Um dos momentos mais esperados do ano chegou para os fãs da Ubisoft e do DeadSec: Watch Dogs: Legion finalmente chegou aos consoles e está pronto para consumir seu tempo nesta, e na próxima geração.
Após receber um teaser num tweet pré-E3 no início de junho de 2019, o jogo teve sua data de lançamento marcada para março deste ano. Porém, por motivos técnicos, a Ubisoft se viu obrigada a adiar Watch Dogs: Legion para o fim de outubro de 2020, quase 10 meses depois da data anunciada.
Com a promessa de trazer diversidade com um novo sistema de recrutamento e uma Londres impecável, a Ubisoft conseguiu deixar os fãs na hype, pois eles viram ali um jogo que parecia ser o melhor da série até então. Bom, ele realmente só parecia mesmo.
Watch Dogs é um jogo que, embora não seja “uma continuação direta” de seus antecessores, busca trazer o tema para aquela narrativa. Um exemplo disso pode ser visto em Watch Dogs 2, que traz sim referências ao primeiro título e até os personagens dele, porém, a história não necessariamente se conecta.
Para exemplificar um pouco mais o que mencionei no parágrafo anterior, temos o atual Watch Dogs: Legion. O enredo principal aqui é sobre um “hacker supremo” chamado Zero-Day que causou um atentado em Londres e incriminou o DeadSec. Para se aproveitar dessa oportunidade, a Albion, empresa de segurança privada, recebeu um mandato do governo para caçar todos os membros do grupo de hackers e manter a paz em Londres. Mas será que isso realmente aconteceu?
A Albion passou a tomar conta da Inglaterra, e seu contrato começou a ser renovado indefinidamente. Os serviços prestados pela empresa se expandiram, e agora eles também usam seus drones para fazerem entregas ou até mesmo ajudarem em construções. Em outras palavras: a empresa passou a bater recordes de lucro, enquanto que as acusações contra o DeadSec começaram a ser questionadas.
Pelo que você leu até aqui, pôde perceber que embora a trama envolva o DeadSec, ela consegue perfeitamente ser isolada, já que se passa em outro local e com outros personagens. As únicas coisas que conseguem manter os antecessores vivos são as referências (sejam em roupas ou citações) ou participações especiais, como a de Aiden.
A história inicial é atraente com todo esse “Q” de conspiração. Além disso, para chegar até o Zero-Day, será preciso enfrentar os chefões do crime organizado, e pode-se dizer que essas missões são bem pesadas, visualmente falando. Porém, isso não muda o fato de que com o tempo parece que tudo se arrasta, e mesmo após avançar tanto, o ar de que “ficou faltando alguma coisa” continua lá.
Para compor todo esse cenário de conspiração, é preciso inserir personagens nele, certo? E bem, se tem algo que não falta em Watch Dogs: Legion, são pessoas para participar do contra-ataque à Albion.
Ao contrário de Watch Dogs 1 e 2, que contava com personagens fixos para lidar com a bagunça causada pela Blume, Watch Dogs: Legion se encarrega de trazer uma multidão que busca liberdade e o fim da opressão. Com esse cenário em mãos, cabe a você recrutar esses defensores da democracia.
Quando a Ubisoft disse que você poderia “ser qualquer um” no jogo, eles não estavam brincando. É possível recrutar médicos, advogados, pedreiros, policiais, seguranças…enfim. Opção é o que não falta! Porém, existe uma falsa sensação aqui de que “há muito a se fazer”, mas na verdade, é tudo “pré-definido”.
Durante as missões, por exemplo, novos agentes são recrutados automaticamente, seja porque aquilo faz parte do processo ou simplesmente porque ela foi concluída. Tendo isso em vista, o jogador não sente a necessidade de ficar rodando Londres para recrutar novos defensores. Claro, existem locais que ficam mais fáceis de acessar com um policial ou guarda da corte, por exemplo, no entanto, a porcentagem do quanto isso facilita sua vida em ambientes hostis é tão irrisória, que não faz muita diferença.
Outro ponto extremamente importante a se levantar e que talvez não empolgue o jogador, são as missões de recrutamento. Elas são tão repetitivas, que tudo fica tedioso no decorrer do tempo. Além disso, algumas dessas quests te fazem sair do ponto A, viajar mais de 3000 mil metro para o ponto B, resolver o problema e voltar ao ponto A. Existe sim a viagem rápida, mas você precisará escolher entre o loading e a necessidade de abrir mais o mapa de Londres.
Como você pôde perceber até aqui, Watch Dogs: Legion tem um foco nos NPCs, que na verdade não são NPCs, já que todos – com exceção daqueles que odeiam o DeadSec – são recrutáveis. E esse fato, obviamente, tem seu lado bom e ruim da história.
A parte boa está na divisão dos gadgets. Cada agente possui uma habilidade – inútil ou não – passiva ou ativa exclusiva. Porém, existe um sistema de pontos para liberar esses equipamentos e truques para todos os recrutas, o que torna a diversidade ainda maior.
Com novas habilidades e gadgets liberados, o jogador têm à disposição um leque enorme de novas formas para distrair os oponentes e enganar a Albion. A mais legal de todas, sem sombra de dúvidas, é a aranha-robô. Algo parecido foi visto em Watch Dogs 2, com o carrinho e o drone, porém, a coisa aqui evoluiu ao ponto de você preferir se infiltrar num prédio usando apenas esse brinquedinho. E posso dizer que isso é possível!
Mesmo que esses gadgets e habilidades sejam muito legais, só há duas formas de conquistar pontos de tecnologia: completando missões ou pegando-os no mapa. A primeira forma não é o suficiente para você aprimorar tudo que existe na árvore de habilidades, sendo necessário caçar os pontos verdes dentro de Londres. Porém, esse segundo método é um tanto quanto cansativo.
Os pontos de tecnologia só são revelados quando você domina uma região, ou seja, quando o DeadSec rompe o poder da Albion sobre aquele distrito. Quando isso acontece, todos os colecionáveis aparecem no mapa, no entanto, a leitura acaba sendo um pouco confusa, pois existem muitas coisas amontoadas. Além disso, diversos itens não são revelados num primeiro momento com o uso do radar, o que te faz questionar se o tesouro realmente está lá.
Embora eu já tenha citado alguns detalhes ruins dentro do que seria o “parágrafo bom”, é preciso frisar algo muito importante no lado ruim da história: a dublagem. E isso serve tanto para a versão em PT-BR quanto para a em inglês.
Primeiro ponto a ser levantado é que a dublagem em português não é baixada automaticamente junto com o jogo. É necessário fazer um download a parte de pouco mais de 4 GB para ter acesso ao recurso. O segundo ponto é que, infelizmente, ela está forçada demais.
Como dito anteriormente, o foco de Watch Dogs: Legion está nos “NPCs”, não em personagens “destaque” como um Aiden, Marcus ou Sabine da vida. Porém, mesmo com esse background, parece que a Ubisoft deu muito mais atenção aos que seriam os “mocinhos principais” do que aos agentes.
É muito comum vermos o mesmo dublador fazer vários personagens – pequenos – dentro de um jogo, porém, pela proposta de Watch Dogs: Legion isso não funciona muito bem, pois eles acabam não tendo personalidade, tornando-se agentes genéricos.
Existem sim algumas formas de envolver esses agentes no jogo, como uma conversa entre uma missão ou outra, mas é complicado manter a qualidade tendo tantos personagens para lidar.
Embora Watch Dogs: Legion tenha lá seus problemas, uma coisa não podemos negar: os gráficos são lindos demais. Já no fim da atual geração, a Ubisoft conseguiu extrair o melhor do PS4 Pro e preparou o título muito bem para a nova geração.
As expressões faciais dos personagens não são duras e conseguem convencer muito bem. Efeitos de luz, sombra e reflexo são estonteantes. Eu, particularmente, nunca fui a Londres, no entanto, o jogo consegue me fazer mentalizar um lugar realmente lindo e rico em detalhes. Com exceção dos efeitos de água, que estão inferiores aos vistos no primeiro jogo da série.
Tudo que estou falando dos gráficos de Watch Dogs: Legion não é exagero, ele realmente é bem bonito, porém, existe um problema chamado renderização, e ele pode estar na esquina à sua espera.
Durante o gameplay, é possível perceber que às vezes o jogo não carrega por completo, e o fato acaba deixando uma parte mais bonita que a outra. Um exemplo disso está na silhueta dos agentes especiais – disponíveis na versão Ultimate -, que ficam com uns serrilhados estranhos. Este é um detalhe muito específico e nem sempre é grave, porém, para um jogo desse porte, espera-se um cuidado maior.
A Londres de Watch Dogs: Legion é grande. Bem grande. E por termos um ambiente deste porte e tantos personagens à disposição, existe a chance de haver alguns bugs, e infelizmente, aqui você encontrará muitos deles.
Durante a aventura, me deparei com diversos problemas técnicos um tanto quanto inusitados. Um deles, por exemplo, foi a câmera girando em 360º sozinha enquanto eu caminhava pelas ruas estreitas da cidade. Além disso, a interação com objetos do cenário está realmente estranha. Por muitas vezes eu não consegui subir num lugar aparentemente simples, e quando conseguia, era justamente via os bugs, não pelos meios tradicionais.
Sobre os veículos, é possível tanto roubar quanto pegar aqueles que são movidos via wi-fi. Porém, aqui recomendo fortemente as motos no geral, pois as ruas de Londres são bem estreitas e o gameplay dos carros (a maioria deles) é duro.
Nos combates – que está muito mais dinâmico e imersivo, diga-se de passagem – a câmera às vezes trava em um inimigo e o impede de enxergar o outro. Este, na verdade, pode ser considerado um bug bem ocasional, já que não ocorre com frequência.
Outra coisa que mistura um pouco de bug e ajustes, está no campo de visão do robô-aranha. Quando você entra em um duto de ventilação, a câmera muda para primeira pessoa. Entendo perfeitamente a tentativa de trazer a imersão, porém, quando está muito escuro, é complicado enxergar o caminho. Além, é claro, de que às vezes a câmera em primeira pessoa trava no momento em que ela na verdade deveria estar em 3ª.
Tirando esses pontos negativos que fazem uma mistura de bugs e jogabilidade, pode-se dizer que o gameplay em Londres é bom. Claro, ele poderia ser melhor e ter uma resposta mais rápida às ações, mas no geral ele agrada.
Watch Dogs: Legion é um jogo com uma proposta interessante e que tinha tudo para dar certo, mas há tantos “poréns” no meio das coisas boas existentes, que fica difícil de defender.
Londres é linda aos olhos dos agentes, e há tantos mini games no mapa que isso acaba te fazendo viajar no mundo de Watch Dogs: Legion. Ao mesmo tempo, é tudo tão repetitivo que dificilmente você vai querer ficar explorando essa cidade por muitas horas seguidas, e posso afirmar que, se quiser conquistar a platina, elas serão muitas.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Ubisoft.
Veredito
Watch Dogs: Legion prometeu muita coisa, porém, o excesso de informações acaba não dando o devido foco ao que realmente ele vende: o recrutamento dos agentes. Com muitas quests secundárias passáveis, cansativas e diversos bugs, Legion entrega um produto final inferior ao seu antecessor.
Watch Dogs: Legion promised a lot, however, the excess of information ends up not giving due focus to what he really sells: recruiting agents. With many passable, tiring side quests and several bugs, Legion delivers an inferior product than its predecessor.
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