Mortal Kombat X

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Mortal Kombat X possui uma tarefa difícil. Além de evoluir ainda mais o que o seu antecessor ofereceu, ele têm a difícil missão de ser um dos primeiros jogos de luta da nova geração. E, surpreendendo a todos, a NetherRealm Studios conseguiu se superar e temos mais uma vez um excelente jogo em nossas mãos.

Para entender melhor o conteúdo e seus pontos negativos e positivos, é preciso ir por partes. Um jogo de luta pode ter diversos modos, mas nada disso será empolgante se o gameplay não ajudar. Por isso, vamos começar por ele.

Se colocarmos o Mortal Kombat anterior, Injustice: Gods Among Us e mais alguns elementos no liquidificador, teremos o gameplay de Mortal Kombat X. Ou seja, tudo que você viu no jogo anterior retorna aqui: os quatro botões de ataque mais o de defesa, três níveis para a barra de especial, sendo que os golpes especiais podem ser melhorados ao usar uma, ou gastar duas para dar o breaker (impedir que combos do adversário prossigam em você) ou ainda, usar o movimento X-Ray, que gasta tudo e causa um dano considerável no inimigo. Os combos continuam sendo feitos a partir de uma mistura de combinações pré-definidas de botões dos personagens. E, claro, temos os Fatalities, marca característica da série.

Em relação a Injustice, temos o seu gameplay mais dinâmico (gosto de comparar que MK9 está para MK2 enquanto que MKX está para UMK3). A defesa continua sendo por um botão aqui, mas temos o Block Breaker que seria semelhante ao que existe em Injustice: se o oponente está atacando enquanto você defende, você pode afastá-lo gastando duas barras e apertando o botão de Flip Stance (o que faz virar de lado e sempre foi considerado inútil). Mas aqui o oponente cairá no chão – em Injustice ele só era afastado. Os objetos que podem ser interagidos no cenário também são um elemento sugado dos personagens da DC.

De elementos únicos temos a corrida, que é ativada segurando defesa após um dash. Com ela, veio a barra de stamina, que é recarregada automaticamente. Ações como breaker e block breaker gastam stamina, assim como a corrida, obviamente. Mas a barra também pode ser gasta de outras maneiras: Scorpion, por exemplo, pode cancelar seu teleport e não ser punido pelo oponente se você gastar uma parte da barra nesse processo.

O gameplay de Mortal Kombat X tende a agradar todos os usuários: ele mantém a essência do seu antecessor, acelera um pouco o processo e oferece novidades o suficiente para ter a cara de um jogo novo.

Além do gameplay, um elemento importantíssimo no jogo de luta são os personagens. MKX possui um elenco variado e deve oferecer pelo menos um ou outro personagem para os mais exigentes. Temos principalmente inéditos, como Kotal Kahn e D'Vorah, que caem muito bem no universo do jogo. É claro, a ausência de clássicos como Smoke, Noob Saibot, Cyrax, Sektor, Kabal, entre outros, é notável. Mas cedo ou tarde sacríficios teriam que ser feitos e só resta esperar que tais personagens sejam DLC no futuro. Mas órfãos podem encontrar um novo lar: sou um jogador de Smoke em MK9 (inclusive, o personagem sempre foi meu favorito desde MK2) e me encontrei com Scorpion em sua variação "Inferno".

Aliás, variações são outra mecânica importante para o jogo. Todos os personagens possuem três opções ao serem escolhidos na tela de seleção. Essas variações mudam bastante, a ponto de serem considerados três personagens em um. Você não pode mudar a variação na luta; o sistema funciona como se fosse um outro personagem escolhido (lembra de UMK3? Pense em Sub-Zero sem máscara e o clássico com. É parecido – ambos são Sub-Zero, mas diferentes em seus golpes, mas claro que em MKX o personagem, considerando a história, continua o mesmo). Por exemplo, Scorpion possui a variação Inferno, Hellfire e Ninjitsu. Nas três ele possui a sua corrente, teleport e o takedown. Os combos, em sua maioria, estão disponíveis nas três variações. O que muda são os golpes especiais adicionais e combos extras – na Inferno, Scorpion chama seres infernais para atacar e segurar o inimigo. Já na Ninjitsu não há essa opção, mas Scorpion usa espadas, o que por sua vez oferece novos combos.

Mortal Kombat X não possui animalities, babalities ou friendships. Mas temos os brutalities. Ao contrário de sua versão clássica, os brutalities não são ativados com longas sequências de golpes, mas são golpes simples específicos, que precisam ser usados no fim uma luta, como o golpe que termina ela, e com requisitos específicos (como não levar dano por um certo tempo antes do golpe ou estar a uma certa distância). Há vários brutalities para cada um dos personagens.

Outra finalização são os Faction Kills. Ao iniciar o jogo, você escolhe uma facção pela qual representará. Tudo que fizer será convertido em pontuação para o sistema, pois você possui um nível pessoal (de forma semelhante a Injustice) e um nível para a facção, sendo que o limite da facção é de 50. Há desafios que são pedidos para serem feitos pela facção, como dar 7 rasteiras, e que variam com o tempo. Conforme evolui de nível, mais "Faction Kills" são destravadas e podem ser usadas como finalizações nas lutas. Elas são simples e genéricas, mas representam a facção, como uma nuvem de shurikens ou um ninja correndo se você for do clã Lin Kuei.

Isso, finalmente, nos leva aos modos de jogo. Vamos começar pelo modo história.

O modo história possui um sistema similar ao de MK9 e Injustice, ou seja, é contado através de diversas cutscenes que são intercaladas com lutas. O enredo acontece logo depois de MK9 e, considerando que estamos em uma linha do tempo paralela em relação aos jogos lançados no passado, praticamente tudo que acontece aqui é inédito. Então vale a pena assistir, seja fã de longa data ou recente. Haverá um parágrafo mais adiante em que discuto os pontos negativos de forma geral, mas já posso citar um: a história é interessante e nos faz querer ver até o fim. Mas há elementos estranhos e inexplicáveis, como a família Cage ser especial. Enfim, não quero entrar em detalhes por ser spoiler, mas o que quero dizer é que a história é boa e vale a pena ser vista, embora há coisas que aconteçam nela que não descem bem. Sua duração pode ser criticada por alguns (possui cerca de 2h-3h, dependendo do tempo em que você demorar nas lutas), mas acredito ser o ideal.

Ainda considerando o single-player, temos as diversas torres disponíveis. Ou seja, é o clássico modo Arcade, com variações. Além da padrão, temos torres com modificadores nas lutas e, principalmente, as "living towers" – torres que modificam o que oferecem a cada hora ou dia. Há também a "premium", que no momento oferece a possibilidade de jogar com Goro (no futuro, possivelmente será Jason e os outros personagens DLC).

Esses modificadores podem ser usados no modo para dois jogadores local em dois formatos: um no qual você escolhe quais, assim como outros a mais, e o outro em que você se baseia na sua sorte (Test Your Luck). Esse último lembra o mesmo modo existente no antecessor.

Uma das torres é o modo Test Your Might, que também retorna (pressione os botões o quanto puder e com L2 dê o ataque para destruir o objeto). Com ele, praticamente encerramos as opções single-player. Há ainda o modo de treinamento, que está bastante completo e, considerando todas as mecânicas que precisamos masterizar, é um lugar em que você passará um tempo considerável.

O single-player de MKX oferece opções consideráveis para você gastar seu tempo (as torres praticamente infinitas é uma ótima ideia). Porém, admito que sinto falta da torre com os 300 desafios criativos e pré-definidos (e não aleatórios) de MK9.

Algo que também retorna do jogo anterior é a Krypt. Ela continua com o propósito de destravar itens, como roupas e os comandos de Fatalities e Brutalities, além de diversas artworks e músicas. O destravamento é feito com as moedas obtidas em todos os modos de jogo. A Krypt, entretanto, está reformulada em seu layout. Ao invés de uma região aberta com vários túmulos e corpos, agora é uma dungeon com alguns puzzles simples (pegue um item, como o chapéu de Kung Lao ou o bastão de Raiden, para seguir caminho em um lugar que precise dele). E, claro, prepare-se para levar alguns sustos.

O único problema da Krypt é que destravar tudo requer muitas moedas (a ponto dos desenvolvedores oferecem um DLC para destravar tudo). Isso não deveria ser um problema, pois muitos devem jogar o título por muito tempo. Entretanto, o modo online oferece poucas moedas, o que fará você "farmar" por elas nas opções do single, desestimulando jogá-lo de forma "correta".

E, finalmente, entramos no modo online. Adianto: ele é funcional quando você joga com alguém. Não sofri lags enquanto estava na luta contra outra pessoa. Preste atenção no que digo: quando estou jogando. O problema do online está no matchmaking. Ao entrar na sala "Brasil" ou a que for mais próxima disso com brasileiros, você perceberá que tentará jogar com vários até que alguém funcione. Mas quando funcionar, a luta será sem delays e sem frustração.

Além das lutas simples, o modo online conta também com ranked, times de 3×3 ou 5×5 e com o King of the Hill, que retorna com seus pontos de respeito.

Mortal Kombat X possui uma parte técnica impecável, com gráficos lindos rodando a 60 quadros por segundo. O balanceamento do título é outro fator que agrada: apesar de estarmos na primeira semana de seu lançamento, nenhum combo infinito foi descoberto ainda, algo que é comum na maioria dos jogos de luta. Claro que com o tempo alguns personagens se destacarão, mas até isso acontecer poderemos nos divertir com qualquer um sem termos que recorrer a específicos.

Porém, nem tudo são flores. Além de elementos da história que comentei anteriormente e o online matchmaking não ser o ideal, as torres ficam entendiantes após algum tempo, o que limita bastante as opções single-player. Os servidores das facções também não colaboram: vira e mexe você receberá a mensagem de que um erro aconteceu. A exploração por DLCs também é complicada: os quatro personagens já anunciados adicionais já é algo de regra, mas microtransações como os fatalities facilitados (você pode fazer um segurando R2 e mais um botão e assim gastando uma moeda do jogo, que é rara in-game e pode ser adquirida na Store) e as skins pagas poderiam ser evitadas. Outros jogos fazem essa prática, mas precisamos criticar para que isso não se torne cada vez pior.

Mas o pior de tudo é a dublagem e os erros de português na versão brasileira. Você provavelmente já sabe que a dublagem da Cassie Cage pela Pitty está ruim. Os outros personagens possuem vozes adaptadas e boas, porém há erros de tradução. Um exemplo é o que Cassie diz a Scorpion em uma das introduções: "você parece muito sábio", diz Cassie. "A dor pode ensinar", replica Scorpion. De forma bizarra, Cassie responde "não precisa, eu tenho isso", que na verdade seria algo como "I've got this" – "eu cuido disso" ou "deixa comigo". Considerando a conversa, Cassie deveria dizer algo como "não precisa, deixa que eu me viro" ou similar.

Dito isso, se você puder, jogue em inglês. As vozes em inglês são o resultado de um trabalho de dublagem infinitamente superior. Esperamos que as críticas a essa dublagem brasileira reflita em um melhor investimento nesse serviço, pois é algo que os jogadores desejam, e não a um passo para trás, pensando que está "tudo certo". O Brasil é um dos melhores países no quesito dublagem, e está na hora de mostrar isso nos videogames.

Veredito

Mortal Kombat X é um excelente jogo de luta. Possui modos single-player sólidos, mas que infelizmente se tornam enjoativos e repetitivos com o tempo. Graças ao seu gameplay extremamente atrativo, o multiplayer é mais forte do que nunca. O online é tão bom quanto, mas poderia oferecer um matchmaking melhor. E jogue em inglês, se puder.

Jogo analisado com cópia digital adquirida na PS Store americana pelo redator.

Veredito

90

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