E se você fosse residente de um mundo de vidro, onde tudo é tão brilhante e frágil que chega a dar medo só de pensar? Esse é o cenário de Gleamlight, onde o jovem guerreiro Gleam anda de um cenário a outro em busca de algo que nem nós sabemos o que é exatamente.
Com uma premissa diferentona, Gleamlight traz ao jogador uma experiência totalmente muda, onde não existe interface de usuário, letreiro ou sequer uma história. Se isso é algo ruim? Bom, você vai descobrir nessa análise. Mas já posso adiantar aqui que pelo menos a trilha sonora é bem gostosa de se ouvir.
Como dito no início deste texto, Gleamlight não possui uma história. Quer dizer, ele tem lá o seu conceito, porém, nada é explicado. Tendo isso em vista, cabe ao jogador criar a sua própria experiência.
Eu, particularmente, criei na mente um enredo onde Gleam, o protagonista, parte em busca de uma forma de acabar com o preconceito contra aqueles residentes que não possuem brilho próprio. Por outro lado, eu também poderia transformar o personagem principal em “vilão”, já que existem dois finais.
Embora a proposta de se criar a própria história (teoricamente, falando) soe bacana, a execução pode deixar a desejar. E eu não digo isso pelo fato do jogo não ter uma palavra sequer, mas sim por todo o resto, inclusive o gameplay repetitivo.
Existem diversos poderes que podem ser adquiridos ao derrotar os chefes. Isso deixa tudo mais interessante e, junto com todo o resto do gameplay e ambientação, faz você se lembrar de Hollow Knight, principalmente pela dificuldade. Porém, Gleamlight fica devendo na jogabilidade, que mesmo tendo uma proposta simples, falha em momentos preciosos e decisivos.
Em diversas situações, Gleam fazia um comando contrário àquele dado. Esse problema não é tão grave quando se está enfrentando inimigos comuns, mas as batalhas contra os chefes podem se tornar um verdadeiro teste de paciência.
Além do problema com a jogabilidade, existe também a repetição no gameplay. O único momento em que se pode variar com seus poderes é durante a luta contra os chefes, que é onde você tem mais espaço para agir. No mais, tudo que lhe resta é atacar com os comandos básicos, pois há tantos inimigos na tela que, caso você tente fazer qualquer gracinha, as chances de morrer só aumentam.
Em contrapartida à jogabilidade, a Dico Co. conseguiu trazer belos cenários para Gleamlight, que conta com efeitos visuais lindos, daqueles que fazem você ficar admirando por muito tempo. Porém, essa beleza toda acaba enjoando quando o jogo te obriga a fazer o caminho de volta para enfrentar o chefe final.
Pela falta de uma interface que mostra o total de vida e outros atributos, os gráficos brilhantes ajudam o jogador no monitoramento do HP. Quanto mais escuros os personagens estiverem, mais perto da morte eles estarão.
Uma sacada legal do título é que tanto o protagonista, quanto os inimigos, podem sugar a energia um do outro quando recebem ataques. Muitas batalhas podem demorar por causa desse sistema, o que não é ruim. Claro, às vezes você pode pensar que é tudo muito injusto, já que os cenários ficam abarrotados de inimigos e as chances de morrer são muito altas. Porém, se te serve de consolo, existe um troféu que só pode ser desbloqueado após morrer 100 vezes.
Gleamlight tenta trazer uma aventura conceitual, porém, ele se perde no caminho e leva o jogador junto para esse desconhecido. Um exemplo disso é quando, após uma luta contra o chefe, ele de repente “acaba” e mostra os créditos finais. Se você não for do tipo explorador para descobrir que é preciso voltar no arquivo salvo e continuar a partir dele, vai achar que gastou R$36,99 reais num título com duração de uma hora.
É possível terminar a aventura em pouco mais de duas horas. Caso esteja em busca da platina, será necessário investir de quatro a cinco horas do seu tempo. Não é difícil, mas é preciso avaliar se esse investimento realmente valerá a pena.
De modo geral, a Dico Co. quis arriscar, em pleno 2020, num jogo muito mais voltado para a parte visual do que a história. Pelo preço, ele pode ser uma aquisição ok, porém, é preciso entender que estamos numa época onde as pessoas querem se conectar com os personagens, e infelizmente, isso é algo que Gleamlight não consegue entregar.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela D3 Publisher.
Veredito
Gleamlight é um jogo visualmente lindo, porém, seu gameplay repetitivo e falta de fator replay deixa o jogador com um pé atrás. Caso esteja procurando algo rápido e bonito por R$ 36,99, ele talvez possa suprir a sua necessidade. Mas não vá com muita sede ao pote.
Gleamlight is a visually beautiful game, however, its repetitive gameplay and the lack of a replay factor are a problem. If you are looking for something fast and beautiful for an affordable price, it may be able to satisfy your need. But don’t expect too much from it.
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