Jogos de plataforma com quebra-cabeças ambientais são alguns dos mais comuns nos videogames, em especial desde que jogos independentes publicados digitalmente foram se tornando mais rotineiros. Experiências como Fez e Monument Valley são fortes inspirações para as ideias de vários outros desenvolvedores.
Um desses desenvolvedores foi o estúdio espanhol Altered Matter situado na cidade de Barcelona, cujo primeiro jogo chegou recentemente ao PS4. Chamado Etherborn, uma experiência bem simples que se vale dela para entregar uma experiência impactante, com quebra-cabeças desafiadores e alguns conceitos bem trabalhados e interessantes.
Etherborn gira em torno de um ser humanoide que precisa explorar diferentes mapas seguindo o chamado de uma voz onipresente. Cada fase representa um ponto da jornada desse ser etéreo pelos caminhos entalhados em uma árvore, uma metáfora nada sutil mas eficiente, e todas parecem querer entregar uma mensagem que em nenhum ponto conecta de verdade. Há uma constante declamação de frases vagamente grandiosas sobre a vida, mas em momento algum ela traz algo de impactante ou interessante e a sua conclusão não entrega o resultado que os desenvolvedores talvez tenham imaginado durante a sua concepção.
Esse ar etéreo fica muito bem representado graficamente pelo belo estilo artístico adotado pelo jogo, com belos tons pastéis contrastando com cores fortes, dando um ar bem conciso de se estar visualizando um sonho. Há uma constante sensação de leveza e brilho constante em todos os pontos desse mundo, algo fortemente exacerbado pela trilha sonora relaxante e minimalista.
O ponto do jogo que entrega o impacto que os desenvolvedores esperavam é o seu gameplay. A ideia central guiando o design das fases e dos desafios é que você pode, a qualquer momento, mudar a perspectiva simplesmente andando por paredes conectadas por pequenas superfícies curvas espalhadas pelo cenário, abrindo novo caminhos antes inacessíveis através do plano em que o jogador estava.
Enquanto é possível andar pelas paredes e ver o mundo de “cabeça para baixo”, uma velha conhecida não abandona o jogador: a gravidade. Ela acaba exercendo um papel muito importante na forma como os quebra-cabeças são resolvidos, sendo uma importante forma de acessar novas áreas simplesmente “caindo” nelas.
Obviamente, cair das plataformas nas posições erradas também é a única forma de morrer, já que o jogo não possui qualquer forma de combate em nenhum ponto. Caso ocorra algum erro de plataforma ou o jogador caia de algum lugar que não deveria, o personagem é colocado na última posição bem rapidamente, não havendo qualquer problema com carregamentos, já que a performance como um todo é muito boa.
A ideia central por trás dos quebra-cabeças é bem simples, sendo necessário coletar cristais brancos para ativar plataformas e assim abrir novos caminhos para ir prosseguindo até o final do estágio. Encontrar esses cristais é o principal desafio e é neles em que o design das fases brilha, com situações bem desafiadoras e criativas se alinhando ao bom uso de perspectiva e gravidade para entregar um bom jogo.
Enquanto cada fase entrega uma série de desafios diferentes e com uma curva de dificuldade muito bem desenhada, com novos elementos sendo introduzidos a cada novo estágio, ele peca de uma maneira significativa: o título é extremamente curto, contando com apenas cinco fases no total e que podem ser concluídas em uma questão de 2 a 3 horas. Existe a possibilidade de rejogar as fases em um New Game+, o qual muda completamente os desafios de cada um dos cenários, servindo como uma forma de alongar um pouco a experiência.
Essa curta duração não afeta o quão bom o jogo em si é. Os quebra-cabeças são tão bem pensados que conseguem capturar a sensação recompensadora que os melhores do gênero possuem e o game como um todo, graças à trilha sonora e ao belíssimo estilo visual, acaba sendo uma experiência audiovisual bastante única. Como um outro bônus, ele acaba sendo uma platina bem fácil e rápida de se conquistar, sendo um jogo recomendado para os caçadores de troféus de plantão ficarem de olho.
Jogo analisado no PS4 padrão com cópia digital fornecida pela Altered Matter.
Veredito
Com belos visuais e desafios criativos, Etherborn é um divertido jogo de plataforma que, apesar de não entregar a sua mensagem narrativa tão bem quanto poderia, ainda merece a atenção dos fãs do gênero.
With nice visuals and creative challenges, Etherborn is a fun platformer that, despite not delivering its narrative message as well as it could, still deserves the attention of the fans of the genre.
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