Until Dawn: Rush of Blood

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Until Dawn: Rush of Blood foi um jogo de estreia do PS VR, lançado simultaneamente com o aparelho de Realidade Virtual. Trata-se de um spin-off de Until Dawn, ou seja, utiliza elementos do jogo original, como cenários, referências à história e personagens, porém, traz um conteúdo independente. Até mesmo o gênero é diferente, com Rush of Blood tendo uma pegada de ação frenética. Desse modo, ele pode ser jogado mesmo se você não tiver experimentado o original – ainda assim, recomendo que não faça isso, pois irá perder boas referências e algumas coisas não farão tanto sentido.

Rush of Blood pode ser classificado com um On-Rails Shooter, ou Tiro sobre Trilhos, em que a câmera se move automaticamente por caminhos específicos, com diferentes alvos e inimigos aparecendo na tela. E o jogo segue essa classificação ao pé da letra: toda a história se passa com seu personagem passeando em um monotrilho (há uma explicação para isso), que faz vezes de montanha-russa.

Os trechos de montanha-russa, inclusive, são um dos elementos de destaque no jogo, pois a sensação no VR é incrível. Você realmente sente aquele frio na barriga durante as descidas e viradas íngremes. A iluminação e uso de neblina/fumaça, em conjunto com o áudio 3D binaural, contribuem muito para dar ainda mais imersão no mundo do jogo.

Mirar é outro ponto de destaque, pois é algo intuitivo e de fácil uso até mesmo por leigos. Diferente do que estamos acostumados, aqui não utilizamos o analógico direito para ajustar a mira. Graças ao tracking da PS Camera, a mira se baseia no movimento do controle, seja ele o DualShock 4 ou um par de PS Moves, com uma resposta e precisão adequados. Como em outros títulos do PS VR, recomendo investir em um par de PS Move para ter uma experiência mais completa e realista.

O jogo é cheio de bizarrices, que vão piorando conforme você avança. Isso se justifica por ele se passar todo na mente de um dos personagens, o qual é revelado próximo do final, mas facilmente reconhecido por quem jogou Until Dawn, graças aos cenários e eventos que se passam. Como no original, as fases são separadas por pequenos interlúdios com diálogos breves e, a princípio, desconexos entre o personagem e um desconhecido.

A história é bem rasa: seu personagem se encontra em um parque de diversões e passeia por ele a bordo de um carrinho de monotrilho. Tudo parece normal à primeira vista. Aqui e ali você pode utilizar suas pistolas de brinquedo e atirar chumbinho em alvos comuns, como balões, caixas e patos de borracha. Entretanto, uma figura conhecida de Until Dawn provoca um desvio no caminho e você vai parar em uma área abandonada onde ficava o trem-fantasma.

Tem início seu pesadelo, com palhaços assassinos e objetos voadores em seu encalço. Para piorar, seu personagem inala um gás estranho e, a partir daí, começa um show de horrores, com você circulando por locais saídos do seu pior pesadelo, em percursos recheados de armadilhas, inimigos e criaturas pertubadoras.

Como no jogo original, Rush of Blood usa e abusa de jump scares, os famosos “sustinhos”. Isso é legal no começo (e também quando você assiste a uma pessoa medrosa jogando), mas no geral acabam sendo uma experiência negativa pela repetição, com você ficando sempre na expectativa pelo susto, ao invés de ser pego de surpresa.

Outra ideia trazida do jogo original é o efeito borboleta, referenciado em Rush of Blood de um modo criativo. Em Until Dawn, o efeito borboleta era ativado quando uma decisão tomada levava sua história por um rumo diferente, alterando cenas e até mesmo quem sobrevivia durante os capítulos. Em Rush of Blood, isso é reproduzido por bifurcações e desvios nos percursos que te levam a localidades diferentes dentro de uma mesma fase.

O jogo é dividido em sete fases, te levando a localidades variadas além do parque, incluindo montanhas nevadas e cavernas. Conforme você avança, o nível de bizarrice vai aumentando e as coisas vão ficando cada vez mais macabras e surreais (a última fase é totalmente insana). Cada uma termina em uma luta contra algum “chefão”. Ao final, você recebe uma nota, baseada em sua pontaria, quantidade de baixas múltiplas e pontuação. A pontuação, por sua vez, é computada de acordo como que você destrói ou mata no cenário, sendo incrementada por multiplicadores conforme você mantém um ritmo de destruição constante.

A campanha leva poucas horas para ser concluída, porém, o fator replay é alto. Os desvios e bifurcações existentes pelas fases alteram o caminho percorrido, deixando muita coisa de fora caso você jogue apenas uma vez. Existem também vários colecionáveis e segredos espalhados nos cenários. Além disso, o jogo oferece diferentes níveis de dificuldade, bem como um quadro de líderes local e online. Tudo isso serve como um convite a se revisitar cada fase várias vezes. É um bom conteúdo que vai demorar a te deixar enjoado.

Por falar em enjoos, Rush of Blood foi uma ótima experiência em realidade virtual; para mim, a melhor até agora. Mesmo se passando totalmente dentro de um carrinho em movimento, em nenhum momento sofri com enjoos e os outros efeitos de cinetose, até mesmo em trechos com muitas curvas. Desconheço, no entanto, o porquê disso.

A parte gráfica está muito boa, com cenários detalhados, alguns coloridos, outros sombrios, e uma ótima iluminação. A resposta dos controles é boa na maior parte do tempo, mas exige uma recalibrada no par de PS Moves de vez em quando. O áudio também faz bonito, com músicas típicas de parque de diversões mescladas por tons macabros e efeitos sonoros que contribuem para um clima opressivo (a fase dos porcos é horripilante). O áudio 3D é bem utilizado, principalmente para te assustar.

Para minha surpresa, o jogo se encontra dublado e legendado em PT-BR, com uma localização muito boa, principalmente no modo de falar e nos comentários sarcásticos do “anfitrião” do parque. Apesar disso, infelizmente, Rush of Blood se encontra disponível apenas na store americana, um empecilho que teremos que aguentar até que o aparelho de realidade virtual da Sony seja oficialmente lançado em terras tupiniquins.

Veredito

De todas as experiências em Realidade Virtual que pude vivenciar até agora, Until Dawn: Rush of Blood foi a que mais me divertiu e a que eu consegui aguentar por mais tempo sem me sentir cansado ou enjoado. Este derivado de Until Dawn traz um jogo voltado para a ação, sendo melhor aproveitado com um par de PS Move para que você sinta como se realmente estivesse com uma arma em cada mão. Cada fase traz referências ao jogo original e vão aumentando no nível de bizarrice. Esteja preparado para vários sustinhos e depois convide aquele seu amigo medroso e se divirta com as reações dele.

Jogo analisado com código adquirido pelo redator.

Veredito

85

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