Lost Records: Bloom & Rage – Review

A DON’T NOD criou algo especial com Life is Strange. No entanto, além do original e a sua sequência numérica, a desenvolvedora não esteve mais envolvida com a série. Com isso, como um retorno a essas raízes de jogos ‘adventure’ com tramas misteriosas e sobrenaturais, recebemos Lost Records: Bloom & Rage.
Primeiramente, é preciso esclarecer que Lost Records: Bloom & Rage é separado em dois grandes capítulos (chamados de fitas). A primeira parte, ‘Bloom’, é a que está disponível a partir de hoje. A segunda, que continua e conclui a história, chega somente em 15 de abril. Dito isso, apenas 50% do jogo está disponível no momento. A compra dele, porém, é referente ao pacote completo – a segunda parte, ‘Rage’, chega via atualização.
Lost Records: Bloom & Rage acontece em duas linhas do tempo distintas. Em uma, num verão de 1995, quatro garotas se tornam amigas. Em outro, em 2022, essas mesmas garotas marcam uma reunião para se verem novamente.
A trama de Lost Records: Bloom & Rage é contada lentamente e você só fica sabendo das coisas aos poucos. Ou seja, não temos o grande cenário dado logo de cara. É como se fosse um fio que seguimos continuamente e sempre trazendo surpresas.
Em Lost Records: Bloom & Rage controlamos Swann em ambas as linhas do tempo. Swann é uma garota tímida, ruiva natural, acima do peso e que adora gravar coisas com a sua câmera. Quando adulta, Swann ainda continua com uma personalidade similar, mas seu visual é desconhecido porque o jogo fica em primeira pessoa.
As outras três garotas são Nora, Autumn e Kat. Nora é uma garota rebelde (e cheia de espinhas no rosto) e energética. Autumn é a mais séria do grupo, sempre pensando duas vezes antes de tomar qualquer decisão. Já Kat é uma garota peculiar que estuda em casa com seus pais e possui uma irmã mais velha chamada Dylan e a qual namora Corey (ambos irritantes para as quatro garotas).
As quatro acabam se tornando amigas por acaso (não vou dar spoilers da história), mas é uma amizade forte o bastante que deveria durar para sempre.
No entanto, fica evidente que em 2022 elas não são mais amigas. Aconteceu uma promessa em 1995 de que não se falariam novamente. O encontro marcado se dá pelo fato de que Autumn recebeu um pacote misterioso direcionado a Bloom & Rage (que é o grupo das meninas) que questiona se elas se lembram de 1995.
Dito isso, a linha do tempo de 2022 é apenas Swann conversando com as garotas adultas em um bar de Velvet Cove (cidade onde se passa o jogo), tentando relembrar o passado. Já em 1995 é onde o gameplay de verdade acontece, em terceira pessoa, com um estilo similar ao já conhecido pelos jogadores de Life is Strange.
Swann possui uma filmadora o tempo todo e você tem acesso a ela pressionando R1. Com o aparelho, você pode gravar qualquer coisa que desejar, mas há pontos específicos como pássaros, objetos e pessoas que funcionam basicamente como os colecionáveis do jogo.
O gameplay de Lost Records: Bloom & Rage não é muito profundo: basta andar, interagir com objetos e gravar o que desejar com a sua filmadora.
Outro ponto é o relacionamento de Swann com as três garotas: as respostas que você escolhe podem aumentar ou diminuir a afinidade que possui com cada uma. Inclusive, há a opção de ficar em silêncio, o que pode ser uma alternativa interessante quando você não gosta das opções que o jogo fornece (apesar de ser difícil ficar parado enquanto espera a opção desaparecer).
O que realmente fisga o jogador é a narrativa, que é muito bem contada e sabe como deixar qualquer um preso e interessado pela história. Como você pode imaginar, há elementos sobrenaturais envolvidos – mas e a explicação? Só jogando para saber.
Lost Records: Bloom & Rage é o típico jogo que precisa ser jogado na “vibe” certa. O que quero dizer com isso é que é um jogo com um foco na narrativa, pouquíssima ação e há até muitos elementos lentos. É aquele game que você precisa jogar com calma e aproveitar o momento, principalmente se você viveu os anos 90, pois há muitos elementos nostálgicos. Caso contrário, pode ser uma experiência frustrante.
Vale destacar que Lost Records: Bloom & Rage possui legendas em português do Brasil (muito boas). Por outro lado, há alguns problemas técnicos, como texturas que demoram a carregar e até algumas coisas meio bizarras com os modelos dos personagens. Por exemplo, em um momento o jogo carregou Kat no início da cutscene com um pescoço virado tipo ‘O Exorcista’. Como é um título narrativo, esses bugs acabam distraindo e tirando a imersão.
Mas deixando os bugs de lado, os gráficos de Lost Records: Bloom & Rage são muito bons. Os modelos dos personagens tiveram uma evolução notória quando comparamos com os outros jogos da DON’T NOD. Os elementos de pele das personagens, como espinhas e sardas, merecem destaque. Outro ponto também é o foco quando se está em primeira pessoa em 2022 – se você olha para um objeto que está longe, os objetos mais próximos ficam desfocados e vice-versa. É um efeito simples, mas realista.
A trilha sonora também é muito boa. Como é de praxe dos jogos do estúdio, há muitas bandas mais desconhecidas com músicas que combinam com a proposta do título.
Infelizmente, ainda não é possível avaliar o pacote completo com metade dele faltando. Mas essa primeira metade é divertida, fisga o jogador com sua narrativa misteriosa e, obviamente, termina de uma forma que o deixa extremamente curioso com o que vem a seguir.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela DON’T NOD.
Veredito
Lost Records: Bloom & Rage é um jogo que deve ser aproveitado na “vibe” certa. Traz uma nostalgia dos anos 90, ao mesmo tempo em que temos uma trama que consegue nos fisgar. O desenvolvimento das personagens é sólido e criam laços com o jogador. Há alguns problemas técnicos que atualizações podem corrigir, além de alguns momentos lentos na narrativa. Mas, em outras palavras, se você gostou dos outros jogos narrativos da DON’T NOD, dificilmente não gostará deste.
[Review baseado na FITA 1: BLOOM]
Lost Records: Bloom & Rage is a game that should be enjoyed in the right “vibe”. It brings back a sense of nostalgia for the 90s, while also having a plot that manages to hook us in. The character development is solid and creates bonds with the player. There are some technical issues that patches could fix, as well as some slow moments in the narrative. But, in other words, if you liked the other DON’T NOD narrative games, it’s hard not to like this one. [Review based on TAPE 1: BLOOM].
[/lightweight-accordion]