Batman: The Enemy Within é o novo capítulo da história de Batman no universo criado pela Telltale Games. Após o sucesso comercial e de crítica da primeira temporada, podemos ver os roteiristas e diretores da desenvolvedora explorando ainda mais o cavaleiro das trevas em uma reinterpretação do universo do herói bem diferente da vista em outras mídias, onde inimigos podem se tornar aliados e suas escolhas moldam não só como Bruce e Batman agem, mas como Gotham vê seu herói.
Na história do primeiro capítulo, Batman se depara com o retorno de uma antiga ameaça de Gotham: o Charada! Após anos preso, o enigmático psicopata retorna às ruas da cidade com um objetivo misterioso e cabe ao nosso herói decifrar seus enigmas antes que o vilão ameace a segurança de Gotham e de pessoas próximas a Bruce Wayne.
Para quem jogou a temporada anterior, o game dá a chance do jogador carregar seu save para a nova temporada. Vendo apenas por este episódio, há pouquíssimas coisas que foram alteradas com as escolhas anteriores, então não é algo realmente preocupante para quem não puder transferir, mas é interessante que o jogador esteja familiarizado com os eventos da temporada anterior para começar essa, já que diversos personagens retornam dela. E alguns com certas contas a pagar e dívidas não resolvidas com Batman também.
Além de reapresentar personagens e estabelecer a nova ameaça que Bruce deverá enfrentar, novos personagens e velhos conhecidos para os fãs dos quadrinhos são apresentados aqui, com o mais proeminente sendo Amanda Waller, agente federal e chefe da organização da Agência, que chega em Gotham atrás do Charada. Batman e o Comissário Gordon não ficam felizes de terem um terceiro elemento investigando o mesmo caso que eles, envolvendo novos investigadores a mando de Waller e podendo levar a algo mais preocupante no futuro.
O jogo recebeu alguns aprimoramentos em relação à primeira temporada. Os gráficos, por exemplo, estão mais polidos, com detalhamento maior nas texturas e animação de personagens muito mais fluída, seja em conversas ou cenas de ação. Além disso, há ainda um motion blur, que suaviza os movimentos dos personagens, e interfaces refinadas. Parece um jogo mais bem trabalhado que o primeiro, mesmo que funcione na mesma engine.
As cenas de ação foram melhoradas, com uma interação mais interessante do jogador e um senso de urgência maior. Sai a barrinha de energia que o Batman carregava durante a luta e entra novos sistemas, como a possibilidade de escolher como abordar os inimigos, usando o slow-motion para dar tempo do jogador escolher a ação. Nada crucial é alterado com essas escolhas, mas é interessante se sentir no controle de como abordar os capangas de Coringa. O irritante sistema de mira da primeira temporada aparece pouco e apresenta melhoras significativas na resposta do controle.
Além da obrigatória ação, as cenas de diálogo são muito bem trabalhadas, com um roteiro bem acertado e que equilibra momentos de ação e interação entre os personagens. Algumas cenas de interrogatório e de discussão entre personagens entregam a força emocional necessária, com opções de diálogos que formam o caráter do Bruce que você está moldando como jogador. Ver alguns ícones do universo do herói com passados e relações completamente novas é algo fascinante para qualquer fã de Batman, sendo o maior exemplo o João Ninguém, futuro Coringa, que ganha certo destaque no episódio e se consagra como um dos personagens mais fascinantes desse universo, entregando uma versão do vilão muito diferente da vista em outras mídias.
Além dos momentos de investigação, Batman retorna a sua batcaverna para investigar as pistas e decifrar os enigmas do Charada ao longo da história. Aqui temos o retorno do HUB onde Batman visualiza as fichas de personagens e as atualizações da trama. Há mais liberdade de movimentos e possibilidade de interação com os ambientes da batcaverna. Nada muito sofisticado, mas um toque bacana para se sentir como Bruce em sua zona de conforto.
Em termos de problemas técnicos (esperados nos títulos da empresa), o jogo não apresentou nenhum muito grave, com alguns engasgos de performance e movimentos travados de alguns personagens, não chegando nem perto de outros títulos recentes da Telltale (Guardians of the Galaxy, por exemplo), então realmente há um bom avanço técnico aqui por parte dela.
O máximo que se pode notar foram alguns erros cômicos de tradução em português (mudar a palavra "fechar" para "calar a boca" em determinada parte) ou a ausência de tradução nos códices e jornais de Gotham lidos na batcaverna. Algo pequeno comparado com os glitches e legendas "falsas" da temporada anterior. Finalmente posso dizer que a Telltale entregou um produto com pouquíssimas falhas técnicas, e agora é esperar se a qualidade irá se manter nos próximos episódios.
Um dos problemas desse primeiro capítulo vem por conta da ameaça que Batman está lidando. Com Charada sendo seu inimigo, alguns enigmas são colocados na frente do herói para que ele consiga resolver a tempo e salvar sua pele (e a de outros). Porém, devido ao sistema de escolhas, e talvez a uma limitação técnica, tais enigmas nunca se tornam realmente desafiadores e a resposta acaba sendo entregue de bandeja para o jogador, se tornando quase infantil, sendo necessário errar de propósito alguns enigmas para salvar ou condenar certos personagens. Infelizmente, o jogo não é à altura de seu próprio vilão.
O episódio, além de entregar um final dramático e com uma grande ponta solta que deverá ser desenvolvida ao longo da temporada (e que pode guardar muitas surpresas até mesmo para quem conhece bem o universo do Batman e da DC), consegue fechar bem o problema do episódio, se tornando satisfatório por conta própria, algo raro nas séries da empresa.
E o mais fascinante é como as escolhas são apresentadas ao final do capítulo, não mais mostrando apenas a estatística de quantos jogadores escolheram determinada ação, mas combinando isso com as emoções que Bruce/Batman induziram em cada personagem. Dependendo de suas escolhas, eles mudarão de opinião e sua relação com seus aliados será afetada. Uma mudança assim na estrutura de escolhas da empresa é algo refrescante e extremamente bem-vindo.
Veredito
Melhorando e expandindo o universo estabelecido na primeira temporada, The Enemy Within marca um ótimo começo para a nova série do Batman, com um roteiro que soube explorar cada faceta do herói, entregando ação, diálogos e drama na medida certa, em um episódio refrescante tanto para os fãs de Batman quanto para os que acompanham os jogos da Telltale Games.
Jogo analisado com o código fornecido pela Telltale Games.
Veredito
Improving and expanding the universe established in the first season, The Enemy Within is a great start for the new Batman series, with a screenplay that explores every facet of the hero, delivering action, dialogue and drama in the right extent, refreshing for both Batman fans and those accompanying the Telltale games.
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