Chronos: Before the Ashes – Review

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Lançado originalmente para Oculus Rift no PC em 2016, Chronos é um jogo de aventura 3D com elementos de RPG produzido pela Gunfire Games e que se passa no mesmo universo de Remnant: From the Ashes. Apesar de ter conquistado um certo sucesso na plataforma de realidade virtual, o game ainda permanecia inacessível para a parcela do público que queria saber mais sobre o universo de Remnant. Foi pensando em resolver esse problema que a desenvolvedora trouxe Chronos: Before the Ashes, uma versão aprimorada (e que dispensa totalmente o VR) que finalmente chega ao PlayStation 4 e outros consoles.

A história de Chronos: Before The Ashes vem para contar os acontecimentos que levaram o mundo ao estado em que é visto em Remnant: From the Ashes. O jogo se passa em um mundo pós-apocalíptico onde a raça humana luta para sobreviver em meio ao caos causado por seres vindos de uma outra dimensão. A esperança então surge nas mãos de um jovem sem nome (cujo gênero é definido pelo jogador), que parte em uma jornada através de um labirinto para eliminar um perverso dragão, responsável pela desolação do planeta.

Apesar de possuir uma premissa interessante, o jogo faz um péssimo trabalho ao tentar contar sua narrativa ao jogador. Quase toda a trama do título é contada por meio de pequenos documentos e diários encontrados pelo cenário, o que não seria um problema se houvessem uma boa variedade de NPCs dispostos a contar mais sobre o universo, além de detalhes relevantes no cenário que revelassem fatos que ocorreram no passado. Infelizmente, existem apenas 3 personagens secundários no jogo, sendo dois deles completamente irrelevantes para o enredo como um todo. A trama não funciona de forma isolada e, ao seu término, é obrigatório que o jogador se aventure na sequência para que suas perguntas possam ser então respondidas.

O loop de gameplay criado pelo título alterna constantemente entre sequências de combate, exploração e resolução de puzzles. A eficiência do jogador em lidar com esses três elementos determinará a duração do título, que pode render de 6 a 10 horas de gameplay. Apesar de se propor a entregar uma experiência soulslike desafiadora ao jogador, Chronos: Before the Ashes é extremamente acessível para novos jogadores. Isso é totalmente perceptível antes mesmo de iniciar-se o título, uma vez que é possível escolher dentre três dificuldades que podem oferecer uma experiência menos punitiva do que a encontrada normalmente nesse tipo de jogo. Apesar de ser algo totalmente bem-vindo, isso acarreta em alguns problemas que serão tratados de forma mais apurada à frente.

O combate do jogo segue as principais mecânicas estabelecidas por jogos como Demon’s Souls e Dark Souls, porém de maneira mais simples e acessível para aqueles que nunca tiveram contato com tais títulos. Tudo é muito fluido e os comandos são extremamente responsivos, porém o principal problema do combate é a falta de diversidade que ele oferece. Chronos: Before the Ashes não dispõe de magias, armas de longo alcance ou sequer itens arremessáveis que criem diferentes opções para abordar os inimigos encontrados ao longo de sua campanha. A estratégia para eliminá-los é sempre a mesma, na qual o jogador é obrigado a utilizar uma arma corpo-a-corpo, enquanto reveza entre defender, atacar e desviar para sair vitorioso.

Em relação à exploração e à resolução de puzzles, Chronos: Before the Ashes realiza um bom trabalho, criando verdadeiros quebra-cabeças em seus próprios mapas. Não basta apenas explorar, é preciso saber como utilizar os itens importantes corretamente para prosseguir na campanha, e isso envolve inclusive a possibilidade de combinar diferentes objetos no inventário, semelhante ao que é visto na série Resident Evil. O jogo é dividido em quatro regiões exploráveis, cada uma com design, ambientação e tipos de inimigos distintos que colocarão em prova as habilidades do jogador. O game design trabalha essencialmente com corredores e pequenas salas, com poucas áreas realmente abertas que ofereçam espaço ao jogador durante o combate.

O jogador é capaz de realizar ações ofensivas e defensivas ao pressionar os gatilhos do DualShock 4, podendo alternar entre sequências de golpes fortes e fracos, ou ainda defender ataques inimigos com o seu escudo.  Há ainda a esquiva, que pode ser utilizada para desviar de certos perigos se executado no momento certo, e que é acessada ao pressionar o botão círculo. Diferente dos outros jogos do gênero, apenas as ações de defender e esquivar consomem a barra de estamina, permitindo que quaisquer tipos de ataques sejam explorados indefinidamente.

Além do fôlego (stamina) existe a barra de poder, que é preenchida conforme você acerta golpes e elimina inimigos. Uma vez preenchida, é possível imbuir sua arma com algum efeito especial, como causar mais dano ou sugar energia vital, durante alguns segundos ao pressionar o botão quadrado. Vale lembrar que o efeito obtido varia com base em itens místicos que são encontrados pelo cenário chamados de pedras de dragão, que podem ser equipados e substituídos a qualquer momento.

Como fonte de cura, o jogador dispõe do coração de cristal, um equipamento capaz de regenerar completamente a vida do seu personagem ao pressionar o botão quadrado. Inicialmente, o item só pode ser utilizado uma única vez. Porém, no decorrer do curso do jogo será possível adquirir outros corações, aumentando a sua quantidade de usos. É preciso deixar claro que a única forma de recuperar as cargas de regeneração é no caso de morte, sendo extremamente vital que o jogador planeje os momentos ideais para utilizá-lo.

Um dos principais diferenciais de Chronos: Before the Ashes reside na forma como o jogo auxilia o jogador com base em suas falhas. À medida que o seu personagem “morre” ao longo do título, ele envelhece um ano de idade e, a cada 10 anos envelhecidos, você ganha o direito de escolher entre três “traços” ao reviver. Os traços funcionam como melhorias definitivas para o seu personagem, como por exemplo, aumentar os frames de invencibilidade durante a esquiva, possuir maior resistência a dano, etc. Apesar de parecer, não há uma quantidade limitada de mortes no jogo e, ao atingir 80 anos, o seu personagem se torna “imortal ao tempo”, não envelhecendo ou adquirindo traços adicionais após ser morto.

O jogo possui um sistema de nível regido por uma barra de experiência que se preenche à medida que você elimina inimigos. Ao subir de nível, sua vida é inteiramente recuperada e você obtém dois pontos de atributo, que podem ser distribuídos de qualquer maneira para melhorar características como força, agilidade, vida e poder arcano. Um detalhe a se levar em conta é que os atributos de agilidade, força e vitalidade custam menos pontos para serem aumentados quando o personagem é jovem. Dessa forma, cria-se um paralelo interessante com a vida real, uma vez que conforme o ser humano envelhece, torna-se mais difícil desenvolver os atributos citados.

Apesar de interessante, a mecânica de traços impacta diretamente o desafio proposto pelo jogo e, como resultado, cria-se uma experiência que pode ser positiva ou negativa com base no perfil de jogador. De um lado, ela acaba tornando possível que qualquer jogador seja capaz de finalizar o título, uma vez que não existem punições para a morte (você não perde experiência ou itens, além de poder morrer indefinidamente) e, após certo grinding, você estará tão forte que eliminará boa parte dos inimigos sem maiores problemas. Entretanto, essa acessibilidade criada a partir da mecânica proporciona uma experiência fraca e sem nenhum impacto para os jogadores de maior experiência. É justamente aqui que é preciso tocar novamente no problema da seleção de dificuldade previamente citado.

Ao jogar no modo casual, dificilmente o jogador (mesmo um inexperiente) morrerá múltiplas vezes, uma vez que a vitalidade e o dano dos inimigos são altamente reduzidos. Isso vai em contrapartida à mecânica de traços, que acaba sendo subaproveitada, uma vez que depende que o jogador falhe em seu progresso para funcionar. É preciso deixar claro que o problema não é a existência de uma dificuldade inferior, e sim como a mesma (sem o devido balanceamento) acaba rompendo com os princípios e mecânicas de gameplay, que deveriam criar o loop de diversão em primeiro lugar.

A customização do título é bastante limitada, sendo possível apenas alterar-se a arma principal, escudo e o tipo de pedra de dragão equipados. Há uma variedade interessante de armas, cada uma com suas próprias animações de ataque e que podem ser divididas com base no atributo a qual possuem afinidade. Armas baseadas em força são lentas, porém capazes de causar dano massivo aos inimigos, enquanto que as baseadas em agilidade atuam de forma inversa. Há ainda a possibilidade de aprimorar os armamentos a qualquer momento, sendo necessária a utilização de minérios obtidos da exploração do cenário ou da eliminação de inimigos.

A variedade de inimigos em Chronos: Before the Ashes não é muito extensa e há muito reuso de modelos entre eles, com alterações apenas nas armas que os mesmos utilizam. Apesar disso, são bem desafiadores, cada um com seu próprio ataque e peculiaridade que, quando combinados, podem tirar o fôlego do jogador. Os confrontos contra chefes, por sua vez, são bem projetados, e cada um muda o padrão de ataque com base na vida restante, criando combates dinâmicos e divertidos.

O jogo possui uma estética e visual interessante, que mistura elementos tanto contemporâneos quanto medievais e de fantasia para criar ambientes cheios de originalidade. Os gráficos de Chronos: Before the Ashes são consistentes, possuindo texturas simples, mas que cumprem bem a sua função. Há um grande destaque nos efeitos de iluminação e partículas dentro do título, que normalmente quebram os visuais acinzentados com tonalidades quentes e agradáveis. A trilha sonora é inexistente durante a maior parte do tempo, surgindo apenas durante o confronto contra os chefes. O arranjo é totalmente orquestral, mas infelizmente nenhuma melodia torna-se marcante ao longo da jornada.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela THQ Nordic.

Veredito

Chronos: Before the Ashes, mesmo com os seus problemas, é um bom título para quem deseja uma porta de entrada para se aventurar gradativamente no sub-gênero Souslike, de maneira acessível e pouco frustrante. Infelizmente, o mesmo talvez não possa ser dito para jogadores mais assíduos e que estão em uma constante busca por desafios maiores. Caso consiga ignorar seus problemas, pode ser que encontre uma boa e breve diversão.

60

Chronos: Before the Ashes

Fabricante: Gunfire Games

Plataforma: PS4

Gênero: Aventura

Distribuidora: THQ Nordic

Lançamento: 01/12/2020

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (Inclusive Platina)

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Chronos: Before the Ashes, despite its problems, is a good title for those who want a gateway to gradually venture into the sub-genre Souslike, in an accessible and not very frustrating way. Unfortunately, the same may not be true for more regular players who are constantly looking for bigger challenges. If you can ignore its problems, you may find a good and brief fun.

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Chronos: Before the Ashes, despite its problems, is a good title for those who want a gateway to gradually venture into the sub-genre Souslike, in an accessible and not very frustrating way. Unfortunately, the same may not be true for more regular players who are constantly looking for bigger challenges. If you can ignore its problems, you may find a good and brief fun.

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