Seis detalhes para relembrar do primeiro The Last of Us e se preparar para Part II
O lançamento de The Last of Us Part II está bem próximo, e você já leu aqui no PSX Brasil nossas primeiras impressões e nossa análise completa e sem spoilers do game. Chega o melhor momento para retomar alguns dos detalhes mais importantes do primeiro game – e de seus derivados – para não perder nenhum detalhe da trama do segundo jogo, uma continuação direta e bastante integrada aos eventos que vimos lá em 2013. Preparamos alguns destaques e, claro, se você se lembrar de mais algum, traga para os comentários desta postagem.
1. Quem são os infectados?
The Last of Us pode se apropriar de vários conceitos clássicos do sub-gênero de zumbis do cinema e também dos videogames, mas a praga que devastou a humanidade é algo muito mais palpável (e por isso, mais assustador) do que mortos-vivos: trata de uma realidade onde a espécie de fungo Condyceps (que existe na natureza e é capaz de crescer dentro de insetos e outros artrópodes) começa a infectar humanos também. Crescendo dentro de seus corpos, eles podem ser transmitidos pela mordida, mas ao contrário da tradição zumbi convencional, não reanima cadáveres. Dependendo do tempo da infecção, há estágios novos a serem alcançados. TLoU apresenta 3 principais momentos – corredores, estaladores e baiacus, mas certamente há outras formas que ainda não conhecemos. Vale a pena compreender bem esse ponto, porque esse segundo capítulo da franquia já parte do princípio que o jogador sabe de tudo isso com profundidade e não vai retomar o tema, salvo alguns documentos contextuais que se encontra ao longo da jogatina.
2. Quem é a Ellie, protagonista do game?
No primeiro jogo, Ellie foi, na maioria da campanha, uma sidekick do personagem que controlávamos, Joel. Tratada como uma espécie de salvação da humanidade por ter se mostrado imune ao Cordyceps, ela foi o macguffin, a motivação que movimentou a jornada de travessia pela qual passamos e que almejava levá-la aos Vaga-lumes que poderiam, a partir dela, criar uma cura para essa praga. Em alguns trechos, tomamos o controle dela e acompanhamos um certo amadurecimento da personagem, mas é na expansão do primeiro jogo, Left Behind, e na HQ Sonhos Americanos que ela assume o foco da narrativa e nos prepara para o game de 2020, quando as motivações da jornada são diferentes e é na pele dela que estaremos enfrentando um mundo em ruínas.
3. Aliados e inimigos
Sim, Neil Druckmann, diretor do jogo, é um pupilo declarado de George Romero, que é considerado o grande pai do gênero de zumbis nos cinemas, e compreende bem os conceitos que estão intrínsecos e que movem narrativas nesse formato. Os infectados são as ameaças mais óbvias, perigosas, animalescas, inconscientes e, portanto, agressivas e violentas. Mas em um mundo arrasado, a sociedade entra em frangalhos e o que emerge disso pode não ser tão civilizado como se poderia esperar e pode sim fazer emergir os verdadeiros antagonistas. Quando nossa estrutura social cai, o que sobra? A necessidade de sobrevivência pode trazer à tona o que de pior há na humanidade e quando pensamentos e ideias entram em conflito em um mundo sem leis, o que sobra? Perceba, não há heróis imaculados e vilões megalomaníacos, o maniqueísmo não tem espaço no pós-apocalipse. Compreender essa dualidade, essa diversidade de um mundo polarizado é essencial para aproveitar The Last of Us Part II.
4. Reconstrução do mundo
Falando das diferentes facções, é fundamental se atentar para o fato de que o mundo pós o Oubreak Day não se divide entre infectados e sobreviventes somente. No começo, zonas de quarentena foram criadas, os militares estabeleceram regras bastante rígidas, houve muita revolta e o resultado deste estado calamitoso foi o surgimento e a sedimentação de vários grupos ideologicamente distintos entre si. Já conhecemos os Vaga-lumes, parte essencial da trama do primeiro game, mas o mundo é enorme e obviamente eles não são o único grupo organizado. Em The Last of Us Part II encontraremos outras formas de organização, outros modos de pensar e agir, e reconhecer os padrões de cada sistema é a forma mais efetiva de agir contra eles. Como se comunicam? Como se estruturaram? Em torno do que gira seus novos – e velhos – costumes e tradições? E, para quem gostar de refletir sobre o tema, quais os paralelos com o nosso mundo atual?
5. Mecânicas e sistemas de progressão
The Last of Us Part II chega sete anos depois do jogo que iniciou a franquia. Um intervalo bastante significativo, uma geração inteira entre os dois. Mas há muita familiaridade entre um e outro, sobretudo no que tange a jogabilidade. Tudo permanece muito coeso e realmente ambos formam um conjunto uníssono. Isso significa que não há reinvenção da roda e tudo o que se aprendeu antes vale agora. Sistemas de tiro, seleção de armas e utilização de suprimentos de saúde e bombas são exatamente iguais. A criação de itens a partir de trapos e restos coletados é praticamente o mesmo com uma atualizada na interface. Sai um item, entra outro, mas tudo é muito familiar para quem já jogou o primeiro, então mesmo que você não tenha interesse em jogar a campanha inteira novamente, vale um retorno a algumas missões, sobretudo de combate mais intenso, para aquecer os dedos e os reflexos, reeducar a mente para o tempo de movimento da mira e o uso de garrafas para distração, e certamente já entrará na segunda parte pronto para os desafios mais perigosos.
6. Segredos e mentiras
O final do primeiro jogo é um dos pontos que trouxeram as maiores discussões sobre a essência dos personagens. Aqui, óbvio, vale o lembrete de spoilers do primeiro game. Sim, Ellie poderia realmente ser parte da cura e da salvação da humanidade, mas para isso, teria que ser sacrificada, uma vez que era necessário tirar tudo o que se precisava de seu cérebro. Ao saber disso, Joel decide que não deixaria que isso acontecesse, e no caminho praticamente dizima o grupo dos Vaga-lumes, consegue salvá-la e a leva embora desacordada do laboratório. Ellie estava inconsciente do que aconteceria com ela e, ao questionar Joel mais tarde, ele mente, diz que não haveria como ela colaborar e que por isso, foram embora. Ainda que não passasse segurança nesta versão, ele a mantém. O jogo termina com Ellie aceitando o argumento, mas fica a dúvida do quanto ela acreditou nisso. Esse evento irá definir o futuro da relação de ambos, e a expectativa é o quanto a mentira se manterá, e quais as consequências caso a verdade venha a tona.
Esta nossa seleção, claro, é parte da nossa visão sobre o que é necessário saber (e lembrar) para tirar o máximo proveito do segundo game, que chega oficialmente no dia 19 de junho de 2020. Há muitas outras camadas a serem exploradas, muitos conceitos interessantes a serem abordados e você é muito bem-vindo ao debate aqui nos comentários, claro, evitando spoilers do segundo jogo para não estragar a experiência de ninguém. E que venha The Last of Us Part II!