A Guerrilla Games sempre foi sinônimo de Killzone. Era como a Naughty Dog ser sinônimo de Uncharted na época do PS3, até a desenvolvedora das aventuras de Nathan Drake nos surpreender com The Last of Us. Horizon Zero Dawn pode ser encaixado nessa mesma história: temos em mãos a obra-prima da Guerrilla Games.
Horizon Zero Dawn é um daqueles jogos que nos pega de surpresa: você esperava que fosse um bom jogo, mas não fazia ideia de que seria uma obra de arte.
Em Horizon Zero Dawn controlamos Aloy em um mundo pós-apocalíptico, em que os robôs são a forma predominante de vida e os humanos, apesar de existirem, são apenas mais uma raça no globo. Aloy é uma exilada de sua tribo, Nora, e foi cuidada pelo também exilado, Rust. Aloy desconhece seu passado: não faz ideia de quem é a sua mãe e não entende os motivos de seu exílio. Rust fornece uma esperança a ela: se passar na aprovação da tribo, as Matriarcas possivelmente revelarão o passado de Aloy. Com isso em mente, ela treina por vários anos e decide participar da aprovação. Porém, algo inesperado acontece e a jornada de nossa heroína está apenas começando.
Admito que, inicialmente, meu receio quanto a Horizon era a sua história. Nunca duvidei da competência técnica da Guerrilla, mas nunca achei as histórias de Killzone interessantes. Ao conferir o jogo do início ao fim, esse medo sumiu. A história prende você de uma forma muito boa e, sem dúvida, ela vale ser conferida.
Horizon Zero Dawn é, basicamente, um RPG de ação com mundo aberto. O jogo possui inúmeros elementos misturados (de uma forma coesa) de vários outros títulos de diferentes gêneros, mas a sua base continua sendo um RPG de ação. Em outras palavras, você terá que completar várias quests e side-quests, evoluir de nível, melhorar o seu equipamento, coletar vários itens e assim por diante. É inevitável comparar Horizon com The Witcher 3, por exemplo, pois há muitos elementos do melhor jogo de 2015 aqui: não apenas a estrutura de missões, mas o “Witcher Sense” (o sentido de bruxo) e a estrutura dos diálogos de certa forma, por exemplo. No entanto, Geralt não usa um arco como forma principal de ataque – isso poderíamos dizer que veio de Tomb Raider. Mas em ambos os casos, a Guerrilla pega apenas o que há de melhor e coloca o seu próprio toque nas mecânicas, deixando-as mais interessantes ainda.
Chega de comparações e vamos explicar os comandos. Controlar Aloy é simples, intuitivo e extremamente fluido. Ela é ágil na medida certa e não passa aquela sensação que a maioria dos personagens de mundo aberto passam de desengonçados. Aliás, o mundo aberto de Horizon é fantástico, mas falaremos dele mais adiante.
O botão X pula, O realiza um desvio e quadrado agacha (quando corre, o quadrado desliza também). Antes de jogar, fiquei com receio de que o desvio seria desbalanceado, porém, não é tanto: Aloy só fica invencível nos primeiros momentos do desvio. Se você calcular errado, tomará dano facilmente. Por fim, o triângulo serve para coletar itens: acredite, boa parte do jogo servirá para isso. Os itens são muito importantes em Horizon e, da mesma forma que o mundo, falaremos logo mais sobre eles.
O L2 mira e o R2 atira dependendo da arma que estiver usando. R1 e R2 realizam ataques fracos e fortes, respectivamente, com a lança (golpes físicos). R1 também pode ser usado como ataque furtivo (inimigo não sabe de sua presença) ou crítico (quando o inimigo está no chão, caído). Já L1 abre um sub-menu para seleção de arma e construção de munição. Tudo aqui é muito funcional, a única reclamação fica por conta da lança já mencionada (ela é fraca comparada ao arco e você só usará em alguns casos, exceto os furtivos e críticos mencionados) e a possível confusão que o quadrado e bola podem gerar até você se acostumar (pense: normalmente qual é o botão que você usa para se agachar nos jogos?). De qualquer forma, logo estará jogando naturalmente.
Você notou anteriormente que eu mencionei um sub-menu com L1 para construção de munição. Pois bem, Aloy coleta inúmeros itens em sua jornada – desde plantas medicinais até itens para modificar as armas. Vamos começar pelo básico: a vida de Aloy.
Para curar a personagem, você possui duas opções: usar poção de cura (que pode ser construída com itens colhidos, pegas de inimigos mortos ou comprada em lojas) ou usar ervas medicinais. No segundo caso, há uma barra verde logo abaixo da vida de Aloy que é preenchida com as tais ervas. Pressionando o D-Pad para cima, você trocará uma pela outra. É um jeito fácil e prático de curar a sua vida e totalmente inédito (até onde sei). O D-Pad para cima sempre curará a vida com as ervas, já apertando para direita e esquerda há diferentes opções que são ativadas pressionando para baixo, como a poção mencionada anteriormente. Mas há mais opções aqui além de poções (que há de mais tipos, como resistência a elementos e até mesmo aumentar sua vida temporariamente). É possível assoviar para chamar a atenção de inimigos, chamar sua montaria (falaremos mais sobre isso adiante) ou simplesmente tacar pedras para chamar a atenção também.
Ainda sobre os itens, Aloy pode usá-los para construir munição dos mais variados tipos. A arma básica, como dito antes, é o arco, mas ela possui acesso a armas que geram armadilhas no chão e fazem as máquinas tropeçar, outra que prende o inimigo ao chão e há até mesmo um estilingue que joga bombas de gelo ou eletricidade, por exemplo. Para isso tudo, é preciso diferentes tipos de materiais para as munições, e tudo é pego de inimigos mortos (principalmente as máquinas) e da flora local.
Além da munição, Aloy pode usar itens que aprimoram as qualidades das armas, aumentando estatísticas como causar mais dano de fogo ou gelo. Cabe você decidir o que é melhor para cada arma, dependendo de como as utiliza.
Fugindo um pouco dos itens, mas ainda atrelado ao menu (aliás, vale mencionar que a HUD do jogo é totalmente customizável), outra coisa clássica de RPGs que Aloy possui é uma skill tree (árvore de habilidades). Você ganha pontos completando missões e evoluindo de nível, e pode adquirir novas habilidades nela. Todas as habilidades são úteis no fim das contas, mas cabe a você, novamente, escolher aquelas que se adaptam mais ao seu estilo.
Falamos e falamos sobre Aloy, mas ainda não comentamos sobre o verdadeiro coração do jogo: as máquinas. A Guerrilla criou uma variedade considerável delas e cada uma com comportamento diferente. Conforme você avança no game, sempre acaba se deparando com robôs nunca vistos antes, inclusive quando estiver perto do fim.
Para derrotar as máquinas, Aloy possui acesso ao chamado Foco. Pense no sentido bruxo de The Witcher ou o modo detetive da série Batman: Arkham; é a mesma coisa aqui. Com um pequeno aparelho que lembra um headset, a nossa heroína pode ver os pontos fracos dos inimigos, saber mais sobre eles com um scan e até mesmo ver sua localização através de paredes e afins (inclusive humanos). O Foco também serve para ver logs de áudios, que são um dos inúmeros colecionáveis existentes em Horizon. Com isso, o Foco lembra também a mecânica de scan da série Metroid Prime. No fim, é uma ferramenta bastante útil e é ativada com o R3.
Mesmo sabendo os pontos fracos, as batalhas com as máquinas são memoráveis e sempre divertidas. Além disso, não importa qual nível você está, o jogo sempre o recompensa com bastante XP ao derrotá-las, incentivando o jogador a fazer isso. Por exemplo, eu acabei a história no nível 40, sendo que era possível acabar por volta do nível 30 facilmente.
Mas nem sempre o jogo incentiva o jogador a derrotar as máquinas. Em um dado momento, você aprenderá a hackeá-las para que ataquem as outras por você ou para que sirvam de montaria. De modo a ganhar mais possibilidades de hackeamento, você precisa explorar o mapa de Horizon.
Falando em exploração, Horizon possui várias missões principais e secundárias que você precisa fazer para acabar o jogo. Todas elas são interessantes e variadas, além de possibilitarem, em alguns momentos, que você escolha o que deseja falar, oferecendo três opções: uma com compaixão, outra com raiva e outra com lógica. A história do jogo não muda muito dependendo de suas escolhas, mas há consequências em suas decisões.
Além das missões, Horizon conta com várias atividades espalhadas pelo mapa. Há os chamados pontos de vantagem (suba em uma montanha para ver algo especial), os Pescoções (máquinas gigantes que permitem ver uma região do mapa ao serem hackeadas), vários itens escondidos, etc. É possível terminar a história principal em cerca de 25 horas, mas para finalizar tudo você deverá levar cerca de 40 a 50 horas.
O mundo é simplesmente incrível, variado e tecnicamente perfeito. Não há slowdowns e o loading é curto (e só existe uma vez no início do jogo). É um dos melhores gráficos vistos no console, seja no PS4 ou PS4 Pro. A única crítica ao mundo de Horizon fica com as cidades: são poucas para um RPG.
A beleza do mundo de Horizon fica ainda mais clara com o Photo Mode, que possui várias opções, como controlar o foco e a hora do dia in-game.
Horizon Zero Dawn, como esperado, foi totalmente localizado para o português do Brasil. Apesar da dublagem parecer estar acelerada em muitos momentos, ela está excelente e não há o que reclamar – o mesmo pode ser dito dos textos em português. A única crítica fica por conta de um pequeno bug nos textos: em alguns instantes, o texto da legenda fica cortado e sai do limite da tela. É raro isso acontecer (foram umas três vezes no jogo inteiro), mas é um bug, infelizmente, e pode incomodar quem gosta de jogar com o áudio em inglês e usa os textos em português para se guiar.
Jogo analisado no PS4 Pro com cópia física fornecida pela Sony.
Veredito
Horizon Zero Dawn é um RPG de ação com mecânicas de combate sólidas, uma história interessante e um mundo aberto variado e vivo. O jogo se inspira em diversos títulos consagrados para elaborar suas mecânicas, porém, as aprimora em todos os sentidos. No fim, Horizon Zero Dawn é a obra-prima da Guerrilla Games e mais um jogo que será lembrado para sempre como um dos melhores do PlayStation 4.
Horizon Zero Dawn is an action RPG with solid combat mechanics, an interesting story and a vast open world that feels alive. The game takes inspiration from many titles to create its own mechanics and improves them in many ways. In the end, Horizon Zero Dawn is a masterpiece from Guerrilla Games and one game that it is going to be remembered as one of the best for the PS4.
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