A cada nova semana de lançamentos na PSN, parece que temos mais um jogo em primeira pessoa inspirado pela obra-prima que é a série Portal, a qual parece ter causado um verdadeiro renascimento do gênero, sendo que cada novo lançamento traz uma nova maneira de lidar com os puzzles ambientais propostos, algumas mais criativas que outras. Em meio a essa nova onda, o Q.U.B.E. original, lançado em 2011, era um dos destaques por algumas de suas ideias, mesmo que não tão bem executadas.
Acreditando no potencial demonstrado pelo jogo original, a Toxic Games retorna com Q.U.B.E. 2, buscando não só corrigir os erros cometidos no jogo original como também expandir ainda mais nos já interessantes desafios envolvendo cubos coloridos e diferentes ambientes e, no processo, criando um jogo ainda mais desafiador e divertido do que qualquer um esperaria.
O jogador assume o controle da arqueóloga Amelia Cross, que acorda, sem memórias, em um planeta desconhecido após a queda da sua nave. Ela se vê dentro de uma instalação alienígena da qual precisa encontrar uma forma de sair, com a ajuda de uma outra cientista sobrevivente e que parece conhecer bastante aquelas estruturas, para poder ser resgatada. A narrativa como um todo parece bem inspirada por obras de ficção científica um pouco mais surrealistas e a ambientação como um todo é muito envolvente.
Amelia acorda em poder de um par de luvas estranhas, capazes de manipular blocos específicos por meio dos quais ela é capaz de resolver os diferentes desafios que aquela fortaleza cúbica apresenta, seja ativando diferentes dispositivos ou utilizando-os como plataformas para navegar pelos ambientes.
Como é possível imaginar, essas são as chaves por trás dos quebra-cabeças do jogo. Por mais que a estrutura de Q.U.B.E. 2 pareça bem comum, já que o jogo como um todo é simplesmente resolver alguns desafios, alcançar novos ambientes e ouvir novos diálogos expositivos, esse looping funciona bem por um motivo simples: é muito divertido.
A maneira gradativa como o jogo apresenta a história e os mistérios por trás não só daquele lugar, mas de todo o universo, envolve o jogador em toda a trama, sempre te mantendo curioso para descobrir mais, conhecer mais. Isso, quando combinado com a forma como os quebra-cabeças brincam e desafiam o jogador, torna a experiência toda do jogo muito especial.
Mais do que a narrativa, o que dá força a Q.U.B.E. 2 realmente são os puzzles. A maneira como eles funcionam é um típico caso de “fácil de aprender, difícil de dominar”. O jogador é apresentado com diferentes poderes, cada um com uma cor símbolo, para ativar alguns mecanismos específicos nos ambientes. São três poderes, que são apresentados gradativamente, e vão de criar blocos singulares até plataformas ou trampolins, sendo necessário combinar todos eles para solucionar cada uma das salas.
Nem todos os desafios funcionam perfeitamente; os baseados em timings específicos muitas vezes não funcionam como o jogador desejaria por falta de responsividade dos controles, mas a sensação de recompensa por resolver cada um deles é incrível e deve agradar muito os fãs do gênero. Em especial, chama a atenção o quão bem o jogo foi programado, não tendo tido qualquer tipo de glitch ou bug, em especial por se tratar de um jogo cujos quebra-cabeças são inteiramente baseados em física.
Por mais que as opções pareçam limitadas (e, fora a possibilidade de pular e um ou outro mecanismo ativado por peso pelo botão de ação, elas realmente são), impressiona a variedade de quebra-cabeças que o jogo apresenta e o ritmo muito agradável em que as coisas vão evoluindo. Sempre há algo novo para aprender ou maneiras novas de resolver os desafios, algo importante, já que o jogo possui dois finais, ambos muito bons.
É difícil não sentir que os melhores jogos de quebra-cabeça são justamente aqueles que conseguem se valer de simplicidade para entregar experiências deveras desafiadoras e, consequentemente, recompensadoras. Muitos jogos do gênero falham ao tentarem fazer demais sem sucesso e a maneira como Q.U.B.E. 2 consegue equilibrar isso é sua principal qualidade. Muitas das respostas são simples, mas o processo de encontrá-las desafia a mente do jogador e fazem da resolução um sucesso maior do que pareceria. Isso é parte do que torna a série Portal especial e que se aplica também aqui.
É notório que Q.U.B.E. 2 constrói muito sobre as bases do jogo anterior. Os ambientes são simples, mas detalhados e com um trabalho ótimo de iluminação, trabalhando em conjunto com a ótima atuação dos dubladores e com a trilha sonora para entregar uma ambientação que é, em diferentes níveis, envolvente, ameaçadora e calmante ao mesmo tempo.
E é isso que torna Q.U.B.E. 2 um jogo especial. Sua simplicidade e tranquilidade (não há uma situação de combate sequer no jogo) contrapõem perfeitamente o clima tenso que a história passa e o casamento entre ambos torna cada novo desafio solucionado um prazer enorme, sendo esse o maior elogio que se pode dar a um jogo de quebra-cabeça. É um jogo que eleva os prazeres dos tradicionais jogos de puzzle ao cubo.
Veredito
Q.U.B.E. 2 mistura um clima dramático e ambientação envolvente com uma experiência simples e desafiadora, capturando o que há de melhor no gênero e, por isso, tornando-se obrigatório para quem gosta das maravilhas dos bons jogos de quebra-cabeça.
Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Trapped Nerves Games.
Veredito
Q.U.B.E. 2 mixes its dramatic atmosphere and involving ambientation with a simple yet challenging experience, capturing what’s best in its genre and, because of that, it is an obligatory game for those that enjoy the wonders of a good puzzle game.
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