Nas gerações do Mega Drive e Master System, inúmeros títulos se destacaram. Vários jogos se tornaram clássicos e são amados até hoje. Infelizmente, apesar disso, muitas séries ficaram presas a esse passado e não vimos novos games desde aquela época. Uma dessas séries é Streets of Rage.
Streets of Rage é um “beat’em up” nos moldes clássicos. No original, você controla um policial (Axel, Blaze ou Adam) e deve espancar criminosos nas ruas. Mais direto, impossível. O que tornou Streets of Rage um clássico é a sua fórmula de sucesso: gameplay viciante, trilha sonora inesquecível de Yuzo Koshiro, ótimo cooperativo e desafio na medida certa. Outras duas sequências vieram em seguida, sendo que o segundo título é considerado de uma forma geral uma obra-prima (apesar de pessoalmente achar o terceiro o melhor de todos).
Apesar dessa qualidade indiscutível, Streets of Rage foi “esquecido” pela SEGA desde então, ao lado de vários outros clássicos daquela época. Um ressurgimento, porém, tem ocorrido nos últimos tempos. Não me refiro a apenas Sonic Mania que tentou buscar o que o ouriço tinha de melhor, mas estou falando de jogos como ToeJam & Earl e principalmente de Wonder Boy: The Dragon’s Trap. Este último merece destaque por conta de sua desenvolvedora: a Lizardcube.
Sabendo do desejo dos fãs por um novo Streets of Rage, a Lizardcube, DotEmu e Guard Crush Games conseguiram convencer a SEGA de que era hora de Axel, Blaze e cia retornarem. E que retorno!
Streets of Rage 4 respeita as suas origens de todas as formas possíveis. A história continua simples e direta: anos após a derrota de Mr. X, os seus filhos, Mr. e Ms. Y, são os novos vilões que desejam comandar a cidade. Sabendo da treta, Axel retorna após uma mensagem de Blaze, enquanto que Cherry (filha de Adam do primeiro Streets of Rage) e Floyd (aprendiz de Dr. Zan de Streets of Rage 3) se juntam ao grupo. Adam Hunter também é jogável, mas é um personagem destravável.
Aproveitando a deixa dos destraváveis, Streets of Rage 4 possui basicamente todos os personagens dos Streets of Rage anteriores jogáveis, porém com o estilo gráfico daquela época. Você os destrava jogando, o que incentiva no fator replay do título.
De longe, o aspecto mais belo de Streets of Rage 4 são seus gráficos. Os desenvolvedores souberam trazer o “feeling” dos originais aos tempos atuais. A trilha sonora também é excelente, ainda mais contando com nomes como Yoko Shimomura e o próprio Yuzo Koshiro. Mas não adianta ter um aspecto visual belo e uma ótima música se o gameplay não compensa. Por sorte, Streets of Rage 4 também é muito bom nesse sentido.
Streets of Rage 4 é bem parecido com os clássicos. Quem está acostumado com a série, se sentirá em casa aqui. Os comandos são simples: X pula, quadrado ataca, triângulo é o especial e bola serve para pegar os itens (você agora não pegará mais acidentalmente um item que era para o seu colega só porque queria atacar).
Os combos continuam simples: uma sequência básica acontece ao pressionar quadrado em sequência, enquanto que um golpe especial simples é executado ao pressionar para frente duas vezes e quadrado. Se você chegar perto de um inimigo, o agarrará automaticamente e pode arremessá-lo para frente ou para trás (ou bater nele com quadrado). O golpe com triângulo é um especial como existia nos jogos antigos, mas você perde vida ao usá-lo. No entanto, existe como recuperar essa vida perdida: basta atacar os oponentes normalmente que sua vida retornará. Porém, se tomar dano, aí sim será uma perda permanente. É um sistema interessante e que substitui aquela barra que preenche automaticamente em Streets of Rage 3, por exemplo (e que se estivesse vazia, você perdia vida). Ou seja, se você for bom, consegue usar os especiais várias vezes desde que não tome dano.
Até aqui, tudo o que foi citado é muito similar aos antigos. A principal novidade fica por conta de um especial que é ativado pressionando bola e triângulo. Ele paralisa a tela e causa bastante dano a todos os inimigos ao seu redor. Você só pode usá-lo quando tiver uma estrela (que é gasta no processo). Mais estrelas podem ser pegas na fase como itens comuns (como as maçãs e frangos que restauram vida).
Outra novidade no gameplay está nos itens. Você ainda pode pegar as facas e pedaços de metal do chão para espancar os inimigos, mas há uma mecânica agora que permite arremessar qualquer item (com bola) na direção desejada. Inclusive, se o item retornar a você, é possível pegá-lo no ar pressionando bola. É uma mecânica bacana e bem-vinda.
De forma geral, o gameplay de Streets of Rage 4 lembra bastante o de Streets of Rage 2. Os rolamentos e as corridas presentes no terceiro jogo não estão aqui. Porém, é preciso citar que a personagem Cherry compensa nesse sentido para quem está acostumado a esse gameplay: ela possui uma corrida, ao contrário de Axel e Blaze, por exemplo.
Uma novidade em SOR4 é a contagem de combos. Se você mantém uma sequência de acertos sem tomar dano, a contagem continua, fornecendo mais pontos. Além disso, SOR4 permite mais possibilidades de combos “juggle”, ou seja, com o oponente no ar. Por exemplo, você pode dar uma voadora e continuar dando socos no inimigo – mesmo se ele estiver em animação de queda.
Obviamente, tudo que está sendo citado é referente aos personagens de SOR4. As suas versões retrô são basicamente similares aos jogos que vieram – Axel de SOR1 não possui o seu Grand Upper (o “catapó” ou “vatapá” para os íntimos), por exemplo, tendo acesso a apenas comandos básicos de golpes e o especial com o carro de polícia.
O forte de Streets of Rage é o seu cooperativo e isso continua presente aqui. No online, você pode jogar em dupla com um amigo seu, enquanto que no offline é possível jogar em até 4 pessoas. É bastante divertido e o sistema de combos citado continua contando para todos os jogadores, o que torna divertido buscar números cada vez maiores.
Infelizmente, o online possui alguns problemas. Em nossos testes, tivemos alguns picos de lag e, em um dado momento, o jogo dessincronizou a sessão. Em outro ainda, apresentou uma mensagem de erro do PS4 que forçou o fechamento do game. Apesar disso, o modo online é jogável e graças aos salvamentos automáticos pouquíssimo progresso foi perdido.
Ainda no multiplayer, temos o Modo Batalha, que é basicamente um modo Versus em que você enfrenta seu amigo, ao invés de eliminar criminosos. É um modo que já existiu no passado e é interessante que exista, mas honestamente poucos deverão jogá-lo.
Streets of Rage 4 é um jogo curto. Você provavelmente o finalizará em torno de duas horas. Porém, o game incentiva o jogador para que o finalize mais vezes, com personagens diferentes (e destravar mais deles) e nas variadas dificuldades. Há um modo Arcade, em que basicamente não há Continues, mas sua essência continua similar à campanha principal.
As fases da campanha são bem variadas, sendo que os tipos de inimigos também variam em um número considerável. Os chefes, porém, faltaram um pouco de inspiração por parte dos desenvolvedores quando foram criados. Alguns são interessantes, outros são um retorno do passado, mas de forma geral o desafio que apresentam são similares, com algumas exceções.
Em relação às dificuldades, Streets of Rage 4 é um jogo desafiador. Mesmo no Normal você notará que é difícil conseguir um rank S nas fases e verá que é comum receber um B ou C.
Streets of Rage 4 é um título criado para os fãs da série, principalmente de SOR2. É extremamente recomendado para aqueles que sentem falta da época do Mega Drive. Para os que desconhecem a franquia, é uma boa porta de entrada. Em todo caso, recomendamos que confira o título.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela DotEmu.
Veredito
Streets of Rage 4 é uma carta de amor aos clássicos. Você notará diversas homenagens em um gameplay bastante familiar. O jogo é curto, mas você o terminará diversas vezes – principalmente se tiver um amigo para aproveitar o cooperativo. Além disso, pode ser bastante desafiador em dificuldades mais elevadas.
Streets of Rage 4 is a love letter to the classics. You will notice several tributes in a very familiar gameplay. The game is short, but you will finish it several times – especially if you have a friend to enjoy the co-op. In addition, it can be quite challenging in higher difficulties.
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