Yaiba: Ninja Gaiden Z

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O herói Ryu Hayabusa já dá as caras como protagonista da série Ninja Gaiden desde o final dos anos 80, com a trilogia original do NES. Apesar do papel de mocinho já há muito estabelecido, Ryu se torna o antagonista em Yaiba: Ninja Gaiden Z e logo na primeira cutscene mata o personagem principal.

Isso mesmo, o protagonista Yaiba Kamikaze morre nos primeiros trinta segundos de jogo, é ressucitado como um ciborgue e jura vingança ao seu assassino – que coincidentemente está em uma cidade infestada de zumbis. Essa loucura toda se encaixa e Yaiba acaba fazendo sentido dentro de seu próprio mundo, que é uma mistura de tantas figuras diferentes. Sem dúvidas, é uma proposta diferente da dos outros Ninja Gaiden – logo a classificação do jogo como um “spin-off” e não um título principal da franquia.

Assim como com sua história, o game também apresenta todas as suas cartas em termos de jogabilidade e visual logo no começo. Não bastando a cutscene extremamente estilizada da morte de Yaiba, os primeiros cenários do jogo são cheios de movimento, cores vibrantes e carisma. O mesmo pode ser dito dos inimigos, que vão desde zumbis “clássicos”, como os típicos cadáveres mais fracos e palhaços mortos-vivos, até soldados e noivas zumbis. São personagens divertidos e roubam a cena na hora das cutscenes, dando um show mais atraente do que o do próprio protagonista, cujo desejo de vingança não trás lá muita personalidade.

E então, assim que o jogador digere toda essa beleza da apresentação, as coisas começam a dar errado. Fica claro que o objetivo da experiência era ser mais cinematográfica, mas muito se perdeu no processo: A câmera é travada e acaba focando nos lugares errados, nas horas erradas, fazendo com que o jogador perca muita liberdade e em alguns casos se frustre, seja por não conseguir controlar corretamente o ninja, seja por ser atingido por um inimigo que não estava sendo mostrado na tela. A navegação é confusa e pouco livre, sem liberdade de exploração e com restrições de quando e onde você pode pular, se balançar por aí com sua corrente e quebrar as paredes. É ótimo de se ver, mas ruim de se controlar.

A base da jogabilidade é sólida. Com o quadrado se usa a espada, que é mais focada em ataques de menor área e curta distância; o triângulo usa o braço mecânico, que varia sua área de ataque e pode mais tarde ser usado até para um dash em alta velocidade; e o círculo, que solta a corrente de uma forma parecida com as Blade of Chaos de God of War. Conectar cada uma das armas em um combo é satisfatório, apesar de não ser muito difícil, e resulta em ataques devastadores cheios de efeitos que fazem os olhos brilharem. Um sistema de níveis ainda permite o destravamento de novos combos e o aperfeiçoamento de outras técnicas através de uma skill tree, adicionando uma camada de profundidade ao jogo.

Após atacar o suficiente, é possível finalizar os inimigos e, dependendo de seu tipo, usar alguma parte do seu corpo como arma. A cabeça de um zumbi de fogo vira um lança-chamas, os braços de um palhaço que segura dois facões vira um nunchaku e por aí vai. Ninja Gaiden Z não tenta se levar a sério e cada vez te apresenta algo mais maluco, indo de zumbis bêbados até um robô gigante que se comporta como um cãozinho. O humor não vai agradar a todos, mas sem dúvidas pode tirar umas gargalhadas de qualquer um.

Os problemas do jogo começam quando o jogador percebe que tudo isso visto nos primeiros minutos é, basicamente, o jogo inteiro. Yaiba não é exatamente curto, mas é repetitivo ao ponto de que todo o brilho das partes boas do game não dura mais do que dois níveis. Ele tenta tão desesperadamente gratificar o jogador, mostrando muitos inimigos logo no começo, abusando dos efeitos visuais e tentando ser o mais ridículo possível, que se torna cansativo. Assim que o jogo começou, já destravei dois troféus por alcançar um combo de 100 hits – isso na dificuldade hard. Vale a pena citar também que esses dois troféus foram somados ao terceiro, que eu ganhei por assistir a cutscene inicial.

Conectar movimentos é fácil demais e o seu contador de combo se mantém por tempo demais, fazendo com que você raramente o perca. Enfrentar as infinitas hordas de zumbis não é nada emocionante ou prazeiroso: o jogo te joga essas “tarefas” e combates sem muita utilidade um atrás do outro, e aumenta muito a distância entre as lutas boas e ambientes interessantes. O fato de o protagonista ser um personagem fraco e seus coadjuvantes mais fracos ainda não incentiva o jogador o bastante. É como se não houvesse substância alguma, e o objetivo fosse apenas repetir aquela mesma situação que foi interessante no início, mas já se perdeu três horas depois.
 

Veredito

Yaiba: Ninja Gaiden Z tem uma proposta interessente, belos visuais e uma jogabilidade funcional. No entanto, ao tentar dar ao jogador uma experiência cinematográfica e instantaneamente gratificante, se perde em meio à repetição de seus elementos interessantes e péssimo uso de seus cenários, tanto na parte da história e seus personagens como na própria jogabilidade. O inegável charme que o jogo apresenta em certos momentos não é o bastante para justificar a falta de profundidade do mundo, de seus personagens e do próprio jogo.

Jogo analisado com o código enviado pela Tecmo Koei / fdcomunicação.

Veredito

50

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