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Depois do Hype #2 – Ni no Kuni ll: Revenant Kingdom

Olá, querido leitor. Estamos de volta com mais um Depois do Hype, espaço dedicado para uma “segunda análise” de jogos de sucesso, porém, com foco nas mudanças decorrentes das atualizações. Desta vez, falaremos sobre Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom, RPG desenvolvido pela Level-5 e distribuído pela Bandai Namco.

Caso você não conheça Ni No Kuni, saiba que ele foi um título que nasceu primeiramente no Nintendo DS, em 2010, com Ni No Kuni: Dominion of the Dark Djinn, exclusivo do Japão. O jogo conta a história de um garoto chamado Oliver, e em uma tentativa desesperada de salvar sua mãe, o garoto acaba indo parar em um mundo onde os habitantes são considerados “reflexo” da dimensão do pequeno herói. É desse conceito que nasceu o título Ni No Kuni, que pode ser traduzido como “o segundo país”.

O jogo foi aclamado pela mídia, e uma versão aprimorada foi lançada para o PlayStation 3 em 2011. Intitulado de Ni No Kuni: Wrath of White Witch, era possível ver o quão belo ele era nos consoles de mesa. A versão remasterizada, lançada em 2019 para PlayStation 4, agradou a crítica especializada e ficou com uma média de 86 no Open Critic.

Esse foi um resumo bem básico sobre o primeiro título da saga e seu conceito, mas ele é muito mais que isso. Se você não fazia ideia do que se tratava, agora já é possível ter uma noção do que te aguarda nessa análise pós-hype de Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom

Bem-vindo ao outro mundo

Evan Pettiwhisker Tindrum é o príncipe de Ding Dong Dell, uma terra onde os habitantes são divididos entre “gatos” e “ratos”. Literalmente. Após a morte de seu pai, King Leonhard, o protagonista se vê prestes a ser nomeado rei, porém, ele não se sente preparado para carregar tal responsabilidade.

No dia da coroação, Otto Mausinger, conselheiro do falecido pai de Evan, dá um golpe e usurpa o trono para si. No meio da guerra, um homem aparece magicamente no quarto do príncipe, e ele se apresenta como Roland Crane, um habitante de outro mundo.

Evan sente que não pode confiar em mais ninguém além de Roland e sua mestre, Aranella, que são os únicos capazes de tirá-lo desse lugar para construir o reino que ele sempre quis.

Toda essa confusão que citei acima, acontece logo no início do jogo. E essa é, inclusive, uma das coisas mais legais de Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom. A dinâmica e o famoso “fogo no parquinho”, começam logo quando o jogador pisa no reino de Ding Dong Dell, não dando espaço para a monotonia.

Outro ponto super importante em relação à história, está em como ela se desenvolve. Ao contrário de alguns jogos que conhecemos, Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom tem começo, meio e fim. Nada é deixado para trás, e mesmo os DLCs lançados existem apenas para complementar a história, não “cobrir buracos”, como foi o caso de Final Fantasy XV, por exemplo.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom
Conforme se progride no jogo, novos personagens podem se tornar moradores de seu reino, ajudando-o a crescer. Fonte: PS5 Create

Por mais que Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom possua localidades com nomes muito parecidos com o do primeiro título, eles não são considerados continuação direta.

Durante a jornada, você verá algumas referências a Ni No Kuni: Wrath of the White Witch, porém, aqui os acontecimentos são tratados como uma lenda, não como algo que realmente aconteceu.

Essa forma de ligá-los, sem necessariamente torná-los continuação um do outro, foi simplesmente genial. Com isso, a Level-5 garante que o jogador não seja obrigado a jogar o primeiro título para desfrutar do segundo.

Simplicidade é tudo

A primeira vez que tive contato com Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom, foi na BGS 2017. Naquela época, eu já conhecia o primeiro título, e sabia que podia esperar muita coisa boa da continuação. E minhas expectativas não estavam erradas.

Na demo que joguei no evento, percebi que a jogabilidade estava um pouco “truncada”. Não conseguia pular direito para atingir os inimigos aéreos, e ficava um pouco confuso com tantas coisas acontecendo na tela. Ainda assim, não perdi a esperança de que aquilo poderia ser melhorado.

Na versão final, tudo que eu achei ruim no gameplay foi, de fato, aperfeiçoado. O pulo dos personagens estava mais alto e a jogabilidade em combate mais fluída. As coisas ficaram mais divertidas, fato que acabou dando um gás a mais ao jogo.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom
As lutas nas dungeons costumam acontecer “em tempo real”, criando apenas um ringue, como acontece em Tales of Zestiria, por exemplo. Fonte: PS5 Create

Embora o jogo tenha uma boa jogabilidade, existia algo que ainda incomodava durante os embates: a “paradinha” da comemoração. Ao final de cada batalha, os personagens paravam para comemorar, mesmo que estivessem em movimento. Ela é, de fato, uma animação bacaninha, mas irritava, pois além de um delay chato, impedia de pegar os itens caídos. Mas isso mudou.

Em alguma das atualizações de Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom, essa animação foi “cortada”. Na verdade, ela ainda existe, mas caso esteja em movimento, o seu personagem não vai parar bruscamente para fazer uma “performance vitoriosa”. Esse detalhe pode parecer bem bobo, mas faz diferença.

A jogabilidade geral não mudou muito desde o lançamento. Ela continua simples e eficaz, ponto que torna Ni No Kuni ll extremamente atraente para os fãs de RPGs que não curtem títulos muito complexos.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom
Os Higglidies foram uma ótima adição ao jogo, pois tornam o gameplay ainda mais divertido. Fonte: PS5 Create

Para aumentar ainda mais a vida útil do jogo, a Level-5 garantiu que Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom trouxesse dezenas de armas e algumas roupas diferentes para os personagens. Com a chegada dos DLCs, esse número só cresceu, e uma nova gama de possibilidades chegou para os jogadores aproveitarem ao máximo.

Primeiro pack de aventuras

Embora Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom tenha recebido diversos elogios da crítica, um defeito em comum acabou chamando a atenção: a sua dificuldade. Na verdade, a falta dela. No modo normal ele pode ser bem fácil, e não apresenta grandes desafios. Foi então que, antes da atualização Adventure Pack, a Level-5 não só adicionou novos acessórios e habilidades, como também implementou os níveis Hard e Expert.

O nível Expert, por exemplo, não só aumenta o HP dos inimigos, como também a defesa deles. Tendo isso em vista, é preciso trabalhar melhor as estratégias de batalha. Para compensar a dor de cabeça, a porcentagem de drops raros aumenta, o que garante equipamentos mais poderosos para os personagens.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom
O sistema de dificuldade dentro da Farway Forest aumenta conforme a barra de Danger Level sobe, por isso, fique atento com as orbs gastas. Fonte: PS5 Create

Após a primeira atualização de conteúdos adicionais e correções, o Adventure Pack chegou como DLC gratuito para todos os donos do jogo, e com isso, um novo mundo se abriu para os fãs de longas jornadas.

Além dos novos equipamentos adicionados, a dungeon Farway Forest recebeu 10 níveis a mais para serem explorados, bem como chefes inéditos. Mas não pense que será fácil acessar o local ou derrotar o boss final. Será preciso completar algumas quests extras, que só ficam disponíveis após o fim da campanha principal.

Para aumentar o número de customizações e desafios, foi adicionada, além de novas roupas para Evan, Roland e Tani, uma lista de troféus inédita para os Trophy Hunters que não negam um desafio.

The Lair of the Lost Lord

No primeiro grande DLC de Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom, você deve encarar uma dungeon chamada Labyrinth, e descobrir o motivo pelo qual o Prince of Wraiths quer invadir Evermore. São 100 andares repletos de inimigos, tesouros e claro, uma gama enorme de novos equipamentos, que agora conta com a categoria lendária.

A chegada do DLC também trouxe aos jogadores novas quests, que contam um pouco mais do passado dos personagens. Elas não são muito complexas, mas servem para aumentar um pouco mais o vínculo entre os protagonistas.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom
As orbs coletadas na dungeon servem para abrir um baú especial, por isso, guarde-as para sempre oferecer a maior quantidade possível. Fonte: PS5 Create

Equipamentos e quests não foram as únicas coisas adicionadas em The Lair of the Lost Lord. Se tem uma coisa que realmente faz a grande diferença aqui, são os novos métodos de batalha.

A chegada do Martial Methods ao jogo adicionou novas possibilidades de gameplay. Ele nada mais é que um novo sistema de combate, que libera o uso de diferentes ataques ao personagem, como se fosse uma segunda árvore de habilidades.

Ding Dong Discipline é um dos métodos de combate adicionados ao jogo. Com ele é possível diminuir a velocidade do tempo ao esquivar-se no momento certo, e fazer um combo poderoso. Ao todo são 15 pergaminhos para coletar, totalizando 20 pontos de Martial Methods para distribuir entre as habilidades.

Essas adições no jogo não só o deixaram mais divertido, como também facilitaram um pouco as batalhas contra chefes poderosos. A possibilidade de subir até o nível 120 também ajudou bastante nesse quesito.

The Tale of a Timeless Tome

Assim como o primeiro DLC, The Tale of a Timeless Tome trouxe diversas novidades ao jogo, como novos métodos de combate, equipamentos lendários de Nazcaän e a possibilidade de upar os personagens até o nível 150. Mas não pense que o conteúdo adicional só é baseado nisso. Pelo contrário. A história aqui também ganha muito destaque.

Nesse conteúdo adicional, Evan e seus amigos devem explorar o Midnight Garden, um lugar que só pode ser acessado durante os sonhos. Neste local, eles encontram um personagem chamado The Conductor, que conta que é preciso salvar os High Higgledies dos Nightmares e assim, acabar com a escuridão que consome os monstros.

Durante sua aventura no Midnight Garden, será preciso invadir algumas portas que o levarão às lembranças dos personagens. Na verdade, nem sempre esse lugares irão refletir ao passado. Alguns deles podem mostrar os medos, futuro e até mesmo o presente.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom
No PS4 Pro e PS5, é possível ativar a opção de 4K, que deixa o jogo ainda mais bonito e colorido. Fonte: PS5 Create

Para ajudá-lo nessa aventura, o jogo adiciona dois novos métodos de combate: o Magician’s Method e Martha’s Method. Enquanto o primeiro é focado no aumento do poder de seus ataques especiais, o segundo é totalmente voltado ao uso das habilidades dos Higgledies.

Embora seja possível alocar qualquer estilo de batalha nos personagens, é importante ter em mente qual é a sua fonte de poder. Leander, por exemplo, é muito focado em magias, enquanto Evan é extremamente equilibrado. Mesmo que você possa equipar um Ding Dong Discipline em um dos personagens citados anteriormente, pode ser que o resultado não seja tão eficiente, quanto seria caso Roland estivesse usando-o, por exemplo.

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom
É possível resetar a distribuição dos pontos, caso você faça algo errado na hora de alocá-los. Fonte: PS5 Create

Para os fãs de troféus, The Tale of a Timeless Tome traz um desafio difícil: vencer todos os níveis do Solosseum Slog (uma espécie de Coliseu em Midnight Garden) com rank S.

O mais complicado aqui, é em como a dificuldade aumenta conforme você avança. Acima do nível 20, o jogo automaticamente muda a dificuldade para Expert, obrigando-o a farmar materiais para criar armas mais poderosas.

Não pense que o jogo perde a graça por conta da dificuldade. Pelo contrário. Ele incentiva o jogador a conseguir a maioria dos equipamentos lendários – se não todos -, e a explorar todo o potencial do DLC.

Quando lançado, o conteúdo adicional apresentava um bug onde o som desaparecia em alguns momentos. No entanto, parece que o problema foi sanado, já que isso não aconteceu mais durante as minhas partidas recentes.

Depois do Hype…

Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom se mostrou muito melhor do que quando foi lançado. O gameplay em si, já era muito bom no lançamento, mas os DLCs conseguiram elevá-lo a outro patamar com os novos estilos de luta, habilidades, dungeons, chefes e dezenas de equipamentos incríveis.

Sem sombra de dúvidas, Ni No Kuni ll: Revenant Kingdom é um jogo obrigatório na coleção de qualquer fã de RPG que não se importa em passar mais de 200 horas desbravando as terras de Evermore.

Rui Celso

Jornalista que decidiu se aventurar no mundo gamer desde o tempo em que as revistas eram a principal fonte de informação deste mundo do entretenimento. Hoje eu expandi meu universo e também faço parte do backstage deste universo atuando como Assessor de Imprensa. Só pra constar: Paper Mario é o meu jogo favorito da vida.

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