master System estava de forma oficial no Brasil e sem dúvida se popularizou de forma significativa. Com isso, diversos jogos acabaram pegando essa onda de sucesso, mas um deles se destacou: Alex Kidd in Miracle World. Talvez porque estava na memória de algumas versões de Master System ou porque simplesmente era um cartucho popular entre os donos do console – por qualquer que seja o motivo, a popularidade era justa. Alex Kidd era simplesmente sensacional.
Em uma época que os jogos de plataforma ainda estavam evoluindo, Alex Kidd trazia um sistema único: o personagem pulava como qualquer outro título do gênero, porém o seu ataque principal estava no “socão” que podia ser dado. Some isso a fases com veículos como a Moto e o Peticóptero, além de ser desafiador o suficiente, e tínhamos um clássico.
Infelizmente, Alex Kidd não vingou com seus jogos seguintes (principalmente no Mega Drive) e acabou sendo engavetado pela SEGA. Agora, graças à Merge Games e à Jankenteam, temos o remake Alex Kidd in Miracle World DX nas plataformas atuais.
Alex Kidd in Miracle World DX é um remake na forma literal da palavra, sem dúvida alguma. Porém, fica claro que a equipe de desenvolvimento queria respeitar o material de origem ao máximo. Isso significa que uns 75% do que está ali ainda é o jogo do Master System – os 25% restantes são toques sutis feitos para aprimorar a experiência.
O gameplay continua basicamente o mesmo, com o pulo e o socão (agora com uma animação bem feita de ‘socos’ com os dois braços). As fases do jogo original continuam todas presentes, mas com um visual bonito. Aliás, a qualquer momento você pode trocar para o visual clássico de Master System pressionando R2. É uma mecânica interessante e prova que o jogo ainda é o mesmo ‘por dentro’.
Como dito anteriormente, o jogo de uma forma geral ainda é o mesmo que existia no Master System. No quesito gameplay, você sentirá alguns ajustes, como o Peticóptero poder avançar por toda a fase pela parte superior sem problemas. Aliás, é justamente nessa parte que você sente essas mudanças, como Alex poder passar por blocos no Master em determinadas partes e no remake você precisar destruir duas linhas de blocos. São mudanças que quem não jogou o original (ou fez isso faz tempo) não sentirá e não fará diferença nenhuma, mas são alguns pontos que os mais puristas perceberão (não que seja ruim também, apenas apontando que não temos o jogo 1:1).
Mas não é só nesses ajustes finos que o remake mexeu. Temos algumas fases completamente inéditas inseridas no meio da aventura e que para os que nunca jogaram o original, parecerão fases que já existiam, de tão bem implementadas que ficaram. Mas o destaque mesmo fica para as batalhas contra os chefes.
Você ainda enfrentará vários chefes em batalhas de pedra, papel e tesoura (e a ordem de qual mão usar para vencê-los ainda é a mesma!). Mas a diferença está no combate em si que acontece depois. Não quero dar spoiler, portanto vou falar apenas do chefe “touro”. No Master, você podia vencê-lo socando sem parar e era isso. Fim de história. No remake transformaram em uma batalha com uma mecânica em que você pode atacar somente em um dado momento. São todas mudanças bem-vindas, pois o original podia ser marcante por vários motivos, mas as batalhas contra chefes não era um deles (exceto o uso do Jan-Ken-Pon, é claro).
Outra “modernização” presente neste remake são os checkpoints e vidas infinitas. Ao morrer, o jogo coloca você bem perto de onde isso ocorreu e não do início da fase. Já as vidas infinitas é algo opcional e só é recomendado para jogadores iniciantes.
Ao terminar a aventura, você destravará algumas coisas. Um desses modos é o Boss Rush que é simplesmente vencer os chefes da campanha de forma sequencial. Há outro modo que pode ser destravado, mas deixarei a surpresa para você descobrir.
É preciso destacar a trilha sonora, que ainda mantém o espírito da original e não decepciona. Mas há ainda também um ponto que foi retrabalhado no remake: a história. No original, você tinha acesso ao básico conforme um texto aparecia na tela (e que você provavelmente evitava), principalmente nas batalhas com os chefes. Alex Kidd in Miracle World DX reinventa essa parte, inserindo algumas poucas cutscenes e principalmente NPCs para conversar. É bem mais natural entender a história aqui.
Até o momento, esta análise foi direcionada inteiramente para quem já jogou Alex Kidd in Miracle World. Mas não há muito a ser discutido do original e que acabou não sendo abordado até aqui.
A história de Alex Kidd in Miracle World DX coloca o nosso protagonista, Alex Kidd, com o objetivo de destruir o malvado Janken, o Grande, e salvar o povo de Radaxian. Para isso, Alex avança por diversas fases coletando dinheiro que pode ser gasto em algumas lojas que aparecem pelo caminho e obtendo itens, seja um anel que gera um projétil ou a Moto ou Peticóptero, já citados anteriormente.
Alex Kidd in Miracle World DX é um jogo simples para qualquer pessoa pegar e jogar, portanto não há muito a ser dito sem estragar as surpresas. E é talvez aí que esteja o único problema deste remake: o seu tamanho.
Alex Kidd in Miracle World não é um jogo longo. Para a época em que foi lançado, sua duração era a padrão (você podia terminá-lo em menos de 1 hora, mas até que isso acontecesse, seriam vários Game Over e por isso parecia um game longo).
O remake, mesmo com as fases adicionais, também não é longo. Conhecendo o caminho do original, e ainda por cima com os checkpoints nas fases, você pode terminar em 1 hora também. Se nunca o jogou antes, talvez leve no máximo 2 horas. Para os padrões atuais, gastar 19,99 dólares (a PS Store brasileira oferece por R$ 99,50 no lançamento) por apenas duas horas de jogo é complicado.
Serão duas horas repletas de nostalgia ou bem jogadas, sem dúvida alguma. Porém, não dá para não levar em conta esse aspecto.
No fim, Alex Kidd in Miracle World DX é um ótimo jogo e um bom remake. O novo conteúdo é válido e as alterações feitas para os tempos atuais ficaram boas. Para jogadores que nunca ouviram falar de Alex Kidd, é a porta de entrada perfeita para isso.
No entanto, é preciso ressaltar a questão do tempo que mencionamos. Não sabemos exatamente como isso poderia ser consertado – talvez oferecendo um pacote completo de remakes com os outros jogos de Alex Kidd e não apenas Miracle World? Não sei. Talvez.
Mesmo sendo apenas duas ou três horas no total (para conferir tudo), serão horas de qualidade, portanto leve isso em conta caso faça a matemática.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Merge Games.
Veredito
Alex Kidd in Miracle World DX é um ótimo remake de um clássico do Master System. O jogo respeita as suas origens, fornecendo uma visão moderna sem mexer muito no material fonte, mas ao mesmo tempo adicionando novidades como algumas fases. Talvez seu único problema seja justamente isso – o conteúdo total oferecido pelo pacote era consideravelmente grande na década de 80, mas é pequeno para os padrões atuais. De qualquer forma, vale pela nostalgia e para aqueles que desejam conhecer o mascote esquecido da SEGA.
Alex Kidd in Miracle World DX is a great remake of a Master System classic. The game respects its origins, providing a modern look without messing with the source material too much, but at the same time adding new features like some levels. Perhaps its only problem is just that – the total content offered by the package was considerably large in the 1980s, but it is small by today’s standards. Either way, you should check it out either for nostalgia or for those who want to know SEGA’s forgotten mascot.
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