Root Letter

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Root Letter é um jogo desenvolvido pela Kadokawa Games e distribuído pela PQube no Ocidente, lançado para o PlayStation 4 e PlayStation Vita. É o primeiro jogo da gigante japonesa na série ‘Kadokawa Game Mystery’, visual novels com um orçamento e apresentações incríveis.

Root Letter acompanha a história de Max, o protagonista, que após quinze anos, decide reler as cartas de sua amiga de correspondência e relembrar o que passaram durante o final de seus colegiais. Ao descobrir uma misteriosa 11ª carta em que Aya Fumino, sua correspondente, admite ter cometido um assassinato e falar que irá pagar pelo que fez, Max resolve ir até à cidade de Aya e desvendar o mistério depois de todo esse tempo.

Situada em Shimane, uma cidade real localizada no Japão, caberá ao protagonista descobrir o paradeiro de Aya e questionar os sete amigos de colegial da garota para juntar as peças do assassinato e revelar o que aconteceu de verdade. Max acabará percebendo que certos acontecimentos preferem ser enterrados no passado.

O gênero de Root Letter, sendo uma visual novel, contém toda uma narrativa apresentada por texto e arte. Apesar de ser uma visual novel, a jogabilidade se assemelha muito aos jogos da série “Ace Attorney”, de forma que o jogador irá explorar cenários diferentes, questionar pessoas e apresentar provas para juntar os pedaços do quebra-cabeça que é a história.

Você poderá se deslocar pela cidade, fazer perguntas para outros personagens, checar pontos específicos dos cenários para colher provas, apresentar os itens obtidos durante o jogo para abordar o assunto desejado, pensar o que fazer em seguida, consultar seu guia de bolso para obter informações sobre as diversas localidades de Shimane e até mesmo usar seu smartphone para salvar o seu progresso.

Um ponto particular do jogo, e talvez um dos poucos pontos negativos que chegam a incomodar durante a história, é a “intensidade” de Max em relação a questionar as pessoas envolvidas no mistério. Os próprios personagens chegam a ameaçar o protagonista de reportá-lo à polícia por assédio, uma vez que ele chega a passar do ponto em vários momentos para descobrir a história de Aya.

Outro ponto que também considero um tanto negativo é a edição por trás da tradução do jogo. Em se tratando de jogos de outras línguas sendo traduzidos, via de regra isso é feito de uma forma literal e depois adicionado “estilo” ao diálogo dos personagens, assim criando a caracterização. A tradução de Root Letter é bem direta e literal, o que não chega a estar errado, mas se perde muito da narrativa sem que a diálogo e os personagens sejam caracterizados devidamente.

A arte do jogo foi feita por “Mino Taro”, responsável pelos personagens da série de jogos Love Plus e, mais recentemente, do jogo de PlayStation 4 e Vita, Exist Archive. Esta é uma prova de que o jogo realmente possui valores de produção altos, já que o trabalho do artista é um dos mais reconhecidos e celebrados dentre os jogos japoneses.

Os cenários em que a história se desenvolve também não ficam para trás e chegam a ser deslumbrantes, sendo impressionante o fato de que todos os locais e cenários foram baseados em locais reais da cidade de Shimane no Japão, de forma que até a desenvolvedora pôde contar com o apoio da prefeitura para a pesquisa e produção desses pontos da narrativa.

A trilha sonora também conta com certo valor de produção alto, porém, certas músicas chegam a ser repetitivas, já que a história pode ficar um bom tempo num mesmo local, sem que haja a troca de faixas. O jogo é inteiramente dublado em japonês e o elenco fez um ótimo trabalho em dar emoção ao diálogo dos personagens.

Existem dez capítulos e cinco finais, totalizando cerca de vinte horas de jogo, o que não chega a ser bastante para o gênero, mas senti que foi o suficiente para contar a história sem que tome atalhos ou demore demais em certas cenas. Um dos pontos mais divertidos é que os finais são completamente diferentes entre si, dando cada um seu desfecho único e juntando todos os pontos soltos da história.

Root Letter acaba sendo uma boa pedida para aqueles que não gostam de visual novels que contam apenas com texto, para fãs de histórias de mistério, ou mesmo para jogadores que esperavam até hoje uma experiência como “Ace Attorney” nas plataformas PlayStation. O único aviso que chega a ser relevante, para quem desconhece o gênero, é que o jogo é decididamente “japonês”, desde sua arte até sua escrita.

Veredito

Root Letter estreia uma série de jogos com o pé direito, acertando no tom e criando uma história engajante. Caso a desenvolvedora aprenda com os erros, existe um grande potencial de se estabelecer uma grande franquia no futuro.

Jogo analisado com código fornecido pela PQube.

Veredito

80

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