Titan Quest é um RPG de ação nos moldes de Diablo que chegou aos consoles em 20 de março, sendo a mesma versão do jogo lançado para PC em agosto de 2016. Apesar de ter uma boa reputação no PC, sua chegada aos consoles demorou mais de um ano e meio do lançamento do jogo original.
Titan Quest é o típico jogo de RPG: conta a história de um "escolhido" dos Deuses para salvar o mundo, que se encontra em dificuldades graças à invasão de Titãs, monstros e bestas que escaparam de sua prisão eterna e invadiram a Terra. Então, cabe a você caçar os Titãs e enfrentar as bestas para proteger vilas e seus moradores.
Um diferencial da história de Titan Quest é que ela ocorre em locais reais da Grécia, do Egito e da Ásia, algo que não é muito comum em jogos desse estilo, que geralmente contam histórias com localidades e povos fictícios. Em Titan Quest tanto os locais, quanto os povos e os inimigos são baseados na história da mitologia grega e romana, algo que pode ser muito interessante também por esse lado histórico.
Talvez a inspiração para criar um enredo baseado em uma história tão rica venha de pessoas criadoras de obras baseadas também em história: Brian Sullivan, de Age Of Empires, um jogo de estratégia extremamente rico também no conteúdo histórico, e Randall Wallace, escritor de Coração Valente, uma obra criada em torno de um personagem histórico escocês. Ambos dois dos criadores de Titan Quest. Infelizmente a história rica do jogo não é contada em português, um fator que pode afastar alguns jogadores.
Titan Quest bebe de uma fonte perigosa. Ele lembra muito um dos maiores RPGs de ação de todos os tempos, Diablo, que foi e ainda é talvez o maior RPG já criado, e as comparações são inevitáveis. E é um fardo talvez pesado demais ser comparado com o maior jogo de todos os tempos em sua categoria, já que Diablo 3 fez um port fantástico para os consoles, com controles e comandos tão fluídos que abriu portas para todos os jogos nesse estilo que vieram posteriormente.
E esse é o caso de Titan Quest. O jogo bebe da fonte de Diablo no que diz respeito aos controles, com pequenas mudanças. Os ataques e magias estão divididos entre dois botões (quadrado e triângulo), além do "bolinha" para alternar entre armas 1 e 2, mais 8 comandos no direcional digital, sendo 4 posições iniciais e mais 4 apertando L2. Esse layout pode ser confuso no começo, mas acaba se tornando natural conforme vai ganhando novos ataques para preencher os espaços.
Infelizmente os controles de Titan Quest nem se comparam aos de sua inspiração. O jogo possui um tempo de resposta extremamente ruim: a ação de um ataque ou de uma movimentação demora demais desde o momento em que você executa a ação no controle até o personagem responder no jogo. Contra pequenas hordas, isto não é um problema, mas contra grandes grupos é muito ruim o sistema criado, em que o personagem ataca 1 inimigo e tem a opção de mudar apenas girando o direcional esquerdo segurando o ataque.
Esse sistema funciona até a página 2, e se o jogador joga com um tipo único de ataque (corpo-a-corpo ou à distância) pode não encontrar problemas. No entanto, alternar entre os dois, como é o meu caso, é extremamente frustrante: quando você ataca um inimigo à distância e outro grupo se aproxima, essa trava de mira simplesmente não muda e, ao alternar para a arma corpo-a-corpo, seu personagem corre para o meio dos inimigos.
Titan Quest conta com nove classes (Storm, Earth, Warfare, Spirit, Dream, Rogue, Hunting, Nature e Defense). O jogador vai subindo de nível e ganhando pontos para trocar por habilidades. É possível reverter a escolha futuramente, porém, apenas se trocar ouro para que os pontos gastos sejam retirados. É uma jogabilidade diferente de Diablo 3, em que o jogador pode ir se moldando conforme conquista novas habilidades e níveis mais altos. A possibilidade de trocar pontos vale apenas para as habilidades de cada classe, sendo que os pontos gastos para elevar uma classe não podem ser revertidos.
Uma opção interessante é que o jogador pode escolher uma segunda classe de habilidades para seu personagem a partir de um determinado nível. É uma jogabilidade que dá a possibilidade de o jogador criar personagens com habilidades de ataque e defesa ou fogo e gelo, por exemplo, uma opção interessante para criar heróis únicos.
O jogador pode escolher se completa os três capítulos da aventura sozinho ou cooperativamente em partidas online. É possível criar lobs ou se juntar a até outros 5 jogadores em uma partida cooperativa. Infelizmente, aparentemente não existem servidores próximos o suficiente para criar uma experiencia satisfatória, pelo menos durante as minhas tentativas enfrentei muito lag e quedas do servidor.
Durante as partidas online o jogador dividirá os loots e a experiência com seus companheiros de equipe. Assim como geralmente acontece quando jogamos em modo cooperativo em qualquer jogo, em Titan Quest a dificuldade dos inimigos tenta se adequar com o nível e o número de jogadores na partida.
Graficamente, o jogo não deixa nada a desejar. Ele tem ambientes muito bonitos com detalhes dos gramados, das árvores e de diversos detalhes do cenário, cenários estes que se passam em vilas, florestas e cavernas. É muito interessante que Titan Quest não tem uma paleta de cores sombria (o que geralmente acontece). Você passa por florestas verdes, campos de colheita e cidades. Um fator interessante é que existe uma alternância de dia/noite conforme você joga; tecnicamente não faz diferença, apenas o fato de você ter uma dificuldade em visualizar os inimigos.
O jogo conta com uma opção de aproximar ou afastar a câmera, o que vai do gosto do jogador, apesar de ser basicamente necessário estar com a câmera o mais afastado possível para conseguir antecipar ao máximo a aproximação dos inimigos. A verdadeira e única utilidade para essa opção é tentar escolher quais itens pegar do chão, uma questão dos comandos que incomoda bastante, já que em muitas ocasiões fica impossível pegar apenas o ouro ou aquele equipamento especial, você tem que recolher tudo e descartar posteriormente.
Um fator interessante é que o jogador não tem controle sobre a posição dos itens em seu inventário. Tudo é disposto automaticamente para liberar o maior espaço possível, podendo apenas alternar entre posições automáticas para criar espaços diferentes, para sobrar o espaço de uma espada ou um escudo por exemplo. É uma forma de gerenciamento de inventário que pode agradar alguns e desagradar outros.
Infelizmente, os ambientes ainda contam com diversos bugs. Não é raro ver um item caído no chão sem realmente estar lá, inimigos sobrepostos, presos em um item do cenário ou até mesmo travados em uma posição do mapa que basta com que o jogador ataque para vencer. São pequenos erros que fazem toda a diferença para o gameplay.
Veredito
Titan Quest bebe de uma fonte que tem um dos maiores jogos de todos os tempos e, por isso, é natural que sempre que um jogo lembre um título tão importante as comparações sejam feitas. Infelizmente Titan Quest não consegue atender às expectativas de todos os fãs dos RPGs de ação. O jogo tropeça em questões cruciais para um port do PC para os consoles: a resposta dos controles, que é muito ruim e infelizmente acaba se tornando crucial, principalmente no decorrer do jogo. Se você gosta do estilo e busca um jogo sem colocar grandes expectativas sobre ele, vai aproveitar Titan Quest, mas se espera jogar um jogo com a qualidade da franquia Diablo, deixe Titan Quest para uma próxima oportunidade ou tente a versão de PC.
Jogo analisado com código fornecido pela THQ Nordic.
Veredito
Titan Quest unfortunately does not meet the big action RPG fans’ expectations, and it has problems in its controls that seriously affect the gameplay, especially when you play against a lot of enemies. Titan Quest is a game recommended to players that aren’t expecting a new Diablo and that understand the limitations of the game.
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