Ar nosurge Plus: Ode to an Unborn Star

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Ar nosurge Plus: Ode to an Unborn Star é o lançamento da versão de Vita do jogo de PS3 Ar nosurge: Ode to an Unborn Star, lançado no Ocidente em Setembro do ano passado. Esta versão de Vita vem com conteúdo adicional, como novas roupas para os personagens, acesso ao touchscreen durante algumas partes do jogo e todo o conteúdo DLC pago da versão de PS3.

Desenvolvido pela Gust, desenvolvedora japonesa responsável pelos jogos da série Atelier (Atelier Totori, Atelier Ayesha, entre outros) e Ar Tonelico, Ar nosurge é uma sequência direta de outro jogo, Ciel nosurge, que nunca foi traduzido e lançado no Ocidente. Apesar disso, Ar nosurge explica o contexto e a história dos personagens de uma maneira fluída, mesmo que de início os personagens falem de fatos ocorridos que você não conheça. Para aqueles realmente interessados na história do jogo anterior, que não gosta de ter experiências pela “metade”, existem alguns guias na internet que relatam toda a história de Ciel nosurge, assim te deixando para começar a sua sequência totalmente preparado.

A história começa 5000 anos depois do final de Ciel nosurge, com os personagens principais acordando depois de passarem todo esse tempo em um sono profundo, esperando a oportunidade para conseguir um novo mundo. Antes desses 5000 anos, os personagens se depararam com a destruição de seu planeta, Ra Ciela, que estava sofrendo constantes ataques do sol, por conta da entrada de duas garotas que não pertenciam ao seu mundo, criando uma disparidade entre as dimensões e o planeta sofrendo as consequências.

Desta forma, o planeta foi sacrificado e, com a energia extraída, todos foram levados para uma nave em busca de um novo mundo para habitarem. Como a antiga Imperatriz havia desaparecido logo após entrarem na nave e descobrirem que ela reapareceria 5000 anos depois, o grupo entra nesse sono profundo para despertar no futuro, na esperança de reencontrá-la e talvez reaver um planeta para o seu povo.

Durante o jogo, você controla dois pares de personagens. O primeiro par é formado por Cass e Delta, dois amigos de infância que lutam ao lado dos humanos contra os Sharls, entidades espirituais que coabitam a nave e que buscam o melhoramento das almas dos humanos ao raptá-los. Ion e Earthes formam a segunda dupla, sendo Ion a antiga Imperatriz, vinda de outro mundo para que pudessem explorar o seu poder único, que ressurge 5000 anos depois, e Earthes seu companheiro, responsável pelo reaparecimento de Ion.

A história do jogo é bem complexa, até acima dos padrões que se encontram em outros RPGs japoneses. Entretanto, talvez por isso ela também seja mais satisfatória, já que com várias reviravoltas na história e sem a linha clara entre o certo e o errado, os personagens se deparam constantemente com dilemas sobre o rumo a tomar em busca do melhor para todos. A jornada é o grande forte do jogo, o crescimento pessoal dos personagens e as adversidades que precisam superar para prosseguir em um novo mundo para chamar de seu. O jogo possui dual-audio, então você pode ouvir a dublagem da história em inglês ou japonês.

As batalhas são algo que você provavelmente nunca viu em outros jogos, um sistema quase inédito. Em Ar nosurge, você controla os pares de personagens, um par por vez, e vai trocando entre eles de acordo com o progresso da história. Cada par tem um personagem lutando e outro “cantando” como apoio, canções estas conhecidas como “song magic”, que poucos personagens conseguem usar e que tem poderes de criação e destruição incríveis.

Você utiliza os quatro botões padrões para atacar, e enfrenta numa única batalha todos os inimigos daquele mapa, um grupo atrás do outro. Ao destruir os inimigos de cada grupo, você vai carregando sua “song magic”, com uma porcentagem sendo mostrada no canto superior da tela, junto da barra que disponibiliza os grupos de inimigos restantes que ainda precisa derrotar. Ao chegar a 100%, você pode então desferir o ataque final da sua canção, destruindo todos os grupos restantes naquele mapa, possibilitando que explore a região livremente, sem precisar lidar com inimigos constantemente. Esta é uma explicação breve do sistema de batalhas, que é muito mais profundo e conta com outros dispositivos que ajudam nos combates.

Os gráficos do jogo são muito bem definidos, algo que se espera de um jogo de PS3 que foi então lançado para o Vita. No entanto, junto com os gráficos definidos também vêm problemas de performance. A Gust já lançou outros jogos de PS3 para o Vita no passado sem sacrificar muito os gráficos, porém todos eles vieram com problemas de performance, e Ar nosurge Plus não é uma exceção. Talvez de todos, este é o que mais sofre de queda do framerate e slowdowns durante o jogo, principalmente nas batalhas e nas cenas de ação. Para um RPG de turno, mesmo durante a exploração dos mapas, isso pode não incomodar alguns jogadores, porém, é um problema sério que acaba atrapalhando o que poderia ser um dos melhores RPGs da plataforma.

Por ser um jogo com um enfoque bem grande em “canções”, a trilha sonora é fantástica. As músicas de fundo que tocam durante as batalhas, as cenas e a exploração são refinadas e muito bem instrumentalizadas. O destaque, porém, fica para as “song magics” cantadas durante as cenas-chave da história, todas interpretadas por cantoras japonesas que trazem emoção à história. Parte das canções são interpretadas na língua nativa do jogo, criada por seu diretor, todo um alfabeto exclusivo usado nos jogos da série “Ar Tonelico”, do qual este faz parte. De fato, ao terminar Ar nosurge, é grande a vontade de pesquisar e ficar ouvindo as canções para relembrar partes do jogo.

Além da história e dos combates, o jogo também tem um grande foco em interação entre os personagens da trama. Controlando um dos personagens das duplas, você poderá acessar a mente e a intimidade do outro, chamado de “genometrics”, conhecendo os seus maiores medos e suas maiores ânsias para o futuro, além de ir destravando as mentes de outros personagens da trama e conhecendo a sua intimidade. Você também poderá participar de rituais de purificação com seus pares, conversando sobre diversos tópicos, desde o clima nas regiões até seus planos para o futuro. Como se não bastasse, também poderá usar o sistema de “synthesis” para desenvolver itens novos, bem como conversar entre si para desenvolver receitas para outros itens.

Este é um ponto que pode desestimular até os jogadores mais fervorosos do gênero: o jogo tem muito diálogo. Muito. É assustador pensar como tanto texto foi traduzido para um jogo destes. Você pode passar horas e horas só lendo o diálogo do “genometrics” de um único personagem, o que dirá então se contar o “synthesis”, os rituais de purificação, sem mesmo mencionar o diálogo que você já vai se deparar durante a história do jogo. Claro, este diálogo mencionado anteriormente é todo opcional, você pode pular se quiser e não vai perder parte da história, mas como ele serve muitas vezes para criar um ambiente para demonstrar a relação entre os personagens do jogo, é difícil dizer que pular essa parte não vai atrapalhar a construção de todo o mundo que o jogo cria.

Ao final do jogo, depois de 45 horas até terminar toda a história e conseguir a platina, devo dizer que Ar nosurge é uma jornada e tanto. A última vez que embarquei numa aventura que me deixou tão realizado foi quando joguei Persona 4 Golden há alguns anos, o que é um elogio e tanto para aqueles que já conhecem o jogo e a sua fama. É uma pena que a história não foi reduzida em alguns pontos opcionais, evitando que seja prolixo no seu desenvolvimento, e que a versão de Vita tenha problemas de performance tão gritantes como os que presenciei. Caso contrário, teria uma grande dificuldade em não dar a nota máxima para o jogo.

Veredito

Ar nosurge Plus: Ode to an Unborn Star é uma aventura inesquecível. Um dos melhores jogos de Playstation Vita, que não chega no seu ápice por problemas de performance e por pecar no excesso de desenvolvimento dos seus personagens, mas que continua sendo uma indicação muito fácil para qualquer fã do gênero ou mesmo para aqueles que procuram uma história única e brilhante.

Jogo analisado com código fornecido pela Koei Tecmo America.

Veredito

85

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