Tearaway

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Tearaway é um jogo muito bonito e charmoso. O novo jogo da Media Molecule, criadora da série LittleBigPlanet, tem um visual muito estilizado, parecendo papel, e todo um mundo é criado em torno desse conceito. O jogo também faz uso inteligente das características do Vita, explorando-as com frequência e sem ser irritante, e o conjunto da obra faz Tearaway ser não só um dos melhores jogos do ano, mas um dos melhores jogos do portátil até o momento.
 
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Em Tearaway você controla um mensageiro que deve levar uma carta para o jogador, você, que apareceu em um buraco surgido no Sol. Você pode escolher jogar com iota, o mensageiro masculino, ou atoi, a mensageira, e deve navegar por diversos mundos feitos totalmente de papel para cumprir a sua missão.
 
O personagem é totalmente customizável desde o começo do jogo. Você tem acesso a diversos adesivos, que representam olhos, bocas e até adereços como flores e animais, e pode aplicá-los onde e como quiser em seu personagem. Além dos adesivos já prontos, você tem acesso a folhas de papel colorido e pode cortá-las e montá-las como quiser para aplicar no seu mensageiro.
 
Contudo, essa ferramenta não é tão precisa quanto eu gostaria, pois você corta usando a ponta dos dedos na touchscreen, e muitas vezes você não consegue a forma que quer, e não existe um botão “desfazer” nessa ferramenta. Mesmo assim, as possibilidades são inúmeras e você pode fazer com que o protagonista fique da forma que desejar.
 
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O jogo faz o melhor uso até hoje das características únicas do Vita. Tudo o que o Vita tem a oferecer é usado pelo jogo e de forma inteligente e prazerosa. O principal elemento são as câmeras do console, usadas a todo momento. Como já dito, o jogador “apareceu” em um buraco no Sol, e isso é representado por você mesmo aparecendo no jogo.
 
Sempre que o Sol está em cena você também está, graças à câmera frontal do Vita. Eu admito que achei isso sensacional e fiquei bem feliz na primeira vez que isso aconteceu, já que você realmente se sente parte do jogo nesses momentos. O jogo fala com você, e você pode ver a sua própria reação espelhada no Sol.
 
A câmera traseira também é usada frequentemente para interagir com o mundo do jogo; em vários momentos você pode aplicar texturas em personagens ou partes do cenário a partir de fotos que você tira do mundo ao seu redor, personalizando ainda mais o jogo com objetos do seu dia a dia.
 
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A touchscreen é usada para todo tipo de interação, seja para resolver puzzles ou abrir caminhos no cenário para o personagem poder atravessar. O touch panel (a superfície traseira do Vita) também tem seus bons usos, especialmente em plataformas especiais que permitem que o personagem pule mais alto ou em superfícies que permitem que você as perfure com seus dedos e derrote os inimigos que acertar. O uso de todas essas formas de interação, que poderia ser intrusivo e cansativo, aqui é tão bem feito que parece natural.
 
Há um item no jogo, uma câmera fotográfica, que permite que você tire uma foto a qualquer momento e a salve tanto localmente quanto nos servidores do jogo, para que você possa acessá-las através do site oficial. Todas as imagens dessa análise foram obtidas dessa forma. Você pode utilizar diversos tipos de lentes e filtros com a câmera, similar ao que o Instagram oferece, para alterar a foto natural e deixá-la da forma que você preferir.
 
A câmera também serve para revelar objetos ocultos no jogo, que perderam a cor e se apresentam totalmente brancos, mas que após serem fotografados voltam ao seu estado natural e então podem até superar o confinamento no jogo. Esses objetos “reanimados” são disponibilizados na forma de papercrafts, desenhos com instruções que podem ser impressos e montados no formato de personagens e objetos de cenário do jogo, enfatizando novamente a ideia de um “mundo de papel”. Esses “colecionáveis do mundo real” são mais uma ideia inovadora que fazem com que Tearaway se destaque.
 
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A jogabilidade de Tearaway, além de utilizar as já mencionadas características do Vita, é similar a vários outros jogos de plataforma em 3D. O analógico esquerdo controla o personagem e o direito quase sempre controla a câmera do jogo, e a ela é reservada a minha maior crítica ao jogo. A câmera é bem ruim, pois muitas vezes fica em ângulos estranhos e esconde o personagem ou partes importantes do cenário. Em muitos momentos o jogo desabilita esse controle e fixa a câmera, limitando o ângulo da ação. Esse é um problema antigo de jogos do gênero, e infelizmente ele existe aqui. Também vale ressaltar que sempre que eu jogava por muito tempo eu sentia náuseas, e acredito que isso também seja resultado de uma câmera mal implementada.
 
Além de seções de plataforma, o jogo possui diversos momentos de combate que envolvem os inimigos Scraps, restos descartados de papel e que devem ser enfrentados indiretamente. O protagonista não possui um ataque físico direto, mas pode utilizar elementos do cenário ou até inimigos atordoados para eliminar as ameaças. Há vários tipos de inimigos e cada um deve ser derrotado de forma específica, novamente usando os elementos de interação que o Vita oferece.
 
Visualmente, o jogo possui uma apresentação única. Tudo no jogo é feito de papel, seja na textura ou no formato, e a direção de arte é soberba. É tudo muito bonito e bem feito, e Tearaway tem uma identidade visual única que o diferencia da concorrência. Os personagens são todos “fofinhos”, até mais do que em LittleBigPlanet, e não duvido que o protagonista se tornará mais um mascote das plataformas PlayStation.
 
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A trilha sonora do jogo alterna entre músicas excelentes, que realmente cativam e empolgam, e outras que chegam a ser irritantes e repetitivas; felizmente, essas são minoria e se restringem a poucas fases. Os efeitos sonoros são ótimos, especialmente aqueles que simulam os efeitos de folhas de papel. A jornada do protagonista é contada por dois narradores, um homem e uma mulher, mas as vozes deles são bem chatas, ao contrário do excelente Stephen Fry que narra LittleBigPlanet.
 
Em suma, Tearaway é um belíssimo jogo, com um visual cativante e com jogabilidade que mostra que o Vita tem muito a oferecer, bastando os desenvolvedores se aproveitarem disso. Ele é imperdível para quem possui um Vita, e em muitos aspectos até justifica a sua existência e a compra de um.
 
 

 
Jogo analisado com cópia digital adquirida na PlayStation Store americana.

Veredito

90

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