Persona 4 Golden

Facebook
Twitter
WhatsApp

A Atlus é uma empresa com um lugar especial no coração de muitos gamers. Em meio a Capcoms e DLCs abusivos, Ubisofts e suas DRMs absurdas no PC, Bethesdas e seus jogos cheio de bugs, Activisions e EAs com saturação de franquias, a Atlus é, para muitos, quase uma santa, parecendo existir com um propósito maior que lucrar – satisfazer seus fãs, não importando o tamanho do mercado. Foi assim que recebemos, por exemplo, Demon´s Souls. Odin Sphere. Growlanser. Gungnir, 3D Dot Game Heroes, Stella Deus e Magna Carta. O nome da Atlus, porém, é mais conhecido por sua série Megami Tensei (MegaTen), da qual temos vários jogos e spin-offs, dos quais os mais famosos no ocidente são, certamente, os da sub-série Persona. O mais recente, Persona 4, foi lançado originalmente em 2008 para o PS2, e recebe agora um port com diversas melhorias e acréscimos para o Vita, sob o nome de Persona 4 Golden (P4G) – e é simplesmente fantástico.

P4G é um RPG com duas facetas bem distintas, sendo parte dungeon-crawler e parte simulador social. Se você jogou Persona 3, as mecânicas são praticamente as mesmas, com a construção de Social Links e a exploração das dungeons. Seu personagem principal (Main Character, cujo nome oficial é Yu Narukami, usado em Persona 4 Arena e no anime de Persona 4) é um jovem recém chegado a uma cidade do interior do Japão, onde passará um ano estudando. Ao chegar na cidade, ele ouve rumores sobre um “canal da meia-noite”, que diz existir um canal escondido na televisão, que só pode ser assistido exatamente à meia-noite quando está chovendo. O MC logo descobre que o rumor é verdadeiro e está relacionado com uma série de assassinatos ocorridos dentro da cidade, e consegue entrar no mundo dentro da TV, habitado por perigosas criaturas chamadas Shadows. Encurralado pelos monstros, ele acaba por despertar um poder oculto e recebe uma carta de tarô. Com ela, ele consegue invocar um aspecto de sua personalidade, que se manifesta na forma da Persona Izanagi. O personagem principal e seus amigos resolvem então investigar os assassinatos e o misterioso canal de TV.

O enredo geral de P4G é uma espécie de história de detetive com toques sobrenaturais e de lenda urbana. É um enredo, no mínimo, diferente dos inúmeros clichês que vemos em tantos JRPGs. Não que clichês sejam inexistentes no jogo, mas estes em geral são bem executados e o elenco estelar do jogo ameniza qualquer problema de enredo ou narrativa que o jogo possa ter. O ritmo da história é bom e o jogo tem um número considerável de finais diferentes (possuindo, ainda, um a mais que a versão PS2). A trama é, de forma característica dos MegaTen e seus spin-offs, bastante sombria, mas carrega um tom menos fatalista do que, por exemplo, Nocturne e o próprio Persona 3, sendo bastante agradável de se seguir.

Ao meu ver, entretanto, o que realmente faz P4G brilhar são os momentos menos sobrenaturais, em que você interage com os NPCs para evoluir seus Social Links. Cada Arcana do tarô é simbolizada com um Social Link com alguma NPC ou membro da party principal, e essas pequenas side-stories, mais do que simplesmente aumentar o poder do protagonista, servem para desenvolver o já dito excelente elenco de P4G. Os personagens do jogo são complexos, e descobrir as várias camadas de personalidade e vê-los amadurecer é um dos pontos mais fortes do jogo.

Essa montagem dos Social Links responde pela parte de “simulação social” de P4G. Cada personagem dos S. Links está disponível para conversa em determinados dias, e passar tempo com um deles faz o tempo dentro do jogo progredir. Além de manejar suas amizades, você ainda precisa se preocupar com outros aspectos do seu personagem, como conhecimento, coragem, expressão e outros. Cada um desses atributos influencia sua eficiência em algum tipo de trabalho ou na aquisição de outros S. Links. Como existe muito a fazer e o tempo disponível é limitado, cabe ao jogador organizar esse aspecto do jogo, estabelecendo suas prioridades.

Como dito acima, os S. Links aumentam o poder do protagonista, e isso se dá de três formas. A primeira e mais imediata é fornecendo experiências extra para as Personae obtidas por fusão na Velvet Room. Diferentemente dos outros personagens, o MC não possui uma Persona ou Arcana fixa, tendo ao seu dispor uma vasta gama de opções para usar. Assim, enquanto seus outros personagens acompanham a evolução de suas Personae, o MC acaba com várias Personae de variados níveis e habilidades, sendo de suma importância aumentar os níveis das novas Personae o mais rápido possível. O segundo efeito dos S. Links é que, ao maximizar uma das Arcanas, o protagonista recebe um item que permite a fusão da Persona de mais alto nível daquela Arcana. Por fim, os S. Links com os membros da party fornecem habilidades extras para seus outros personagens, permitindo, por exemplo, que eles curem status negativos em batalha ou adquiram algum golpe poderoso.

Em batalha, P4G segue um sistema de turnos bastante simples de se entender. Cada personagem pode usar um ataque físico ou invocar sua Persona para um golpe especial. Ao atingir um golpe crítico ou explorar uma fraqueza elemental do inimigo, o personagem ganha um turno extra (1 More) imediatamente e o inimigo fica caído. Quando todos os inimigos estiverem caídos, você pode acionar o All-Out Attack, em que os 4 personagens do grupo de batalha atacam simultaneamente todos os inimigos, obtendo grande dano.

Como você também está sujeito à regra do 1 More por parte dos inimigos, a regra geral das batalhas é explorar as fraquezas dos oponentes o mais rápido possível para emendar All-Out Attacks. Existem, claro, nuances – você pode aumentar temporariamente seus atributos ou reduzir o dos oponentes, usar itens, seus aliados podem ativar algum ataque especial, os inimigos podem ter resistência a golpes físicos e mais. O sistema de combate é bem fácil de se entender, e embora P4G seja essencialmente um dungeon crawler – ou seja, seu Level é quase sempre o fator mais determinante do seu sucesso em batalha -, as batalhas são bem estratégicas, em especial quando se trata dos bosses opcionais, como qualqueer um que conheça o gosto da Atlus por “super-bosses” pode atestar.

O Midnight Channel funciona como uma hub para as dungeons do jogo. Cada dungeon possui seus andares criados de forma aleatória (salvo os andares com bosses) e cada uma tem uma estética e tema próprios, mas não espere designs complexos – os caminhos são simples de se seguir e não possuem desníveis, sendo bem diretos. O foco de P4G não é na exploração das dungeons, e sim no grind de levels.

P4G tem um update gráfico bastante discreto em relação à versão de PS2. Mesmo não sendo nenhum esplendor no departamento de imagens, os gráficos cumprem bem seu papel. O jogo roda liso e sem slowdowns, mas os efeitos de fogo e luz, bem como os modelos dos personagens, são bem simples, sendo que alguns personagens terciários (como alguns estudantes, por exemplo) possuem texturas borradas e feias. Isso não é surpresa, já quePersona 4 no PS2 não era nenhum primor gráfico e este é um port remasterizado, não um remake. Não entendam isso como P4G sendo um jogo com gráficos feios, porém – os monstros e Personae, são bem construídos e possuem um design excelente, e as cenas em anime são impecáveis.

Impecável também é o trabalho sonoro do jogo. A OST de P4G é da autoria de Shoji Meguro, compositor de longa data da série MegaTen. JRPGs geralmente usam faixas musicais épicas e muitas vezes usando orquestras inteiras, mas P4G opta por uma trilha focada em J-Pop e um pouco de J-Rock. Pode parecer uma escolha estranha para um RPG, mas dada a ambientação do jogo e o quão focado em cultura japonesa ele é, as músicas caem como uma luva. Claro, existem temas mais tradicionais (como o tema de luta contra os bosses, que você podem conferir mais abaixo), mas em sua grande parte a trilha sonora pe bem única. A dublagem do jogo é excelente, e alguns personagens, como Chie e Teddie, receberam uma nova dublagem para a versão Vita. Senti falta de uma opção bilíngue para áudio japonês, mas a dublagem americana ainda é ótima.

P4G tem bastante conteúdo extra em relação à versão PS2. Existem dois novos S. Links para o protagonista, novos Personae para todos os personagens do grupo, novas cenas em anime e cutscenes, novas localidades, mudanças nos atributos de inimigos e mais. Existe também uma opção de conexão wi-fi quer permite solicitar ajuda de outros jogadores, mas nada muito significativo nesse aspecto. Aliás, por todas as suas adições de conteúdo, P4G pouco utiliza as funções únicas do hardware do Vita, o que pode desanimar alguns.

Talvez por isso Persona 4 Golden não seja o jogo que o Vita precisa – é um port de um jogo de 4 anos atrás, e um que pouco utiliza as funções únicas do portátil da Sony. Independentemente disso, porém, é um jogo fantástico e que merece ser experimentado por todos que procuram uma boa história, bons personagens ou uma mecânica de jogo única. Em minha humilde opinião, o melhor jogo do Vita até o momento.

— Resumo —

+ Ótima história
+ Personagens densos
+ Muito conteúdo extra em relação ao original de PS2
+ OST espetacular

+ Combate divertido
+ Sistema de Social Links

Combate por turnos pode afastar quem espera mais ação
Update gráfico pouco notável

Veredito

95

Fabricante:

Plataforma:

Gênero:

Distribuidora:

Lançamento:

Dublado:

Legendado:

Troféus:

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"][/lightweight-accordion]

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui