Howard Philips Lovercraft, mais conhecido como H.P. Lovercraft, era um escritor estadunidense super conhecido por seus livros que reinventaram o gênero terror. Dentre as produções mais conhecidas estavam O Chamado de Cthulhu, Nas Montanhas da Loucura e A Sombra de Insmouth, clássicos que serviram de inspiração para o título The Sinking City.
The Sinking City foi originalmente lançado em 2019 para PlayStation 4, porém, devido a uma ação judicial, o jogo ficou indisponível na PlayStation Store por muitos meses e a própria publisher comentou o assunto. Hoje, com tudo supostamente resolvido, o título volta à loja online da PlayStation e de quebra, com uma versão totalmente otimizada para a nova geração.
The Sinking City é um jogo que conta a história de uma cidade chamada Oakmont e tem como protagonista Charles Reed, um investigador particular que sofre com visões bizarras e tem à disposição certos “poderes”.
Em algum momento do passado, Oakmont sofreu com um evento extraordinário e ficou semisubmersa. Completamente isolada de outros locais e com diversos casos de um tipo de loucura contagiosa, o lugar tornou-se um verdadeiro ninho de doenças.
Neste local, seu dinheiro não vale absolutamente nada. Devido à crise e ao isolamento, os cidadãos trocam informações e serviços por munições, comida e outras quinquilharias. Por isso, para o detetive Reed se dar bem em tentar descobrir o que está causando a loucura e as visões dos moradores, será necessário vasculhar cada canto em busca de suprimentos, que servirão como moeda de troca durante toda a jornada.
Para quem vê de fora, The Sinking City parece realmente atraente. A história chama a atenção justamente por misturar contos de terror incríveis em apenas um lugar; porém, tecnicamente falando, o título mostra-se um verdadeiro pecado sem chances de redenção.
Uma coisa que não se pode negar é que os gráficos de The Sinking City no PS5 estão belíssimos. Embora em alguns momentos ele seja extremamente exagerado (como cortina interna voando sem passagem de vento), é possível sim se impressionar com os detalhes, principalmente da cidade em si.
No entanto, os elogios à parte gráfica acabam aí, pois embora tenha muita coisa bonita dentro de The Sinking City, há uma falha horrível na expressão facial dos personagens, que lembram muito aquela coisa dura e travada de Mass Effect no PS3.
Outro problema perceptível foi a presença de “fantasmas” na tela. Em determinados momentos e partes do jogo, a imagem ao redor de Reed se distorcia, criando várias camadas do personagem no ambiente. Isso acontecia durante viradas bruscas na câmera, mas ainda assim, é inaceitável que isso aconteça num console de nova geração.
Para piorar um pouco mais as coisas, os inimigos também não são lá muito bem desenhados. Com um pouco da vibe “Silent Hill“, os monstros aparecem aleatoriamente ou em ambientes tidos como “infectados”. Mas o problema, na verdade, está no formato: criaturas sem textura alguma, genéricas, que se movem e tiram muito HP por nada.
Para dar um pouco mais de ênfase nessas criaturas genéricas, é preciso trazer à mesa um pouco mais do sistema de combate e evolução de The Sinking City.
Com uma proposta de mundo aberto, o título tenta trazer um combate que faça jus ao seu modelo de jogo. Porém, infelizmente, The Sinking City não traz algo inovador, dinâmico ou sequer “revolucionário”.
Com um machado e algumas armas de fogo na mão, você deve alternar entre elas para derrotar os monstros bizarros de Oakmont. No entanto, a jogabilidade é tão ruim e travada em combate, que você toma muito mais dano do que causa.
Com exceção do machado, as armas são limitadas. Muito limitadas. Como dito anteriormente, os recursos são extremamente escassos, e isso torna o uso de qualquer outro equipamento muito bem calculado. Para compensar e tentar amenizar a dificuldade, é possível criar balas com itens do cenário, mas ainda assim o jogo não equilibra e joga uma quantidade enorme de monstros na sua frente, o que acaba tornando a experiência até mesmo um pouco frustrante.
Mas não pense você que The Sinking City se resume a armas e machados. Existe também o sistema de habilidades e “lucidez” do personagem, pontos importantes para a sobrevivência no mundo de Oakmont.
Embora as skills de Reed não sejam lá aquelas coisas, elas conseguem elevar um pouco mais a qualidade do gameplay. Em contrapartida, o sistema de sanidade deixa as coisas um pouco confusas.
Durante alguma batalha, por exemplo, a tela do personagem sofre de uns efeitos psicodélicos, como se os monstros estivessem fazendo aquilo. No entanto, em determinados momentos isso acontece de graça, tornando os motivos pelos quais aquilo acontece questionáveis.
Em algumas outras situações, há também a aparição de visões no meio da tela. Isso tenta trazer mais imersão ao jogo, como se você estivesse na cabeça de Reed. Porém, quando esses momentos acontecem, causam um certo desconforto e até mesmo tontura, coisa que desagrada muito a experiência de jogo.
Embora exista um sistema de combate e evolução, o principal foco de The Sinking City é a exploração e claro, a resolução de crimes misteriosos. Afinal, estamos falando de um investigador particular.
Para solucionar os crimes, Reed precisará usar de toda a sua astúcia e poderes. Com um modo de visão especial, é possível enxergar não só marcas “sinalizadoras” no cenário, mas também tipos de fendas que levam à reconstrução do ambiente onde teve o ocorrido.
Estar no papel de um investigador parece legal e divertido. Pelo menos até certo ponto. Tudo acontece muito devagar e as missões são muito tediosas. Para atravessar certos pontos do mapa, é preciso pegar um barco e seguir via rio, porém, a jogabilidade é tão ruim que faz você se perguntar se não há outra forma de seguir para o local.
Após completar uma investigação, o jogador tem o que chamamos de “mapa da mente”. Ali existem algumas hipóteses que vão surgindo ao coletar evidências e que no final, transformam-se em deduções mais assertivas.
Algumas provas devem ser coletadas dentro de lugares como hospitais ou estações policiais ao examinar os arquivos. O único porém desse detalhe é que você deve selecionar exatamente o que quer pesquisar, como a época, quem, quando, como ou onde. E mesmo com as dicas das evidências anteriores, isso pode dar dor de cabeça.
Infelizmente, a exploração como um todo não é boa. Existem muitos bugs que atrapalham algumas investigações, fazendo com que o personagem fique preso em lugares que supostamente ele nem sequer deveria conseguir entrar. Em um determinado momento, por exemplo, em um ambiente completamente vazio, um inimigo – literalmente – brotou na minha frente enquanto procurava por evidências. E esse, obviamente, foi apenas um, de diversos outros problemas.
Quando The Sinking City foi lançado, eu fiquei com muita vontade de jogá-lo justamente pela sua proposta. Os processos posteriores e a retirada do jogo da PlayStation Store me frustraram, mas quando a versão de PS5 foi anunciada, pude ver uma luz no fim do túnel. Mas era tudo ilusão.
The Sinking City tinha potencial de ser um ótimo jogo de aventura de terror, porém, o ritmo lento, quests chatas, bugs bizarros e um gameplay duro, fizeram toda aquela ânsia pra jogar a aventura se esvair completamente já nas primeiras horas de gameplay.
Jogo analisado no PS5 com código cedido pela Frogwares.
Veredito
The Sinking City é um jogo que tinha tudo para dar certo na nova geração, mas além dos problemas técnicos, a trama acaba saturando em muito pouco tempo, bem como todo o sistema em si. Talvez seja melhor passar longe, pelo menos por enquanto.
The Sinking City is a game that had everything to succeed in the new generation, but in addition to the technical issues, the plot ends up saturating in a very short time, as well as the entire system itself. It might be better to stay away, at least for now.
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