Um ano depois de nos despedirmos de Nathan Drake em Uncharted 4: A Thief's End, a Naughty Dog surpreende e traz mais uma aventura no universo da franquia, agora protagonizada pela personagem Chloe Frazer, ausente no quarto título e querida por muitos fãs da série. Originalmente desenvolvido para ser um DLC de Uncharted 4, The Lost Legacy recebeu um tratamento completo e agora está sendo lançado como um game à parte, dirigido pela dupla estreante Shaun Escayg e Kurt Margenau.
Na história, Chloe e Nadine estão atrás de um artefato chamado Presa de Ganesha, supostamente localizado nos Gates Ocidentais da Índia. Chegando lá, as duas se deparam com um país no meio de uma guerra civil e um de seus líderes militares, o inescrupuloso Asav, será a principal ameaça para as duas em busca do artefato.
Sendo construído em cima da engine e das mecânicas de Uncharted 4 em sua estrutura, Uncharted: The Lost Legacy não apresenta nenhuma grande novidade em relação ao seu gameplay: as partes de derrapadas em lugares íngremes; usar o gancho para se balançar; mirar em inimigos para marcá-los nas partes stealth; todas as novidades que haviam sido implementadas pela Naughty Dog em U4 retornam aqui, com a adição de um sistema de lockpicking para abrir caixas dos mercenários rivais para adquirir armas melhoradas e munição. O mesmo se pode falar dos coletáveis, que aqui são resumidos aos clássicos tesouros da série, e a adição de locais onde Chloe pode tirar fotos com seu celular, servindo o mesmo propósito que o diário de Nathan.
O combate corpo a corpo sofreu um relativo aprimoramento, com Chloe recebendo suporte de Nadine na hora de trocar socos com os inimigos, tornando os encontros mais dinâmicos e as lutas mais fluidas. Chloe tem uma movimentação mais leve que Drake e isso é sentido tanto nas partes mais intensas de ação quanto nas furtivas. Falando nelas, agora você também poderá usar uma pistola com silenciador nas partes de stealth do jogo, aumentando suas chances de eliminar os inimigos sem ser visto.
A melhor parte de The Lost Legacy é, sem dúvida, essa excelente química entre as duas personagens principais: uma ladra de tumbas e uma mercenária. Ver a evolução da relação entre as duas durante a jornada, aguentando os altos e baixos rumo ao artefato perdido, é com certeza o destaque da aventura.
Chloe e Nadine (com as vozes de Claudia Black e Laura Bailey, respectivamente) acabam sendo uma dupla até melhor que Sam e Nathan no quarto jogo, por terem personalidades e conhecimentos bem distintos. E no caminho delas se encontra Asav, um vilão com moldes clássicos da franquia, misturando sua força física com o intelectual. Um contraponto interessante às protagonistas e surpreendentemente um bom antagonista.
Visualmente o game continua sendo um dos títulos mais impressionantes do Playstation 4. A iluminação e o cuidado nos detalhes de cada cenário impressionam e mostram um trabalho primoroso da Naughty Dog, que teve apenas 1 ano entre este e Uncharted 4. A aventura de Chloe e Nadine nos Gates Ocidentais é um pouco mais linear do que os últimos jogos principais da série e apresenta uma progressão de cenários mais próxima ao do primeiro Uncharted, com menos variedade de locais e algo mais “pé no chão”. Enquanto a trilha sonora utiliza os épicos temas tirados da trilha sonora excelente de U4, composta por Henry Jackman, embalando as intensas cenas de ação que a série é conhecida.
Falando nela, os clássicos setpieces da franquia estão muito bem representados aqui, com os momentos de perseguição e tiroteio sendo bem inventivos e emocionantes, reunindo elementos de design e situações que os tornam quase um “greatest hits” dos setpieces da franquia, mostrando como a tecnologia utilizada pela Naughty Dog evoluiu muito desde a época do PlayStation 3, criando intensas cenas de ação interativas de cair o queixo. Mas há também espaço para um respiro, com momentos de deslumbramento das belas paisagens, seções de escaladas e muitos diálogos entre as personagens durante o jogo, dando espaço para o desenvolvimento das personagens.
As fases com veículos também retornam, com Chloe e Nadine explorando um mapa bem maior do que geralmente vemos na série. Esse local oferece uma liberdade de exploração raramente vista na franquia, deixando o jogador livre para explorar e encontrar alguns segredos e escolher como abordar determinadas áreas. Nessa parte em específico temos até uma espécie de missão secundária, algo que irá entreter quem quiser coletar tudo no jogo e com uma recompensa ainda mais interessante para os caçadores de tesouros.
Talvez a similaridade com outros jogos seja um "calcanhar de Aquiles" do game. Fora sua dupla principal, tudo parece um pouco familiar demais com experiências anteriores. Claro, quem queria apenas mais um Uncharted com o selo Naughty Dog de qualidade e história vai ter aqui um prato cheio, mas para aqueles que esperavam algo um pouco mais ousado ou fora da curva, poderão se decepcionar.
O ritmo da história é exatamente aquele que você espera de um Uncharted, e isso pode ser levado como um elogio ou uma crítica, dependendo de suas expectativas para uma aventura da franquia. A história nunca chega a alcançar os níveis emocionais do quarto título, nem o deslumbramento e a intensidade da ação do segundo e terceiro Uncharted. Porém, consegue desenvolver seus personagens como poucos jogos e apresenta uma dupla carismática e marcante com Nadine e Chloe.
O jogo foi analisado no PS4 normal e apresenta raras quedas de framerate, localizadas principalmente em seus momentos finais, em que a ação e tiroteio são dobradas em uma frenética sequência. Porém, vale ressaltar que, em determinado momento, a queda é tão brusca que deixou a cena praticamente em slow motion, algo que deve ser arrumado em futuros patches, mas é válido ressaltar como a tecnologia do jogo foi usada até os seus limites em determinados momentos.
A dublagem em português é competente na maior parte do tempo, com algumas vozes se encaixando melhor em seus personagens do que outras, especialmente com a dupla principal, com a voz de Nadine a mais bem trabalhada e de um tom similar à voz original de Laura Bailey, enquanto a de Chloe parece na maior parte do tempo desinteressada ou fora do tom da cena.
Fora a campanha principal, o multiplayer e o modo Sobrevivência de Uncharted 4 foram incluídos no pacote. Não há nenhuma mudança significativa sobre os modos, mas ainda assim eles são um bom bônus após a finalização da campanha principal e um motivo para continuar jogando.
Veredito
Uncharted: The Lost Legacy é um ótimo spin-off da franquia, com destaque para as suas personagens principais, Chloe e Nadine, que mostram ser uma necessária mudança para a série. Com uma boa dose de exploração, cinematográfica ação bombástica e a bem-humorada aventura, você irá encontrar todos os elementos que a franquia ficou conhecida em 6 horas de campanha, se tornando um “mais do mesmo” muito bem-vindo para os fãs.
Jogo analisado com o código fornecido pela Sony.
Veredito
Uncharted: The Lost Legacy is a great spin-off of the Uncharted franchise, featuring Chloe and Nadine, who steal the scene and it turns out to be a great change for the series. With a good amount of exploration, cinematic action and a fun adventure, you will find all the elements that the franchise became known for in the 6 hours of campaign. It’s the same formula, but it’s a welcome game for the fans.
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