Nascida há seis anos no PSP, a franquia God Eater aos poucos vai se consolidando como uma das melhores séries dos jogos de caça, sub-gênero dos RPGs de Ação. Do seu primeiro jogo, Gods Eater, ao seu remake, God Eater: Resurrection, fica claro que a fórmula básica do jogo já era bastante refinada desde o começo. God Eater 2: Rage Burst, mais recente lançamento da série, sabe aproveitar isso.
Desenvolvido pela Shift e publicado pela Bandai Namco Entertaiment, God Eater 2: Rage Burst, lançado em 2015 no Japão, é uma versão melhorada do God Eater 2 original, lançado para PSP e PS Vita no Japão em 2013, acrescentando mais algumas dezenas de missões e aprimorando a performance do jogo. Isso acaba rendendo algumas limitações gráficas, como mapas curtos e ambientes pouco detalhados, cujo foco é, principalmente, nos detalhes das armas e nos monstros.
Essa provavelmente é a única reclamação que pode ser dirigida a GE2:RB. O jogo não reinventa a roda ou faz alterações radicais à fórmula do gênero que deveria inspirar outros jogos a seguir. É uma experiência bem segura, que se importa mais entregar ao jogador um bom e refinado jogo, o que funciona perfeitamente ao seu favor.
God Eater 2: Rage Burst é um jogo que sabe balancear as melhorias que precisava fazer para manter os fãs da série engajados, somado aos desafios de tornar um jogo que se encaixa num nicho muito específico acessível para novos jogadores. Por mais que o 2 do título possa assustar alguns, GE2:RB apenas menciona os eventos e personagens do jogo anterior, sem, em momento algum, alienar aqueles que não conheçam os personagens.
O foco principal aqui é a unidade Blood, afiliada ao Far East Branch, do qual os personagens do primeiro fazem parte. Esta é uma organização cujo objetivo é manter a humanidade a salvo de criaturas gigantescas chamadas de Aragami (o termo japonês para “deus violento”). Tudo se passando num Japão pós-apocaliptico. A unidade Blood é um grupo único, capaz de usar as recém-descobertas Blood Arts, principal novidade do jogo, que são habilidades muito poderosas capazes de alterar o rumo das batalhas.
GE2:RB traz aquilo que se espera de uma sequência, elevando a franquia a um novo patamar: além das Blood Arts, o jogo acrescenta novos monstros, novas armas (algumas que não estavam em Gods Eater, mas que estão presentes em God Eater: Resurrection), uma maior variedade de missões (incluindo específicas para os personagens), novas possibilidades de customização do avatar do jogador, além da possibilidade de aumentar a força dos ataques de cada arma com o uso constante delas e novos tipos de balas, chamadas de Blood Bullets.
As batalhas continuam sendo o ponto forte do jogo. Os controles funcionam muito bem, a movimentação dos personagens e a troca entre os modos da arma (há tanto um modo melee e um modo de arma de fogo) é fluida, e a variedade de opções de ataque e habilidades realmente dão ao combate de GE2:RB um brilho especial. É possível jogar a maior parte do jogo com os equipamentos que mais se adaptam ao seu estilo ou se moldar às fraquezas elementais dos Aragami. Poder jogar tanto com inimigos controlados pela IA (uma das melhores que existem por aí, realmente auxiliando bastante o jogador) ou com outros jogadores online (na maior parte das vezes sem lag e com facilidade de achar partidas) é outro ponto positivo.
A história não é nada muito complexa, mas é leve e dramática nos pontos certos, justificando bem o desenrolar do jogo. Os personagens são carismáticos e o acréscimo das missões individuais adiciona ainda mais profundidade a eles, caracterização que é enriquecida pelo bom trabalho que a dublagem do jogo em inglês faz.
O jogo não comunica muito bem algumas coisas, principalmente o modo como o crafting funciona ou as fraquezas dos Aragami. Por sorte, a database disponível para o jogador é enorme, bem explicativa e sua principal aliada, explicando bem sobre como explorar as fraquezas dos inimigos. Passado esse ponto, o jogo tem uma maneira muito única de envolver o jogador e há um senso de progressão fantástico, fazendo com que nos níveis mais avançados você realmente se sinta um God Eater poderoso e capaz de enfrentar ameaças cada vez maiores.
God Eater 2: Rage Burst não é um jogo lindo ou que vá receber prêmios pelo seu visual, mas é agradável de se olhar (as arenas em específico nos lembram de que o jogo foi lançado originalmente para PSP) e possui uma performance exatamente onde se esperaria. O jogo roda perfeitamente a 30 frames por segundo e a habilidade de travar a mira nos inimigos facilita bastante, já que a câmera acaba se perdendo nas batalhas com vários inimigos se movendo pela tela. O único problema nesse aspecto é o quanto alguns loadings antes do começo das missões dura, mas nada extremamente longo (alguns chegando a beirar os 30, 40 segundos).
Por fim, a quantidade de conteúdo do jogo mantém a tradição da série de demandar bastante tempo para que se veja tudo, mas permitindo ao jogador experimentar sessões de jogo rápidas. A colossal quantidade de missões supera, facilmente, as 100 horas (a história principal deve girar em torno das 30-40 horas), entre missões normais, especiais, difíceis, missões “Rage Burst” e missões de personagem.
God Eater 2: Rage Burst é mais um ótimo jogo para o Vita e cujo sub-gênero e estilo é especialmente querido por este redator. Há muito que se gostar aqui para os fãs de jogos de caça e uma acessibilidade para quem se interessa pelo gênero, mas ainda não teve a oportunidade de experimentá-lo. Se não fosse o bastante, há ainda uma quantidade de conteúdo de se perder de vista.
Veredito
Se God Eater: Resurrection era um ótimo aperitivo, God Eater 2: Rage Burst entrega um prato principal robusto e muito refinado. Um jogo fantástico, com bastante conteúdo e que, apesar de não inovar, entrega uma experiência deliciosa.
Jogo analisado com código fornecido pela Bandai Namco.
Veredito
If God Eater: Resurrection was a good snack, God Eater 2: Rage Burst delivers a robust and refined full course meal. It’s a fantastic game, with tons of content and that, even if it doesn’t bring anything new, delivers a delicious experience.
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