Análise – Conan Exiles

Quando se pensa em qualquer coisa relacionada ao ícone Conan da Ciméria, é impossível não se lembrar dos filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger. No mundo dos jogos, Conan nunca ficou marcado por algo de boa qualidade, mas a Funcom vem determinada a mostrar que pode reverter esse histórico.

Em Conan Exiles, o jogador vive um condenado à morte, deixado no deserto das Terras do Exílio à mercê do destino.  Acontece que o destino traz nada menos do que o próprio Conan, que liberta o personagem de uma morte certa e desaparece logo após. Estando livre de qualquer ameaça imediata, cabe ao jogador decidir como deixar sua marca pelo mundo do famoso bárbaro.

Após a criação do seu personagem, que conta com várias opções de customização, e dos eventos iniciais já informados, o jogador é inserido nas Terras do Exílio com nada mais do que uma tanga. Focado principalmente na sobrevivência, o jogo já deixa claro que nada será fácil e desde o início são mostradas as necessidades básicas do personagem, como água, comida e abrigo.

Como o jogo não tem uma história a ser seguida, o progresso fica por conta de marcos que vão sendo alcançados durante a jornada. Aprender a criar uma tocha ou uma arma com gravetos e pedras já demonstra o processo de evolução e dá experiência ao personagem. O foco é totalmente em explorar e sobreviver de qualquer forma num ambiente bastante hostil.

Toda essa mecânica da criação dos itens necessários é muito interessante, sendo bastante útil e, principalmente, o maior motivador da progressão pelo jogo. Há uma diversidade imensa de itens a recolher e mais ainda para criar. Para produzir uma das armas mais poderosas do jogo, por exemplo, é necessário começar com itens básicos, conseguir as ferramentas de construção, evolui-las e depois colher os materiais mais escassos do mapa, como metal de algum cometa que cai de forma aleatória no mapa do jogo.

Há ainda a possibilidade de criar o seu próprio local, seja uma construção simples apenas para a proteção de tempestades ou até uma fortaleza de guerra de proporções enormes.
Explore o variado mapa e crie sua casa em qualquer lugar possível, seja no meio de um deserto, num pântano escuro ou nas terras geladas mais ao norte. Cada bioma apresenta inimigos próprios, desde mercenários, outros exilados sedentos por sangue e monstros abomináveis dos mais diversos tipos.

As histórias e contos do universo de Conan foram muito bem usados para criar um mundo mais fantasioso. Seja pela veneração aos deuses malignos, cultos demoníacos, inimigos que só poderiam existir em histórias do mundo da espada e feitiçaria e até em com ações impactantes, como canibalismo, torturas e sacrifícios humanos.

Conan Exiles é um jogo que oferece muita liberdade, diversas opções de criação de itens, um mapa com uma boa variedade de locais e tudo isso sendo possível jogar solo, cooperativamente com outro jogador ou até em salas com até quarenta jogadores juntos, divididas em “jogadores contra jogadores” e “jogadores contra ambiente”. Infelizmente, os servidores para América do Sul são bem escassos, sendo que vi apenas um disponível. Jogar nos demais servidores é um teste de paciência, principalmente pelas desconexões e latência sempre alta, ocasionando bastante lag.

Mas os defeitos do jogo não param apenas no modo online. Mesmo tendo uma mecânica bem concisa e que funciona agradavelmente, no caso a sobrevivência e criação, o restante do jogo ainda parece estar numa fase beta. Como o um servidor é criado para cada personagem feito, mesmo jogando solo é possível presenciar lag e jogando cooperativamente fica ainda mais notável.

O visual é muito inferior a vários títulos do mesmo estilo, como ARK: Survival Evolved. As animações e interações com objetos são sofríveis, o combate não é agradável e há vários bugs no jogo. Enquanto alguns efeitos sonoros são bem feitos, no geral sempre fica a sensação da falta de áudio para várias animações e eventos. A música só se sobressai nos menus do jogo e, após algum tempo, alguns sons chegam a ser irritantes.

Há muito trabalho a ser feito para deixar a experiência mais agradável para os jogadores, mas a maioria dos problemas do jogo não será resolvida com patches. Os defeitos da parte online podem ser corrigidos, mas a questão técnica e visual do jogo dificilmente será aprimorada. Como é possível jogar tanto em terceira quanto em primeira pessoa, jogar nessa ultima visão é a mais recomendada, tanto por disfarçar a baixa qualidade visual como também por deixar as animações mais aceitáveis.

Jogo analisado com código fornecido pela Funcom.