Tales of Graces f Remastered – Review

Um dos períodos mais injustamente criticados na indústria dos videogames é a sétima geração de consoles, especialmente no que se refere a JRPGs. Por mais compreensível que seja, dada a relativa falta de sucesso dos grandes produtores à época, especialmente em comparação com o PS2, para os jogadores abertos a olharem um pouco mais para fora dos nomes então mais vistosos era bem possível encontrar algumas jóias bem brilhantes escondidas por aí.

Um desses títulos era Tales of Graces. Embora seja estranho falar sobre um jogo da série Tales como um nome “alternativo”, dada a sua importância tão grande para o gênero, sendo basicamente a responsável pela criação da ideia moderna de um JRPG de Ação, e o sucesso de Tales of Arise, era o tipo de título que acabou passando batido pelos fãs mais casuais e pela mídia focada no mainstream.

Parte disso talvez seja o fato de ter sido primeiro um título de Wii exclusivo do Japão, só chegando ao PS3 em 2010 e ainda mais tarde no Ocidente, com seu lançamento em 2012 uma semana após a chegada de Mass Effect 3. Ainda assim, o título acabou se tornando uma espécie de clássico cult, apesar da recepção mais acalorada no Japão do que aqui, mas se tornando uma daquelas jóias da biblioteca do PS3 e do catálogo da Bandai Namco que os fãs sempre pediam para que retornasse.

Tales of Graces f Remastered

E aí que entra Tales of Graces f Remastered, relançamento do título que chega agora ao PS4 e PS5 e que marca o início das comemorações do aniversário de 30 anos da franquia (com a promessa de que outras remasterizações virão por aí). É uma escolha muito bem-vinda, visto que é um dos títulos mais queridos ainda preso em plataformas menos acessíveis e precisando de melhorias (mas longe de ser o único).

Tales of Graces f Remastered, baseado na versão melhorada que saiu para PS3, conta a história de Asbel, um jovem filho do lorde de sua vila, Lhant, que, segue sua vida tranquilamente como uma criança ao lado de seu irmão, Hubert, e sua amiga, Cheria, sem se preocupar muito com seu futuro como lorde da região. Até o dia em que Asbel e Hubert encontram uma jovem garota sem memória, que passa a ser conhecida como Sophie e, a partir daí e da vista do herdeiro do reino de Windor, o jovem Richard, uma série de eventos começam a se desenrolar que colocam o mundo em perigo, cabendo ao nosso herói fazer todo o possível para salvá-lo com o poder da amizade.

A história em si começa de forma bem clichê e padrão e, com toda sinceridade, não foge tanto assim disso. Mas muito do seu sucesso vem do quão bem construída a evolução de todos os personagens é. Asbel, o protagonista, começa como o seu bom e velho protagonista clichê de shonen, um jovem impulsivo e cabeça quente, com uma relação complicada com seu pai, mas que é um líder nato e carismático, mas que sofre com a dicotomia entre fazer o que ele quer e o que esperam dele.

Tales of Graces f Remastered

O que faz dele um personagem tão bom é que o conflito pelo qual Asbel passa é, de uma forma bem curiosa, fácil de se relacionar. A evolução dele ao longo do jogo, especialmente após o salto temporal, é excepcional. Asbel se vê sacrificando sua vida como lorde para se tornar um cavaleiro, graças ao fato de não ter conseguido proteger pessoas importantes para ele no passado, por mais que essa sempre tenha sido sua grande vontade. Vê-lo crescer do jovem inconsequente em um herói de verdade faz com que toda a jornada valha a pena (e é uma das razões pela qual ele é um dos personagens mais populares da franquia), mas não é só ele.

O Salto Temporal afeta todos os personagens e ver a forma como os jovens vivendo uma história clichê em personagens muito mais complexos e com suas próprias motivações e dores do passado que precisam ser trabalhadas e superadas para que eles possam trabalhar em conjunto para salvar o mundo. Richard, Hubert, Cheria, Sophie… Todos os membros principais da sua equipe são bem construídos e evoluem imensamente ao longo de toda a jornada.

Isso não significa que a história tenha grandes reviravoltas surpreendentes ou fuja dos caminhos que os jogadores mais experientes irão imaginar desde o começo mas, sinceramente, é uma experiência que vale muito a pena ter, tenha você uma boa rodagem no gênero ou seja um jovem ainda iniciando sua jornada por ela. É uma jornada leve, apesar dos seus momentos mais tocantes, que traz um bom alívio após dias mais tensos. Cabe apontar também que, por ser baseado na versão f do jogo, esse remaster conta com o epílogo exclusivo dessa versão, que adiciona bastante conteúdo, inclusive durante a campanha base, amarrando uma série de pontas soltas que haviam ficado na versão original de Wii.

Tales of Graces f Remastered

Em relação ao combate, Tales of Graces f Remastered é um bom exemplo da qualidade da franquia. Trata-se de um RPG de Ação no qual o jogador assume o controle direto de um dos membros da sua equipe enquanto os demais são controlados por IA. Os controles em si são bastante intuitivos, com o jogador contando com dois botões de ataque, cada um vinculado a um estilo diferente de Arte e um botão de defesa.

Artes são as técnicas de ataque que os personagens vão aprendendo ao longo do jogo, com o jogador podendo customizar a forma de ativá-las (o botão de ataque correspondente + um modificador de direção). A grande diferença aqui fica pelo fato de que você não pode executar combos de forma descerebrada, só apertando os botões repetidamente sem pensar muito, já que cada nova Arte do combo tem um custo em CC, ou Chain Capacity, um barra que é gasta e regenerada ao longo do combate e limita a quantidade de ataques em sequência que podem ser usados.

Isso significa que, se no começo você talvez consiga usar combos de 2 hits, ao longo da batalha, ao executar diferentes ações como quebrar a defesa do adversário, defender ataques ou realizar parries, você vai ganhar mais pontos para a sua barra de CC e, consequentemente, conseguir realizar combos mais longos. É um sistema que demora um pouco para o jogador dominar, mas é bem divertido à medida em que você vai aprendendo e desbloqueando novas técnicas.

Tales of Graces f Remastered

O sistema de progressão é baseado nos Titles. Eles são, basicamente, equipáveis que, quando jogador vai ganhando Technical Points (TP), vai subindo de nível e através disso desbloqueando novas Artes e até habilidades de domínio. Titles são adquiridos de várias formas, seja através de combate, sessões da história ou até mesmo nos tradicionais skits da série em que os personagens têm conversas paralelas. O retorno dos Skits, aliás, é muito bem-vindo e mais uma forma através da qual o jogo desenvolve seus heróis.

Além disso, o jogo traz alguns outros sistemas de customização, como o Eleth Mixer, através do qual é possível produzir ou cozinhar itens que podem ser usados em batalha ou para conceder diferentes bônus durante a exploração; e o Dualizing, que é o sistema de crafting do jogo no qual você combina dois itens para formar um terceiro ainda mais poderoso, sejam eles armas, armaduras ou itens consumíveis.

Por fim, cabe falar sobre a remasterização. Visualmente, o jogo melhorou bastante e fica claro que houve um grande cuidado em trazer tudo para uma alta resolução gráfica e performance melhor (o jogo roda a 60fps no PS5). O jogo em si mantém seu estilo visual que já era bem único, com personagens num estilo meio chibi sem infantilizá-los excessivamente. Não espere dele o show visual de um Tales moderno, ou até mesmo o que se viu em Tales of Vesperia, Tales of Xillia ou Tales of Zestiria. Ainda assim, é um remaster muito bem-feito.

Tales of Graces f Remastered

Parte dessa remasterização é, naturalmente, relançar o jogo com todo o conteúdo da versão de PS3. Naturalmente, isso inclui todos os DLCs daquela versão, o que inclui uma lista imensa de roupas disponíveis para customizar o visual da sua equipe. Você também terá acesso a todo o Grade Shop, uma loja através do qual é possível comprar modificadores para sua jornada que era desbloqueado após terminar o jogo pela primeira vez, logo de cara. Além disso, um botão de dash foi incluído (R2), a possibilidade de desativar batalhas no mapa, indicadores de destino, a possibilidade de repetir batalhas após perdê-las e toda uma longa lista de outras melhorias de qualidade de vida para deixá-lo mais em linha com o que se espera de um JRPG moderno.

Isso tudo faz de Tales of Graces f Remastered um jogo muito bom e que faz jus ao carinho dado a ele ao longo dos anos. Mesmo em suas limitações, como a história relativamente clichê, ele acaba fazendo o melhor possível e irá cativar os jogadores que derem uma chance a ele, sejam eles conhecedores do tempo das jóias escondidas do PS3 ou novatos conquistados pelo boom atual do gênero e que querem conhecer mais de sua história.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.

Veredito

Tales of Graces f Remastered é um bom remaster de um JRPG muito bom. Apresentando uma história cativante graças ao seus ótimos personagens e um sistema de combate bastante divertido, ele entrega uma experiência que todo fã do gênero merece viver ou reviver.

84

Tales of Graces f Remastered

Fabricante: Bandai Namco

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG / Ação

Distribuidora: Bandai Namco

Lançamento: 17/01/2025

Dublado:

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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Tales of Graces f Remastered is a good remaster of a very good JRPG. Featuring a captivating story thanks to its great characters and a very fun combat system, it delivers an experience that every fan of the genre must live or relive.

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