X-Blades

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Existem jogos que redefinem gêneros e jogos que evoluem gêneros. Nesse sentido, nenhum outro gênero é tão agraciado quanto os adorados hack’n’slash. Devil May Cry, em 2001, mostrou a transição fiel do que seriam os velhos beat’em’up para o 3D, com ação frenética e combos estilosos. God of War, em 2005, colocou mais inimigos na tela, ação rápida, brutal e com variedade de armas. Bayonetta, 9 meses atrás, pegou tudo isso e levou a um nível além. X-Blades é um jogo que fora inicialmente desenvolvido para PC, pela Gaijin Entertainment, em 2007, mas que só atingiu os consoles de mesa em 2009. Tido como o “primeiro hack’n’slash russo com personagens anime”, XB é, na verdade, carente em vários aspectos essenciais ao estilo, e num mar de jogos similares muito superiores, o jogo russo é apenas medíocre.

 

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Talvez a idade pudesse servir para explicar os gráficos defasados, mas a verdade é que o PS2 possui jogos muito mais bonitos – God of War II é de 2007 também, não esqueçam. A tentativa de XB parece ser a de fornecer gráficos no estilo anime, usando bastante cel-shading, mas o resultado final é muito fraco. Os cenários são extremamente simplórios, limitados e possuem texturas de doer os olhos. Os modelos dos inimigos seguem a mesma linha e são extremamente mal-feitos e mal-animados. Não bastasse o fato de termos uma quantidade pequena de inimigos, muitos deles ainda são meros pallete-swaps (como os Guardians elementais, por exemplo), e alguns inimigos sequer possuem animação de pulo, ficando com um efeito estranho de “correr no ar”. Os efeitos de luz são razoavelmente melhores, mas o fogo, o gelo e todos os outros efeitos especiais são, quando muito, risíveis. Ayumi, sua personagem principal, possui um modelo bem melhor que os inimigos, mas ainda é muito simples – pudera, ela parece desconhecer aquela peça de vestimenta básica chamada “calças” – e possui animações igualmente ruins. O framerate também cai por diversas vezes durante o jogo e chega a travar a ação, embora essas ocasiões sejam mais raras que não.

Musicalmente, XB segue a trilha de mediocridade dos gráficos, ficando a maior parte do tempo com o fundo musical em silêncio. Este silêncio, aliás, deveria ser seguido também pela dublagem, que está entre as piores que o autor já teve o desprazer de escutar em toda a sua existência. A opção multi-língua é bem-vinda, mas nenhuma delas – nenhuma! – possui uma atuação de voz que possa sequer ser chamada de decente. Uma cena do jogo em especial deve ser mencionada, com um “Where’s your Light Magic?” entoado em uma verdadeira afronta aos ouvidos.

 

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Afronta também é o enredo. Não bastasse a atuação fraca dos personagens, a exposição é confusa, e a motivação é absurdamente fútil, ficando no manjadíssimo caçador de tesouros. Os diálogos são ruins e confusos, e a história em geral beira o inaceitável. A cena inicial é cronologicamente confusa e não consegue embasar o enredo. Ayumi é completamente desprovida de carisma e, ainda assim, ofusca em muito Jay, que é praticamente o único outro personagem do jogo. A interação entre ambos é mínima e não há caracterização de ninguém, ao ponto que até mesmo Ninja Gaiden, que tem (de longe) no enredo seu aspecto mais fraco, é muito superior ao visto em XB. O autor ousa dizer que, em se tratando de enredo, o melhor de X-Blades está no manual.

Independentemente do enredo, porém, é a jogabilidade a verdadeira “tortura” de XB. Ayumi é incapaz de se movimentar bem quando em passo lento, e parece derrapar por todo o cenário. Isso, aliado à câmera horrenda, faz com que as partes de “plataforma” e “armadilhas” sejam um suplício. Mais ainda, alguns movimentos têm uma detecção horrível: o pulo duplo só é registrado se você apertar o botão de pulo novamente no ápice do primeiro pulo, e o rolamento pra frente parece ser executado apenas quando o jogo sente vontade. Ayumi também não possui, na maioria das vezes, animações de ter sido atingida, o que faz com que sua barra de energia por vezes decresça e você esteja completamente alheio ao fato.

 

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Em combate, XB segue a linha de DMC, com vários inimigos na tela para você matar com sua combinação de espadas e pistolas. Matando inimigos, você ganha almas, que são usadas para comprar novas magias e habilidades. Não existem outras armas, e os combos são executados de forma muito estranha – segurar o botão de ataque e dar um toque no direcional. Esse sistema de combos novos não funciona e, por todo o jogo, sua melhor aposta é se ater ao combo básico de massacrar quadrado. As magias são muito fracas e muito pouco diferentes entre si – a maioria é um projétil Elemental, diferindo-se apenas no que concerne seus atributos e o fraco efeito especial que acompanha. Os inimigos não possuem táticas (exceto os Phantoms, que tentam aleatoriamente se organizar em grupos de 5 para desferir um ataque mais poderoso), e a maioria simplesmente avança no jogador sem qualquer pretensão.

Frequentemente, você será submetido a ondas infindáveis de inimigos que podem ser mortos apenas com um determinado tipo de ataque. O combate, até então chato, torna-se truncado, lentificado pela necessidade de adquirir Rage para executar as magias. A mira é errática, e não muda automaticamente ao se matar o inimigo travado. Mais ainda, como os inimigos costumam se “organizar” em uma massa disforme ao redor do jogador, você dificilmente consegue mirar no que quer, o que se torna evidente nos chefes. Para completar o pacote, a esquiva só pode ser feita se você estiver travado no inimigo, e na maioria das vezes, simplesmente não funciona. O uso do botão de defesa então se faz necessário, mas este simplesmente inexiste.

O jogo é bem curto, e não deve levar mais que 6 ou 7 horas para ser completado. Completando-se o jogo em qualquer dificuldade, você tem acesso ao modo Pro e duas novas roupas. A dificuldade, porém, é irrisória em qualquer modo, em especial pela capacidade de poder comprar refills de energia e Rage a qualquer momento. Os troféus também não oferecem maiores dificuldades e não estendem em muito a sacrificante jogatina.

 

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Se você espera algo que esteja para DMC como Dante’s Inferno está para God of War, esteja avisado: Dante’s Inferno é um bom jogo. X-Blades é, quando muito, medíocre. O valor do jogo está unicamente na aquisição de troféus – e ainda assim, trata-se de uma recomendação cautelosa.

Veredito

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