Já faz algum tempo desde a última vez que o Agente 47 deu as caras nos consoles. Hitman 2, jogo da franquia lançado em 2018 para PlayStation 4, chegou para mostrar que o assassino mais frio de todos continuava com sangue nos olhos e pronto para matar quem quer que fosse. Agora, pouco mais de dois anos após sua aparição, ele aterrissa na nova geração com Hitman 3.
Em sua estreia da nova geração, Hitman 3 mostra ambientes incríveis, capazes de encher os olhos de qualquer jogador. Mas será que apenas belos ambientes são suficientes para dar fôlego à série?
O Agente 47 é um assassino profissional contratado pela ICA para ser, ao lado de Diana Burnwood, o mais implacável de toda a agência. Porém, muitas águas rolaram desde os acontecimentos de Hitman e Hitman 2, o que fez com que o agente começasse a questionar alguns métodos da empresa.
Em paralelo aos questionamentos do Agente 47, ele e Lucas Grey partem em busca de uma forma de derrubar o responsável pela Providence, uma sociedade ultra secreta que controla todos os assuntos do mundo. No entanto, no caminho para tentar acabar de vez com essa guerra, ele encontra outras muito piores.
Você pôde notar que a história de Hitman já está muito desenvolvida, e qualquer informação a mais aqui neste review pode ser visto como spoiler. Por esse motivo, as informações dadas nos parágrafos anteriores não foram tão profundas quanto se esperava. Mas caso você não tenha tido contato com os outros títulos, Hitman 3 traz uma cinemática chamada: “A Story so Far”, que faz um resumão do que aconteceu até o presente momento.
Mesmo com a existência do resumo, é importante destacar que a IO Interactive teve a brilhante ideia de juntar todos os jogos em apenas um só. Este é um ótimo complemento que só agrega valor ao produto final. Embora o preço não seja lá muito baixo, ele acaba recompensando o jogador com a trilogia completa.
Hitman é o tipo de jogo que deve ser jogado sempre nas sombras. Seja com disfarce ou se esgueirando em algum prédio, a sua missão é manter-se o mais discreto possível, assassinar seu alvo e sair do local.
A primeira missão do Agente 47 em Hitman 3 leva o jogador ao prédio mais alto do mundo, localizado em Dubai. Lá ele precisa eliminar seus alvos e escapar do local, como de praxe na saga. Enquanto você busca maneiras de atingir seu objetivo, é impossível não reparar nos detalhes, que ficaram extremamente lindos no PS5.
É realmente incrível a forma como a IO Interactive reproduziu a construção de Dubai dentro de um jogo, e embora não dê para ver muitos detalhes além do que está ali dentro (e lá fora, de forma um pouco limitada), é possível perceber que o prédio em si foi muito bem desenhado: janelas enormes, o reflexo do sol no piso e nas paredes e muitos outros detalhes incríveis.
Deixando um pouco de lado os elogios ao visual e voltando ao gameplay, é preciso dizer que Hitman 3 não mudou muita coisa se comparado a seus antecessores. Você ainda tem à disposição diversos gadgets e itens de cenário para usar a seu favor, seja para matar, nocautear ou abrir portas trancadas. No entanto, se você jogar apenas uma vez cada missão, vai achar isso tudo cansativo, principalmente se ficar muito tempo preso em um mesmo alvo.
Para aproveitar Hitman 3 ao máximo e não acabar caindo no tédio, é preciso jogá-lo diversas vezes. Isso se deve ao fato de que o jogo tem muitos challenges internos, que te ajudam a subir de nível e a desbloquear itens, trajes e novos pontos de partida. Tudo isso serve para trazer não só mais dinamismo, mas também outras perspectivas do cenário.
Embora o jogo dê a liberdade de começar cada missão de uma forma diferente, é possível que sua estratégia para completar algum challenge seja boicotada pela própria IA. Os alvos costumam seguir um caminho pré-definido por algum tempo, mas quando você consegue se aproximar, o comportamento muda. Na missão “A Death in the Family“, por exemplo, a pessoa quem eu deveria “apagar” apareceu do nada na frente do Agente 47, me deixando com a única opção para não perder tempo: eliminá-la.
Em casos onde os alvos não aparecem de surpresa (como relatado acima), é possível eliminá-los de outras formas, e é aí que Hitman ganha em fator replay. O gameplay geral pode ser repetitivo (mesmo em missões rápidas), mas a grande quantidade de formas para eliminar um alvo é bem grande.
Nós do PSX Brasil publicamos um artigo falando sobre speedrunners que conseguiram terminar a missão de Dubai em menos de 10 segundos. Embora isso seja ótimo (para quem quer apenas seguir a história), não há o real aproveitamento do que o jogo pode oferecer, transformando-se, como consequência, em um título extremamente curto e pouco prazeroso.
Para facilitar a busca pelos alvos do Agente 47, existe um sistema de “sobrevivência”, igual o visto em jogos como Tomb Raider, por exemplo. Tudo que pode ser “atingível” no jogo se destaca em laranja ou amarelo, enquanto que os alvos principais se destacam em vermelho.
A parte boa desse sistema é que ele revela muitas coisas que passam facilmente despercebidas, como itens que vão te ajudar a abrir portas (chaves, cartões, pé-de-cabra) ou a sabotar algum equipamento. Porém, ao mesmo tempo que isso é bom, torna-se um pouco incômodo, pois parece que você vive em razão desse modo de sobrevivência e não aproveita o lindo visual oferecido pelo PS5.
Além do tradicional modo história, Hitman 3 traz alguns modos extras para aumentar o tempo de entretenimento. Um deles é o Silent Assassin, que leva o Agente 47 a uma missão onde ele deve eliminar não só os alvos principais, mas também a maior quantidade de guarda-costas possível.
Outro modo que também está presente é o Contracts. Aqui você pode não só criar suas próprias definições de como e quem os seus amigos devem eliminar, mas também aceitar contratos de terceiros.
Dentro do modo Contracts existe um tipo de filtro, lá você deve escolher coisas como o local da missão, quantos alvos quer eliminar, em quais condições e outros. Isso se torna interessante porque aumenta a longevidade do título; porém, como eu coloquei aqui neste review, ficar muito tempo numa mesma missão pode ser cansativo, então ter que lidar com mais do que três alvos é um verdadeiro teste de paciência.
Além dos modos citados acima, também existem missões extras que na verdade servem como um tipo de challenge. Você é levado para algum dos diversos cenários do jogo e deve eliminar o seu alvo. No entanto, ao contrário do modo tradicional, aqui é preciso assassiná-lo com um item específico.
Em uma das minhas tentativas de jogar essas missões extras, o jogo pedia para que eu eliminasse uma mulher com uma pá. Embora ela estivesse parada 100% do tempo, eu não encontrava essa pá. O desgaste de ter que procurar um item acabou me irritando, o que fez com que eu desistisse da missão.
Existem diversas outras missões, que aumentam a dificuldade conforme você as cumpre, mas para ter acesso a elas é preciso adquirir o pacote Deluxe, que pode ser encontrado por R$429,90 na PlayStation Store.
Hitman 3 é um jogo específico, com uma proposta única e que pode não agradar a todos os jogadores brasileiros, principalmente pelo fato de não haver legenda ou dublagem em PT-BR. Além disso, infelizmente (com exceção dos gráficos no PS5), quase nada mudou em relação aos seus antecessores. Menus, modelos de personagens, modos de jogo, enfim. Parece que você está jogando a mesma coisa de dois anos atrás, só que mais bonita.
Embora existam alguns poréns, o título pode atrair os curiosos e consegue entregar uma experiência diferente a cada partida. Caso você esteja interessado ou é fã da série e perdeu algum título, Hitman 3 vale a pena não só por trazer uma experiência gráfica aprimorada, mas também por seu enredo cheio de reviravoltas e claro, pela trilogia completa em um único pacote.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela IO Interactive.
Veredito
Hitman 3 tem alguns problemas, como sua duração e um pouco de mesmice. No entanto, a adição dos dois primeiros jogos ao pacote agregou um valor enorme à série, tornando-se um dos títulos mais interessantes para se jogar no PlayStation 5.
Hitman 3 has some issues, like its duration and a little sameness. However, the addition of the first two games to the package added enormous value to the series, making it one of the most interesting titles to play on PlayStation 5.
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