[PSN] Touhou: Scarlet Curiosity

Touhou: Scarlet Curiosity é um RPG de ação desenvolvido pela Ankake Supa para o PlayStation 4, baseado no universo “Touhou”, grande fenômeno no Japão que tem sua origem em jogos shoot-em-up/bullet hell e que ganharam o Oriente, resultando em vários spin-off, figuras e todo tipo de faceta multimídia.

Traduzido e publicado pela XSEED Games no Ocidente, Touhou: Scarlet Curiosity conta a história de duas personagens, Remilia e Sakuya. Começando por este ponto, a história é o maior crime dentre os cometidos pelo jogo.

Aparentemente, o local onde se passa a história está sendo atacado por criaturas desconhecidas, assim cabendo às duas protagonistas a missão de desvendar o mistério e acabar de uma vez por todas com os ataques. Cada uma possui sua motivação para tal, se é que pode se chamar de motivação.

No caso da Remilia, uma vampira muito forte, a sua motivação é… acabar com a raça de qualquer personagem que apareça na sua frente. Toda vez que aparece um personagem diferente, o diálogo se resume em “Será que você é a responsável por trás dos ataques? Bom, só há uma maneira de saber, e na pior das hipóteses, posso me exercitar um pouco.”

Chega um ponto em que a história passa a ser ofensiva de tão ruim. Segurar o botão para pular o diálogo se torna a única maneira de se aturar o jogo caso você queira chegar até o final, mas não pense que este é o único problema que irá encontrar.

A jogabilidade é parte RPG de ação, parte plataforma. A parte RPG de ação é, de todo jogo, o único ponto que ainda se salva, apesar de se tornar um “button masher” que não exige qualquer estratégia, mesmo com habilidades especiais. Os inimigos não se destacam do cenário, muitas vezes sendo quase da mesma cor, o que faz com que o jogador tenha de prestar muita atenção onde anda e se algum inimigo não está camuflado. Não é algo intencional e sim falta de atenção no desenvolvimento.

A parte plataforma… vai de medíocre para extremamente irritante perto do final. No começo, você pula e explora as fases, mas para o final existem fases que exigem uma precisão do jogador que o próprio jogo não oferece. O pulo não é preciso e é fácil “escorregar” para dentro da água ou fogo.

Para o final, acharam necessário adicionar lâminas e plataformas que se movem, só piorando toda a situação. A impressão é de que lembraram que o jogo também é “parte plataforma” durante o desenvolvimento e criaram fases completamente artificiais focadas nesse aspecto. Para piorar, jogam uma quantidade indiscriminada de inimigos durante as plataformas, sem contar que a duração entre as fases é completamente inconsistente, com algumas durando tempo até demais.

A criatividade para o jogo também é limitada. Só existem fadas, sapos e plantas como inimigos. A arte parece amadora na maioria das vezes, assim como o design dos mapas. A trilha sonora consegue ser boa, mas passa a ser repetitiva da metade para o final. Não existe dublagem e apenas legendas em inglês.

Aliás, apesar do jogo conter tão pouco texto (o que chega a ser um alívio, visto que a história é sofrível), ele possui um número alto de erros. A impressão é de que foi traduzido com pressa e ninguém leu depois de pronto, já que são erros facilmente encontrados e tão constantes que chegam a distrair, tornando difícil levar a sério a história já ruim.

No final, eu fiquei aliviado de que havia terminado o jogo. A história, a jogabilidade, a arte, os gráficos, nada consegue se salvar. O jogo começa com uma promessa de diversão e termina como mais uma tarefa irritante que consegui encerrar e cortar da lista. Existem jogos do gênero muito melhores do que Touhou: Scarlet Curiosity, e ainda que já tenha jogado todos os outros, é melhor esquecer que este jogo foi lançado e esperar por algo melhor. Pelo menos sua imagem de abertura é bonita.

Jogo analisado com código fornecido pela XSEED Games.