Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne é uma visual novel desenvolvida pela Chime Corporation, responsável por alguns jogos japoneses de menor escala, e publicada mundialmente pela Spike Chunsoft, empresa que passou a trazer ao Ocidente grandes nomes do mercado de visual novel nos últimos anos.
Explicar o novo lançamento de Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne é uma tarefa um pouco complicada. Para quem acompanha o anime ou a light novel, o jogo é um “remix” de parte de um dos primeiros arcos da história – conta essa parte da história, enquanto introduz novos personagens e uma nova história ocorrendo ao mesmo tempo.
Para quem não conhece, Re:Zero conta a história de Natsuki Subaru, um garoto normal que é transportado para um mundo de fantasia, totalmente diefrnte do seu, em que todos os tipos de pessoas, monstros e magia existem. Logo em seguida, Subaru encontra Emilia, uma meio-elfa, encontro esse que ditará a jornada do protagonista neste novo universo.
Esse é o início da história do universo, mas não do jogo. Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne começa um bom tempo depois do início da história, num momento posterior. É um grande problema, principalmente para quem não conhece a história previamente. Existe até uma opção logo no começo do jogo que te conta, de forma extremamente resumida, o começo de tudo até o ponto de início do jogo, mas é algo que peca bastante.
A história do jogo, então, começa com a disputa real entre as cinco candidatas ao trono do reino, após o falecimento do rei. O problema é que, inesperadamente, uma sexta candidata aparece, interrompendo os planos para a competição real até que a impostora seja identificada e as cinco reais candidatas possam prosseguir com procedimentos tradicionais.
Subaru, Emilia, que é uma das candidatas ao trono, além de todos os personagens de seu partido, deverão então prosseguir com a investigação da impostora, enquanto conhecem as demais candidatas e lutam contra outras forças malignas, como o culto da bruxa, obcecados em perseguir Emilia.
A história do universo de Re:Zero combina tanto o elemento de isekai, ou seja, o gênero em que personagens são transportados para outro mundo ou universo paralelo, assim como o poder especial de Subaru, retorno pela morte, que faz com que o protagonista, toda vez que morre, retorne vivo alguns dias atrás na história, podendo fazer escolhas diferentes e evitar assim a sua morte e outros desastres.
Antes de falar da jogabilidade, fica então a maior crítica a Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne – qual é o seu público? O jogo foi inicialmente vendido como uma história inédita, o que seria um grande atrativo para fãs da franquia. Conforme mais material foi revelado, ficou claro que havia menos conteúdo exclusivo no meio de conteúdo que já havia sido abordado pelas outras mídias.
Não é um problema que o jogo se debruce em conteúdo antigo, porém a forma como o jogo se passa “no meio” e avança o começo de forma muito brusca é péssima. Novos fãs talvez não entendam ou conheçam direito os personagens e as relações entre eles da forma que contam o começo da história e velhos fãs poderão se entediar muito fácil com o conteúdo repetido até aparecer uma ou outra cena nova no meio do que já conhecem e estão acostumados.
De toda forma, decorridas as várias horas com conteúdo antigo e batido para quem já conhecia a história, o último terço do jogo possui conteúdo novo em sua maioria, que é bastante divertido, apesar de que a história acaba caindo em tropos muito batidos e velhos de jogos assim, assim como personagens unidimensionais, principalmente em relação ao grande vilão da história e os personagens que sofrem em suas mãos.
Apesar de ser uma visual novel, o jogo conta com alguns segmentos de “batalha”. Digo “batalha”, mas se trata mais em situações em que o jogador controla Subaru e deverá conversar com os demais personagens, interagir com objetos e com o cenário, para então resolver o problema da hora e avançar na história. São poucas “batalhas” durante o jogo, no geral.
Nesse ponto, é uma vantagem. A jogabilidade dessas batalhas variam entre pouco intuitivas, ou seja, o jogador irá falhar várias vezes até entender em que ordem deverá interagir com o que há ao seu redor para avançar, até a batalhas bobas, em que fica muito óbvio o que o jogador deve fazer.
Desenvolvedoras costumam adicionar esses segmentos a visual novels para aumentar o potencial do público-alvo, mas no caso de Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne, ou a equipe se esforçasse um pouco mais para esse segmento fazer sentido e ser divertido, ou então deixasse mesmo uma visual novel pura.
A arte do jogo talvez seja o seu melhor ponto. São poucas as visual novels tão belas e que não tem cara de baixo orçamento para consoles. A arte dos personagens é tão bonita quanto, senão mais que o anime e mangá, assim como os retratos dos personagens se movimentam, demonstrando suas ações e as emoções que sentem no momento.
A trilha sonora, apesar de existente, aceita seu papel como pano de fundo, permitindo um foco maior na dublagem. O jogo é inteiramente dublado, todas as cenas, tanto em inglês como japonês. Apesar do jogo não ser tão longo, encontrar uma dublagem tão extensa e bem feita, com o mesmo elenco do anime (pelo menos em relação ao elenco japonês), é bem raro e deve ser apreciado.
Escolhas e atitudes diferentes de Subaru causam com que cenas inusitadas ou mesmo outros finais sejam alcançados pelo jogador, já que não há apenas uma maneira de solucionar os problemas que o protagonista se depara durante o jogo. Algumas cenas, porém, requerem que o jogador solucione os problemas de formas com tentativa e erro até chegar a elas.
O jogo não é muito demorado, é possível finalizá-lo por volta de 15 horas. Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne acaba sendo uma grande charada. Não parece que existe um público-alvo que o jogo agrade, é um jogo que se baseia em algo que já existe, o que de certa forma limita o seu alcance por conta de possíveis jogadores se afastando por não terem assistido o anime ou lido o mangá, e cobra o valor cheio de um lançamento num gênero marcado por jogos não só mais baratos, como mais longos.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Spike Chunsoft.
Veredito
Apesar de ser uma exceção do gênero (um lançamento simultâneo mundial de uma visual novel com um bom orçamento por trás do projeto), Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne sofre bastante de uma crise de identidade para achar um público-alvo e em encontrar um equilíbio interessante entre história e jogabilidade.
Despite being an exception to the genre (a worldwide simultaneous release of a visual novel with a good budget behind it), Re:ZERO -Starting Life in Another World- The Prophecy of the Throne suffers an identity crisis to find its audience and also a balance between story and gameplay.
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