Get Even

Quando uma pitada certa de ação se une a uma dose perfeita de investigação, podemos esperar um casamento perfeito em filmes. Em jogos, essa combinação também acontece, talvez de uma maneira não tão recorrente e não tão perfeita. Felizmente, a The Farm 51 conseguiu colocar a dose certa de ambos os temperos e trouxe Get Even, um jogo que vai prender o jogador com alguns momentos de ação eletrizantes e uma história digna de qualquer thriller de Hollywood.

Get Even coloca o jogador na pele de Cole Black, um mercenário contratado para resgatar a filha de um psiquiatra que foi raptada por nenhum motivo aparente. Logo no inicio, algo acaba dando errado e Black acaba acordando em uma clinica psiquiátrica onde um experimento com um novo aparelho chamado Pandora está sendo feito.

Ao usar Pandora, um dispositivo fixado em suas cabeças, os pacientes da clinica conseguem reviver suas memórias de uma maneira bem nítida, beirando a realidade. Com isso, Black vai tentar reviver as lembranças do dia em que ele tentou resgatar a menina e o que levou ao seu rapto.

A história de Get even é algo que merece atenção. Embora em um primeiro momento ele se demonstre um jogo de tiro em primeira pessoa, o jogo tem uma história bem complexa e interessante que faz com que o jogador queira vasculhar mais e mais suas localidades em busca de pistas sobre o que realmente aconteceu.

Os documentos encontrados ao longo do jogo são organizados em uma parede numa tentativa de mostrar uma ligação entre os fatos, lembrando aqueles quadros de investigação com várias fotos de pessoas ligadas por fios que aparecem nos filmes. Caso Black não consiga encontrar todos os documentos de uma memória específica, ele pode revisitá-la para então conseguir coletar todas as evidências.

Os gráficos no jogo são encantadores e ao mesmo tempo irritantes. Embora o uso da Unreal Engine seja excelente, com gráficos muito bonitos e efeitos de luzes muito bons, os cenários dentro da clínica são muito parecidos, dando a impressão que o jogador está sempre no mesmo lugar. Além disso, as memórias de Black também possuem certa similaridade, fazendo com que essa impressão ainda aumente.

Se os gráficos trazem um ponto negativo, o mesmo não se pode dizer dos efeitos sonoros. O trabalho feito nesse quesito é um dos melhores já encontrados em jogos. O jogo tenta ambientar o jogador através do som e realmente tem o seu objetivo alcançado. Em momentos de combate, músicas começam a tocar no dispositivo acoplado na cabeça de Black e elas se encaixam perfeitamente no que está acontecendo naquele determinado momento, aumentando a tensão do mesmo.

Um dos pontos mais positivos sobre o jogo é o uso do celular que Black carrega consigo. Nele, o jogador tem um número considerável de aplicativos que o ajudam em diversas situações. Luz infravermelha, scanner, mapa e mensagens são alguns dos auxílios disponíveis. Desses aplicativos, o mais interessante e útil é o infravermelho. Com ele, o jogador pode ver vestígios de sangue, digitais, pegadas e até descobrir o código de abertura de uma porta protegida por senha.

Embora o foco não seja apenas tiroteios como em um FPS normal, Get Even trabalha muito bem a ação quando ela tem que acontecer. O diferencial aqui é um equipamento chamado CornerGun. Com ela, Black pode atirar sem precisar entrar em uma sala, pois ele permite que o jogador fique em uma parede escondido e atire dobrando apenas a ponta do braço do equipamento. Nele é possível acoplar todos os tipos de arma, desde uma simples pistola até uma shotgun.

Infelizmente, nem tudo é perfeito em Get Even. O jogo falhou em trazer uma inteligência artificial à altura do seu nível de investigação. Os inimigos respondem até que rapidamente ao que acontece a sua volta, mas de uma maneira que não apresenta nenhuma dificuldade para o jogador. Em um tiroteio, por exemplo, os inimigos parecem atirar apenas para assustar ao invés de quererem realmente eliminar Black, especialmente jogando em uma dificuldade baixa.

Jogo analisado com código fornecido pela Bandai Namco.