Desenvolvido pela Charm Games para o PlayStation VR, Twilight Path transporta o jogador para um mundo mágico, localizado entre o mundo real e o pós-vida, ameaçado por um antigo e poderoso ser que coloca em risco o futuro de todos que ali habitam. Preso neste mundo novo, você embarcará em uma breve e divertida jornada para encontrar o caminho de volta para sua casa, com a ajuda de companheiros peculiares e poderes místicos.
O enredo de Twilight Path segue a linha narrativa de “retorno ao lar”. Muitas obras ao longo dos anos fizeram uso dela, como o clássico Caverna do Dragão, A História Sem Fim e A Viagem de Chihiro, tomando deste último forte inspiração para construir certos personagens e elementos de seu mundo. Entretanto, apesar de ter ótimos elementos para construir um mundo rico e interessante, o título acaba caindo direto no clichê em todas as decisões que tenta tomar, o que contribui para tornar a sua aventura previsível e desinteressante. Some isso a curtíssima duração (pode variar de 1 a 2 horas para ser concluído) e temos aqui uma experiência que falha ao tentar entregar uma história que faça jus à sua fonte de inspiração.
Outro grande problema presente se encontra nos personagens secundários que, apesar de acompanharem o jogador por toda a jornada, possuem como único propósito a entrega de diálogos expositivos a respeito do universo do game. Ainda que haja uma boa interpretação do time de dublagem, é questionável a existência de tais personagens na história, uma vez que o tempo de desenvolvimento gasto com eles poderia ser utilizado para tornar o gameplay mais sólido e duradouro. Vale lembrar que o título somente possui dublagem em inglês, não havendo sequer uma opção de ativar legendas, o que pode acabar limitando bastante o público que pode desfrutar do jogo em solo brasileiro.
Twilight Path segue uma estrutura bastante objetiva em relação à sua campanha, que alterna breves cutscenes com diálogos expositivos com sessões de gameplay em que é necessário resolver algum puzzle para progredir. Para isso, o jogador tem à sua disposição duas magias essenciais, e que deverá utilizar com bastante sabedoria ao longo de sua jornada. A primeira permite que você manipule objetos à distância, como se fosse a “Força” da série Star Wars, enquanto a segunda é uma esfera de energia que revela segredos ocultos ao olhar através dela.
Twilight Path requer o uso de um par de controles PlayStation Move para ser jogado e, uma vez dentro do título, o jogador pode utilizá-los para movimentar suas mãos e realizar magias. O jogo faz uso apenas do gatilhos do controle e, ao pressioná-los, é possível segurar e manipular objetos diferentes com suas mãos. Caso segure os gatilhos simultaneamente por 2 segundos, você ativará a magia de levitação que, como dito anteriormente, é bastante útil para mover coisas à distância. Já para ativar a magia reveladora, basta puxar um pequeno pingente, localizado em um bracelete em seu pulso direito. Tamanha simplicidade nos comandos faz com que tudo funcione muito bem, sendo uma experiência indispensável para iniciantes na realidade virtual.
O jogo cumpre seu dever com sucesso ao apresentar puzzles divertidos e desafiadores, constantemente alterando a fórmula e a maneira com que são apresentados ao longo da aventura. Atividades como manipular objetos, desvendar enigmas, brincar com o tempo, operar grandes máquinas e observar padrões são mescladas e desenvolvidos de forma bastante criativas para manter renovado o interesse do jogador a todo momento.
Os quebra-cabeças são dinâmicos e muito intuitivos, e em momento algum o jogo necessita intervir para manter a progressão, o que é algo bastante positivo. Basta uma rápida análise do cenário, bem como do leque de opções que você pode realizar, para saber o que fazer em seguida para solucionar os problemas que surgem. O único porém presente aqui, é que quando o jogo parece estar se aproximando de seu ápice de diversão ele acaba. Esse término soa prematuro demais, e certamente mais 2 ou 3 horas de gameplay poderiam impactar bastante na experiência como um todo.
Diferente da maioria dos jogos de VR, Twilight Path não possui quaisquer trechos em que o jogador precise se locomover para algum local. Ao concluir um puzzle, uma pequena bandeira aparecerá no horizonte indicando o próximo destino, bastando apertar o gatilho do PS Move para instantaneamente se mover para o próximo local e solucionar um novo desafio. Além de eliminar a monotonia, essa abordagem permite que seja possível apreciar o título sentado em uma cadeira sem nenhum problema, o que pode ser mais confortável para alguns e evita que o jogador sofra de tonturas ou dores de cabeça.
É impossível finalizar Twilight Path e não notar o excelente trabalho do time de desenvolvimento para com a construção do mundo presente no jogo. Há uma mescla interessante entre diversos elementos de culturas ocidentais e orientais, como arquitetura e mitologia, que trabalham em conjunto para criarem cenários que beiram o surrealismo. Muito disso somente é possível graças aos belos gráficos do game, que possuem texturas bem detalhadas e que são acompanhadas de uma excelente iluminação. Isso associado ao bom uso de efeitos de partículas são os ingredientes fundamentais para dar vida às magias que o jogador é capaz de realizar ao longo da campanha.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Charm Games.
Veredito
Apesar de errar na maneira que conta sua história, Twilight Path possui um gameplay simples, criativo e com mecânicas bastante divertidas. Infelizmente, ao invés de destacar os seus pontos mais fortes, o jogo opta por nivelar sua proposta, entregando uma experiência morna e que termina de forma extremamente prematura.
Despite making mistakes in the way it tells its story, Twilight Path has a simple, creative gameplay with very fun mechanics. Unfortunately, instead of highlighting its strongest points, the game chooses to level its proposal, delivering a warm experience that ends extremely prematurely.
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