Hood: Outlaws & Legends – Review

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Até onde uma boa ideia pode levar um jogo? Essa é uma questão até bem simples, mas que nós acabamos não pensando tanto sobre quando pegos no hype dos mais novos anúncios e lançamentos que envolvem o constante ciclo da indústria de videogames. Mas uma que deveria ser feita com maior frequência.

Especialmente quando estamos lidando com propriedades intelectuais tão conhecidas e populares quanto as lendárias histórias do ladrão Robin Hood e as suas aventuras. Como se trata de um personagem tão facilmente reconhecível, é fácil apelar para o carinho que potenciais interessados têm, desde que a ideia por trás do título seja boa o suficiente.

E é basicamente isso que torna Hood: Outlaws and Legends uma proposta que chama tanta atenção desde que o título foi anunciado no ano passado durante uma State of Play. Afinal, dois times de 4 jogadores competindo para ver quem consegue roubar um tesouro do Estado em um título PvPvE não é algo tão comum de se ver por aí.

Hood: Outlaws & Legends

O desenvolvimento do título ficou por conta da Sumo Digital, uma das desenvolvedoras mais versáteis da indústria, o que poderia ser um bom sinal para o resultado final. Mas, infelizmente, não é isso que temos aqui. Como um título, temos várias boas ideias, mas uma execução que falha a cada passo em entregar uma experiência que valha a pena investir o seu tempo (e dinheiro).

O título gira em torno de um único modo de jogo, a já mencionada competição entre as equipes para roubar um tesouro guardado no cofre de um dos vários mapas que o título possui já no seu lançamento. Ela é dividida, essencialmente, em três etapas: 1) roubar a chave do xerife; 2) abrir a porta do cofre e; 3) roubar o tesouro e então levá-lo para um dos pontos de extração.

Cada fase acaba sendo mais focada em um estilo de gameplay, com as duas primeiras teoricamente priorizando o stealth e a última deixando as coisas mais abertas e com maior probabilidade de combate direto. A ênfase fica no “teoricamente”, já que na prática não é bem assim que as coisas funcionam.

Hood: Outlaws & Legends

Um dos grandes problemas que afligem Hood é o quão diferente parece ser o funcionamento das partidas na prática daquilo que os desenvolvedores tinham em mente. Isso é algo que se percebe logo de cara, com a primeira “fase” das partidas sendo uma que, claramente, deveria priorizar o movimento lento e planejado dos jogadores.

No entanto, o que se vê são os jogadores ignorando qualquer tipo de estratégia e simplesmente correndo para cima dos inimigos e entrando em combate. Em tese, isso deveria tornar as coisas mais difíceis por tornar os inimigos cientes da sua presença. Mas o que se vê é que não há nenhum real aumento de dificuldade ou punição pelos inimigos te verem e, assim, não há qualquer motivo para agir da forma “planejada”, quando a outra forma é tão eficaz quanto e exige menos esforço.

A ideia de como as coisas deveriam funcionar é perceptível também nas quatro classes distintas presentes no jogo: Robin, um arqueiro convenientemente nomeado com ataques à distância e relativamente bem equilibrado; Marianne, uma personagem focada em stealth, mas fraca para combate corpo-a-corpo; Took, um mago com habilidades de cura e John, um guerreiro com um poderoso martelo capaz de destruir qualquer inimigo em combate direto.

Hood: Outlaws & Legends

Pelas qualidades e desvantagens dos personagens, é perceptível que cada personagem foi planejado para ser mais forte em dos distintos pontos das partidas. No entanto, o que se vê é que todos os jogadores adotaram um personagem em específico, o John, e abandonaram qualquer tipo de estratégia para as partidas.

E não há qualquer problema nessa adoção pelos jogadores já que a culpa fica no fato do jogo ser extremamente mal balanceado. O primeiro ponto em que isso começa a se mostrar é na possibilidade de se poder escolher qualquer combinação entre os 04 personagens, sem qualquer restrição de quantidade de uma determinada classe no jogo.

Limitar os jogadores a um de cada personagem em uma partida (que são 4v4 e claramente “pensadas” para ter cada jogador com uma das 4 classes) seria o mínimo, especialmente quando um deles é capaz de simplesmente quebrar o jogo como um todo nas mãos de qualquer jogador e, especialmente, nas mãos de uma equipe com um pouco mais de experiência.

Hood: Outlaws & Legends

Uma restrição como essa não faz tanto sentido em jogos como Marvel’s Avengers, que é totalmente PvE, mas em um título com o elemento PvP presente, é bem perceptível que as coisas saíram completamente dos planos dos desenvolvedores assim que o título chegou às mãos dos jogadores. Afinal, se é um título que foca no stealth (e isso é notório no tutorial) e todos os seus jogadores usam o personagem menos apto a isso e ganham com facilidade, algo deu errado.

Algo que contribui para isso é que as três “etapas” das partidas não são divididas de forma muito equilibrada. A parte de roubo da chave e abertura do cofre costuma ser bem rápida, durando pouco mais de 2 ou 3 minutos, enquanto a retirada do baú, carregar ele pelo mapa até o ponto de extração e a efetiva extração pode durar qualquer coisa entre 10 e 20 minutos.

E é justamente nesta parte que o John é mais eficiente, já que é onde o combate corpo-a-corpo é mais exigido (e o dele é o menos ruim de se usar, além da capacidade de matar qualquer personagem com um ataque só), dando claros incentivos para que os jogadores usem apenas este personagem, o que faz com que as partidas sejam compostas de 6 Johns e um ou outro dos demais personagens.

Hood: Outlaws & Legends

É perceptível que o jogo possui boas ideias, mas a execução realmente deixa muito a desejar. Isso se estende a outros elementos, como os controles meio travados e imprecisos, a inteligência artificial estúpida dos guardas ou a possibilidade de conseguir dar a volta em um inimigo que está em combate direto contigo e te vendo e, ainda assim, executar um assassinato silencioso.

Os inimigos controlados pela IA são especialmente notórios em seus problemas. Eles são eficientes em te matar quando conseguem te atacar, mas a frequência com a qual é possível simplesmente dar voltas neles, fugindo por todo o cenário com eles incapazes de te alcançar, chega ao ponto de ser hilário.

O último problema “técnico” que vimos foi a extrema dificuldade de achar partidas online. O jogo conta com crossplay, o que deveria facilitar a conexão e ela funciona quando ocorre, mas se você desativar a possibilidade de jogar com outras plataformas, esqueça a ideia de achar partidas. A esmagadora maioria do tempo, se você estiver jogando no console, será contra jogadores de PC e nem sempre eles estão dispostos a jogar com jogadores iniciantes.

Hood: Outlaws & Legends

Por fim, é importante falarmos sobre a monetização do título. Hood: Outlaws and Legends tem um sistema normal de progressão, com o jogador ganhando níveis com os personagens e no seu perfil, tendo missões diárias pra fazer e desbloqueando melhorias para equipar no seu personagem e novos itens visuais.

Os “perks” realmente influenciam bastante a forma de se jogar e recompensam o uso contínuo dos personagens (até porque, caso você queira platinar, precisará chegar ao Rank 10 com todos os quatro). Já os itens visuais são interessantes, mas as skins não são bonitas o suficiente para te fazer se sentir recompensado (apesar disso ser subjetivo).

Hood: Outlaws & Legends

Ainda assim, é de se esperar para ver o que virá no futuro, já que a Sumo Digital anunciou que o jogo receberá 04 temporadas no seu primeiro ano, já tendo um Year 1 Pass disponível para te dar acesso aos três primeiros Passes de Batalha. Há a promessa de novos personagens, mapas e modos de jogo já na primeira temporada, então é o tipo de título que tem potencial para se tornar algo muito bom com o tempo, encontrar o seu público e se tornar mais popular.

E essa é a história de Hood: Outlaws and Legends. Um título cheio de boas ideias, mas ainda também cheio de problemas. Caso o suporte prometido seja bem executado, há bastante potencial para crescer, melhorar e se tornar o título que poderia ser. Até por isso, enquanto o investimento não vale a pena hoje, talvez em uma promoção futura seja possível pegá-lo por um preço melhor e se divertir bastante com o conteúdo que virá com o tempo.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Focus Home Interactive.

Veredito

Cheio de boas ideias mal executadas, Hood: Outlaws & Legends tinha tudo para ser um título à altura do icônico personagem no qual é baseado, mas falha em elementos demais para que ele possa ser recomendado no lançamento.

50

Hood: Outlaws & Legends

Fabricante: Sumo Digital

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Ação

Distribuidora: Focus Home Interactive

Lançamento: 10/05/2021

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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Full of poorly executed good ideas, Hood: Outlaws & Legends had everything to be a title worthy of the iconic character on which it is based, but it fails in too many elements to be recommended at launch.

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Full of poorly executed good ideas, Hood: Outlaws & Legends had everything to be a title worthy of the iconic character on which it is based, but it fails in too many elements to be recommended at launch.

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