F.E.A.R. 3

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Acredito que seja consenso que os FPSs dominam o mercado atualmente – para alegria de uns e infelicidade de outros. De fato, o mercado está tão saturado com jogos em primeira pessoa que, para ganhar algum destaque, o jogo tem que se apresentar algum outro aspecto, para evitar ser apenas mais um em relação aos gigantes Call of Duty e Battlefield. Nesse sentido, F.E.A.R. 3, o terceiro jogo da série de FPS/Horror que conquistou muitos jogadores, é infelizmente decepcionante – ainda que seja um jogo sólido.

F.E.A.R. 3 serve como conclusão para os dois jogos anteriores da série, e tenta fechar o enredo de Alma. O foco do jogo volta novamente para os irmãos do primeiro F.E.A.R., filhos de Alma – Point Man e Paxton Fettel. Depois de matar Fettel, Point Man foi capturado pela Armachan para ser interrogado quanto a Alma. Fettel – agora um fantasma – também deseja encontrar Alma, e liberta Point Man para combinar seus esforços em busca da mãe. Na fuga de sua prisão, os irmãos ficam sabendo sobre a nova gravidez de Alma e o pai das novas crianças (o protagonista de F.E.A.R. 2, Michael Beckett), e saem em busca dele também. A trama acaba sendo, no fim das contas, curta, e progressão truncada acaba fazendo deste um dos pontos mais fracos do jogo.

Um ponto bacana, porém, é a possibilidade de se jogar com Point Man ou Fettel. Dos dois irmãos, Point Man é o mais “tradicional”, tendo ao seu dispor um arsenal de armas variadas e o efeito de bullet time, garantindo maior precisão em seus tiros – nada de muita novidade aqui. Fettel, por outro lado, é um fantasma. No jogo isso significa que ele não pode carregar as armas de Point Man ou usar as armaduras encontradas. Para compensar, Fettel pode disparar energia com as mãos, levitar os inimigos para que Point Man os elimine e, mais importante, possuir os corpos das tropas adversárias. Ao possuir um corpo, Fettel elimina imediatamente o inimigo em questão e passa a ser controlado quase que da mesma forma que Point Man (sem o bullet time), mas existem dois pontos importantes a se ressaltar. Primeiro, Fettel passa a ter “duas” vidas: quando o corpo “morre”, Fettel volta à sua forma espectral, com energia completa – basicamente, o corpo é uma barra de energia a mais. Segundo, embora a maioria dos inimigos seja “comum”, alguns são dotados de corpos maiores e armas mais pesadas, e possuir estes corpos deixa Fettel imensamente poderoso em combate.

Os dois irmãos podem ser controlados em qualquer missão, sem restrição alguma, embora você esteja preso a Point Man se for sua primeira vez e estiver jogando sozinho. F.E.A.R. 3, porém, não foi feito para o Single Player, e é um jogo muito melhor quando jogado de forma cooperativa – online e local com split-screen, para melhorar. Com um parceiro auxiliando, o jogo flui melhor e, é claro, é mais divertido pela presença do segundo jogador. A campanha cooperativa ainda tem um toque de competitividade, na forma dos Challenges. Estes Challenges são desafios que você deve realizar nas fases para ganhar pontos e consequentemente aumentar seu nível mais rapidamente. Eles variam de tarefas mais mundanas como ficar certa quantidade de tempo em cover a alguns verdadeiros desafios, como matar 100 inimigos sem morrer ou resetar checkpoints. É um esquema divertido e que incita o jogador a tentar novas maneiras de jogar, o que é sempre muito bem-vindo.

O Multiplayer, por outro lado, é um tanto decepcionante. O jogo se usa do infame Online Pass, e sem ele, existem apenas 2 modos: Soul King e Contractions. Em Soul King, cada jogador assume o papel de um fantasma e deve possuir o corpo de um inimigo, para então eliminar outros inimigos e ganhar pontos. Já Contractions é uma espécie de “Escalation”, ou se preferir, o modo zumbi de Black Ops. Com o Online Pass, o jogador tem acesso também a outros dois modos. No primeiro, F***ing Run, os jogadores devem avançar enquanto eliminam os inimigos, evitando a “muralha de morte” de Alma. No segundo, Soul Survivor, um dos 4 jogadores é escolhido para ser um espectro, e deve possuir o corpo de um inimigo e caçar os outros jogadores. O Multiplayer como um todo é um tanto fraco – os dois modos Soul são maçantes, e enquanto Contractions seja bem melhor, a pouca variedade de mapas logo o torna cansativo.

A simples menção de Online Pass é suficiente para arrecadar protestos de jogadores, mas F.E.A.R. 3 é até bastante generoso. Nenhum troféu do jogo exige o Online Pass – você pode jogar Online por 2 dias, que é período suficiente para se adquirir o único troféu que necessita do modo Online. Além disso, os dois modos Multiplayer extras do Online Pass não são necessários para troféus, e os dois iniciais podem ser jogados em split-screen sem problemas, garantindo alegria dos caçadores e daqueles que torcem o nariz para o passe.

F.E.A.R. 3 não é um jogo de gráficos excelentes, mas a atmosfera é ótima. Sangue em paredes, corredores escuros, corpos mutilados e aparições de Alma, auxiliados pelos belos efeitos de luz, criam um clima sombrio e opressivo, tal qual se esperaria de um jogo de terror. Infelizmente, essa excelente atmosfera é mal aproveitada, e o jogo acaba por se focar mais na ação que em seus elementos de horror, o que é uma pena – seria um aspecto importante que separaria F.E.A.R. 3 dos outros shooters do mercado, e que faz muita falta para a série. De forma geral, os gráficos são agradáveis, ainda que nada embasbacante. A trilha sonora é apagada, mas as vozes são boas – o grande destaque é sem dúvidas Fettel, em especial sua risada macabra ao possuir os inimigos.

Talvez o grande calcanhar de Aquiles de F.E.A.R. 3 seja a falta do elemento “horror” – algo que, infelizmente para os fãs do gênero, é cada vez mais comum nos games. Comparado aos outros dois jogos da série, F.E.A.R. 3 apresenta menos sustos e aproveita mal a (excelente) atmosfera que cria. A campanha cooperativa é uma faca de dois gumes – enquanto ela torna o jogo muito mais divertido, qualquer aspecto de “horror” que o jogo tenha é bruscamente diminuído pela simples segurança que ter um parceiro fornece.

F.E.A.R. 3 é decepcionante porque o pacote apresentado possuía potencial para ser muito mais. A campanha cooperativa com personagens de jogabilidades diferentes é ótima e a atmosfera do jogo é excelente, mas o jogo é muito curto e os modos Multiplayer são fracos, além do horror estar quase ausente no jogo. F.E.A.R. 3 não é ruim e os fãs de Alma estarão bem servidos, mas dentro de um gênero tão prolífico quanto o dos FPSs, F.E.A.R. 3 pode não encontrar lugar nas prateleiras do restante dos jogadores.

— Resumo —

+ Atmosfera excelente
+ Modo cooperativo bacana
+ Sistema de pontos interessante
+ Online Pass presente, mas desnecessário

Enredo pífio
Multiplayer pouco interessante
Campanha muito curta

Veredito

70

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